Não tem nada de errado, pode confiar em mim

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Pra encerrar esse final de semana e, como de praxe, mais um capítulo pra vocês. Aproveitem e deixem comentários para me alimentar.

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Breu e silêncio, foi tudo que a loira encontrou quando entrou no apartamento da namorada. Era pouco mais de 19:00 quando Júlia chegou a casa de Naiane. A paraense havia sido liberada dos treinos da semana após seu pequeno acidente que lhe rendeu uma tipoia no pulso direito, muita dor, e alguns remédios que a deixavam chapada. As luzes dos prédios ao lado iluminavam levemente alguns pontos da casa, o suficiente para que Júlia não se machucasse em seu caminho. Imaginando que a morena provavelmente havia dormido por conta dos remédios para dor, a menor tentou fazer o mínimo de barulho possível deixando seu tênis e sua mochila ao lado dos de Naiane na área de serviço. A central caminhou até o quarto da paraense, constatando seu ponto ao ver a outra com os cabelos espalhados pelo travesseiro, e pegou um moletom antigo de Naiane. Sem demorar muito, seguiu em direção ao banheiro, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Minutos depois, quando Júlia voltou para o quarto, ela acabou se deparando com uma Naiane acordada e olhando para o celular com uma expressão que para alguns seria indecifrável, mas que para Júlia denunciava que algo havia acontecido.

"Que carinha é essa? Muita dor? Posso pegar outro remédio pra você." A mais nova se aproximou da de cabelos escuros, que tentava de toda forma fazer um coque na cabeça usando apenas uma mão.

Júlia se aproximou da namorada, ajudando-a com o processo enquanto esperava uma resposta para sua pergunta. Naiane nada disse, apenas olhou do telefone para Júlia e para o telefone novamente, soltando um suspiro e usando o braço livre para abraçar a cintura da mais nova, que estava em sua frente, em um sinal claro de que queria carinho. A loira deu um beijo no topo da cabeça da levantadora, se abaixando para sentar na cama e puxando-a para encostar em seu corpo com cuidado para não machucar o braço dela. Quando Naiane encostou em seu corpo, a mais nova pôde sentir a outra respirar fundo e já sabia que logo ela falaria algo.

"Sua mãe nunca vai me aceitar," a mais baixa iniciou sua fala com um bico nos lábios e logo uma expressão confusa apareceu no rosto de Júlia.

"Minha mãe?"

Naiane balançou a cabeça positivamente e voltou a falar, " a Rosa."

A mais nova suspirou ouvindo o que a levantadora havia acabado de dizer. Em qualquer outro momento, ela zoaria Naiane, mas a paraense parecia realmente chateada, e Júlia sabia que muito daquilo vinha dos remédios fortes para dor que a mulher estava tomando. Eles acabavam a deixando um pouco grogue, lenta e muito manhosa. Por esse motivo, Júlia buscou os olhos da morena e podia jurar que ela choraria a qualquer momento, o que a fez medir suas palavras e continuar.

"Você sabe que ela não é minha mãe de verdade, né?"

"Sei, mas ela é minha melhor amiga, quase minha irmã. Tudo bem ela ser protetora contigo, mas parece até que eu sou horrível," a mais baixa confessou quase de maneira inaudível, e se Júlia não estivesse tão próxima talvez não teria escutado.

"Oh, meu Deus, que carinha é essa? Ela te disse o que?" Júlia falou com uma voz um pouco mais afetada e Naiane se virou em seu colo, colocando a cabeça em suas coxas se virando para olhá-la melhor enquanto brincava com as pontas do cabelo da mais nova.

"Ela falou pra eu acordar pra abrir a porta pra tu não ficar do lado de fora na rua, como se eu já não tivesse te dado a chave," falou, fechando os olhos.

"Não liga pra Rosa, ela faz isso mais pra implicar, sabe? Coisa de irmão." Júlia olhou para a levantadora que estava em seu colo e tinha os olhos fechados. "Mas eu vou conversar com ela." A de olhos verdes parou o carinho que fazia com os dedos entre os fios de cabelo da paraense para segurar seu queixo, fazendo com que a morena lhe olhasse.

Laranja - NaJuOnde histórias criam vida. Descubra agora