Pra um dia você se tocar e perceber que o que falta em você, sou eu

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Como vocês arrasaram nos comentários do último capítulo, decidi postar um capítulo novo hoje.

Aproveitem e deixem muitos comentários!

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Júlia fechou a porta do apartamento atrás de si, ouvindo o som ecoar pelo espaço ainda vazio. Não vazio de móveis, é claro, já que o apartamento estava completamente mobiliado e atendia a todas as suas necessidades, e até um pouco mais, mas vazio dos itens que ela havia trazido consigo do Brasil. Ela havia levado consigo quatro malas grandes, o que já era muita bagagem, e nem havia começado a colocar as coisas no lugar. Seu plano era fazer isso com o tempo, mas dois dias já haviam se passado desde que ela chegou e Júlia ainda não tinha tido coragem de fazer aquilo. O lugar que ela havia passado a considerar sua casa no Brasil era o apartamento de Naiane que, com o tempo, foi ganhando sua cara também com alguns objetos seus espalhos aqui e ali. Por isso, criar um novo espaço que fosse seu tão longe daquele era tão difícil.

Agora, entretanto, olhando para um vaso de planta de plástico que decorava a bancada da cozinha e lembrando da horta improvisada de Naiane, Júlia se arrependeu de não ter se forçado a decorar um pouco seu novo apartamento. O espaço estava frio, sem vida, e só a lembrava do que ela havia deixado para trás e do que ela não tinha ali. Apesar de saber que sua decisão de ir para a Túrquia era a correta, não era mais fácil conviver com a escolha que ela fez em conjunto com aquela.

Suspirando, Júlia largou sua mochila de treino ao lado da porta e caminhou até a geladeira para pegar uma garrafa de água. Seu primeiro treino com o time não havia sido tão produtivo assim já que a maior parte do tempo foi gasto apresentando ela para o resto do elenco e explicando o motivo dela estar ali, sem falar que Natália havia tomado para si a tarefa de explicar onde tudo ficava no centro de treinamento. A receptividade de Natália, aliás, era um pouco estranha para Júlia já que a ponteira nunca foi tão aberta assim, mas ela não ia reclamar. O próximo treino já ia acontecer na manhã do dia seguinte, pelo menos, o que Júlia esperava que fosse conseguir a distrair um pouco.

Só havia água na sua geladeira, o que fez Júlia lembrar que ela tinha que ir ao mercado urgente para, pelo menos, comprar algumas frutas para deixar por ali. Suas memórias voltaram, mais uma vez, para Naiane, o que a fez apertar a garrafinha de água com um pouco mais de força. Naiane, que sempre comprava as coisas que ela gostava para deixar na geladeira, sem falar das vezes que elas foram juntas ao mercado sem lista de compras porque sabiam que iam acabar comprando bem mais do que o necessário. Júlia bufou para si mesma enquanto fechava a garrafa com calma, sabendo que pensar aquelas coisas não ia facilitar em nada a sua transição para o país estrangeiro.

Júlia abriu o aplicativo de delivery para tentar se ocupar com alguma coisa. Ela havia passado os últimos dias pedindo comida do único lugar que Natália havia a ensinado a mexer no aplicativo e, por medo de pedir algo intragável, havia comido a mesma coisa todas as vezes. Enquanto selecionava, mais uma vez, o mesmo prato, ela tentou não pensar que Naiane já teria feito comida para ela ou at mesmo pedido algo diferente pelo delivery. A amargura que ela sentiu com aquele pensamento não tinha nada a ver com o gesto em si, mas sim com sua incapacidade de deixar para lá esses pequenos detalhes que faziam parte do seu relacionamento anterior.

Anterior.

Ela colocou o celular no balcão, com a tela virada para baixo, e puxou seu rabo de cavalo com um pouco mais de força que o necessário para o desfazer. Ela precisava tomar banho, comer alguma coisa, e organizar, pelo menos, suas roupas de academia. Estava na hora dela começar a se instalar por ali, afinal, ela não ia embora semana que vem.

Júlia tomou um banho demorado, lavando o cabelo sem pressa no chuveiro quase sem pressão e de água fria. Era até ridículo a forma como ela se lembrava da água quente que respingava nas suas mãos quando ela estava ajudando Naiane a tirar a tinta da canetinha que Liz e Nina haviam usado em seus braços. Ao contrário do que ela esperava, a central saiu mais irritada e mais frustrada do banheiro, secando seu cabelo com uma toalha macia. Ela voltou para resgatar seu celular na cozinha, viu que sua comida ia demorar mais alguns minutos para chegar, então foi para o quarto para se trocar.

Laranja - NaJuOnde histórias criam vida. Descubra agora