No teu copo, no teu colo e nesse bar

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Acharam que o domingo ia terminar sem capítulo, né? Pois recebam um capítulo novinho. Não deixem de comentar, dizer o que estão achando e tudo mais! Aproveitem!

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"Quantas pessoas tu quer fazer chorar usando essa camisa aí?" Naiane perguntou, apontando para Laura com um movimento do queixo já que uma de suas mãos estava imobilizada por uma tala e a outra estava dentro do bolso da jaqueta.

Laura estava sentada no sofá assistindo alguma coisa na TV enquanto esperava Naiane aparecer depois da levantadora ter dito que ia se arrumar para o jogo, mas a loira ergueu as duas sobrancelhas assim que viu a mulher se aproximando. "Não quer demorar mais um pouco, não?"

Nos últimos dias que elas conviveram quase que juntas, elas haviam criado um relacionamento baseado em provocações leves e piadas direcionadas à Júlia, que faziam a mais nova revirar os olhos e bufar para elas. Por conta desse bom relacoinamento entre elas, Naiane apenas mostrou a língua para a ex-jogadora, que estava usando, inclusive, uma camiseta sua antiga do clube, e começou a recolher suas coisas para que elas pudessem sair finalmente. Júlia havia saído cedo para acompanhar o time, claro, e as duas ficaram sozinhas com instruções claras para não ficarem falando de mais podres dela mesmo.

Naiane pegou a chave da casa, que Júlia havia deixado para trás, sua carteira e o celular, então indicou que elas podiam sair já. Apesar de ter falado da camisa de Laura, a própria Naiane estava usando sua camisa de jogo, apesar de que ela não estaria jogando. O time havia levado muita sorte de Macris já estar boa o suficiente para voltar para as quadras antes de Naiane se machucar, mas, por sorte, aquele devia ser o único jogo que ela não poderia ser usada como jogadora. Ela ainda estaria na torcida, no entanto, e por isso ela estava usando sua camisa.

As duas pegaram o carro de Júlia, que havia ficado por ali, com Laura dirigindo e Naiane tentando encontrar uma música para as duas escutarem. Naiane já não estava mais tão chapada de remédios fortes, então ela acabou percebendo que a loira ficava lançando olhares em sua direção a cada poucos segundos, como se quisesse falar algo, mas não soubesse como. A levantadora a deixou pensar e encontrar as palavras certas para dizer o que queria, mas ocupou aquele tempo passando as músicas da sua playlist. Não foi até que elas chegaram perto do ginásio, já tentando se desviar das pessoas para estacionar, que Laura finalmente falou algo.

"Eu sei que eu não ia falar nada, mas...." Apesar de ter soado séria, Laura conseguiu manter um sorriso no rosto. "Já falou aquilo pra ela?" Naiane franziu o cenho, confusa, e coube à Laura responder. "Que você ama ela. Foi isso que você me disse, pelo menos."

"Ah."

Surpreendentemente, as bochechas de Naiane esquentaram, mas ela não respondeu. Seu silêncio fez com que Laura voltasse a falar depois de suspirar. "Não tô pressionando e nem quero me meter no relacionamento de vocês. Eu só pergunto porque... Bom, eu acompanhei vocês nos últimos dias e eu não sou cega." Ela acabou soltando uma risada meio sem humor. "Para ser honesta, não parece que vocês começaram esse rolo faz só três meses."

"A Júlia é muito importante pra mim," Naiane acabou falando por fim depois de uma pausa que ela usou para organizar os pensamentos. "Pra mim também parece bem mais que três meses. Mas eu ainda não falei nada. Quer dizer, diretamente, com todas as letras."

Ela não deu explicações e Laura não insistiu naquele assunto. A única coisa que a loira falou foi: "Só cuida dela. Não me faça ter que descobrir como enterrar um corpo."

Naiane riu porque, primeiro, apesar da altura, Laura não parecia ser tão brava como ela estava tentando parecer. E, segundo, que ela não tinha intenção alguma de fazer qualquer coisa além de cuidar de Júlia. Claro que nos últimos dias, por conta da sua lesão, Júlia havia sido a pessoa que cuidou dela, mas Naiane já havia se comprometido consigo mesma que ela seria tudo que a menina precisasse que ela fosse. Seu apoio e porto seguro, ou a pessoa que a ajudaria a voar de balão. O que quer que fosse.

Laranja - NaJuOnde histórias criam vida. Descubra agora