Me dê uma noite e um pouco da manhã part 1

5.2K 319 41
                                    

Trazendo alegria pras gays depois de um dia cheio de momentos felizes com a nossa classificação. Aqui é BR, caramba!


*_________________*____________________*

Naiane desceu do carro com pressa, nem se importando com o trabalho mal feito de estacionar na vaga até que larga, e sequer se deu ao trabalho de olhar que horas eram para não se atrasar ainda mais, mesmo que o celular estivesse na sua mão. Aquele era um compromisso importante demais para ela se atrasar. Era difícil até acreditar que ela tinha cometido aquela besteira em primeiro lugar porque ela queria causar uma boa impressão. Ótima, na verdade. O suficiente para aquele café render um segundo, um terceiro, quem sabe um quarto.

Depois que Júlia saiu do seu apartamento na noite anterior, Naiane não havia conseguido dormir. A adrenalina estava correndo pelo seu corpo, um misto de felicidade e nervosismo que deixava quase impossível que ela conseguisse pegar no sono. Então, depois de pegar mais uma taça de vinho para ver se ela relaxava um pouco, Naiane começou a fuçar em suas caixas para tentar achar um de seus cadernos de desenho, que ela havia comentado com a central que existiam.

O problema era que haviam muitas caixas onde ela só tinha jogado as coisas dentro. Ela notou o problema maior quando, dentro de uma caixa escrito 'banheiro', encontrou dois de seus livros por entre as toalhas. Naiane xingou sua falta de paciência para fazer aquela mudança, mas teve a força de vontade de arrumar mais duas caixas antes de desistir. Estava tarde, ela estava cansada e o vinho tinha feito efeito. Ela iria continuar sua busca no dia seguinte.

Acontece que não ficou mais fácil no dia seguinte. As caixas ainda estavam lá, os nomes nas laterais ainda eram os mesmos, e a dificuldade para encontrar qualquer coisa permanecia. Porém, Naiane estava determinada a encontrar ao menos um de seus cadernos, e não somente para mostrar para Júlia, mas também porque a vontade de desenhar havia brotado dentro de si de novo, depois de um tempo adormecida. Seu grito de felicidade quando finalmente encontrou o caderno, perdido no meio de uma caixa com seus exames médicos antigos, foi em dose dupla justamente por aquele motivo.

Tão entretida em encontrar seus desenhos, Naiane nem viu o tempo passar e levou um susto quando pegou o celular. Ela não fazia ideia de quanto tempo iria demorar para chegar no endereço que Júlia havia lhe enviado, e nem banho ela tinha tomado ainda. Largando as últimas caixas sem arrumar para trás, Naiane correu para o banheiro para se arrumar em tempo recorde.

Por isso que Naiane havia verificado três vezes antes de sair do carro para ver se ela não estava deixando o caderno para trás porque ela já estava atrasada o suficiente sem precisar voltar para buscar algo que esqueceu. Já do lado de fora, a levantadora caminhou depressa pela calçada, agradecendo aos céus pelas ruas estarem relativamente vazias. Naiane andava sem olhar para frente já que seus olhos estavam colados na tela do telefone, verificando o endereço pela décima vez em poucos minutos. Seus passos apressados faziam ela atravessar a distância com pouco largos. Ela não queria estar atrasada por nada no mundo, então ela suspirou de alívio quando viu a fachada da cafeteria com uma placa identificando o lugar que seu GPS havia a levado. Ela abriu a porta com cautela, no entanto, tentando ver quem eram as pessoas que estavam por ali.

O local era bonito, as paredes de vidro com algumas plantas que davam para o jardim externo na parte da frente e de trás da cafeteria era realmente muito confortável. Naiane não se lembrava se no tempo em que morou em Belo Horizonte e jogou no Minas, aquele local existia, mas o fato que daquele dia em diante ele seria um de seus preferidos. Decidida a aliviar seu nervosismo, a paraense caminhou até uma mesa lateral na parte de trás do café, optando por ficar de costas para a porta. Qualquer outra pessoa ficaria de frente para ter uma boa visão da pessoa que esperava entrando no local, mas Naiane decidiu que simplesmente ficaria de costas para numa tentativa frustrada aliviar seu nervosismo. A mesa de madeira rústica envernizada que provavelmente foi o tronco de uma árvore um dia era bem confortável e combinava perfeitamente com as trepadeiras, flores e samambaias espalhadas pelo local, que tinha um ambiente com decorações mais naturais que davam a impressão de ser um espaço aberto. Segundos depois que a morena sentou, um garçom veio atendê-la e ela apenas o informou que estava aguardando uma pessoa e com sua chegada faria o pedido. Naiane olhou no relógio percebendo que realmente estava alguns minutos - sendo generosa 15, sendo realista 30 minutos - adiantada, e por esse motivo abriu sua bolsa tirando dali um caderninho de tamanho A5 e uma caneta Nanquim Preta. Antes de abrir o caderno ela até abriu o perfil de Julia no instagram pensando em avisar que já havia chegado, mas ao lembrar que estava muito adiantada se demorou por mais alguns segundos na foto de perfil da loira. A paraense abriu seu caderninho nas últimas páginas quase como se estivesse se escondendo de alguém e começou a traçar algumas linhas na folha. Ela demorou bons minutos ali, extremamente concentrada fazendo o tal desenho.

Laranja - NaJuOnde histórias criam vida. Descubra agora