2 - Além da dor. 👣

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Amora.

Dor!

Só se sabe a intensidade de vivê-la quem a sentiu de perto. E eu senti. Senti a dor na sua intensidade máxima.

Lentamente abro meus olhos.

Tudo pareceu ter sido um sonho. Um sonho ruim, mais foi um sonho. Eu estava bem, estava segura e bem. Mas ao abrir por completo meus olhos, percebi que o pesadelo não havia passado. Eu estava deitada numa cama de hospital, sentia minha cabeça girar, e meu estômago embrulhar. Tento respirar com calma a medida que fecho meus olhos, e então ouço uma voz conhecida falar.

- Você está bem?

Ao ouvir aquela pergunta abro meus olhos novamente, e o vejo. Não foi um sonho, ele era real. O homem alto, loiro, de olhos verdes num tom diferente como se refletisse o mar, me olhava com olhar preocupado e ar de pena.

- acho que sim! O que aconteceu?

- Você desmaiou! Se lembra disso? - ele pergunta me olhando atentamente.

Faço que sim. Eu me lembrava de tudo. Até do que queria esquecer.

- Como ele, está? - pergunto sentindo minha língua travar ao lembrar que carrego um bebê.

- Bem! Vocês estão bem, não se preocupe. - ele garante.

Faço que sim.

- Onde estou? - minha pergunta surge com um certo receio.

- Estamos numa cidade antes da parada onde te encontrei. É um hospital, como deve ter percebido! - faço que sim.

Por alguns instantes o silêncio é predominante. Mas antes que um de nós pudesse dizer algo, a porta do quarto se abre e uma enfermeira surge.

- Olá! Como você se sente? - ela perguntou diretamente a mim ao se aproximar.

- Bem! Eu acho. - falei. Ela sorri.

A enfermeira checa minha ficha e mede minha pressão sob os olhares atentos do tal desconhecido que salvou minha vida.

- Sim, eles estão bem papai! - ela disse olhando para o desconhecido.

O constrangimento se torna enorme ali, mas antes que eu pudesse esclarecer o mal entendido ela continua.

- Vou avisar ao médico que você acordou, acredito que ele lhe dará alta em seguida. Com licença! - e assim ela se vai.

- Me desculpe por isso! - falei.

- Não se preocupe! - ele parecia não se importar.

- Estou te dando trabalho, não era minha intenção. Eu posso cuidado de mim agora, obrigada! - tento me retratar seja lá do que eu tenha feito.

- Amora, não é?! É esse seu nome. - ele diz. Faço que sim.
- Eu sei disso porque o motorista do ônibus em que você viajava me entregou sua bagagem e sua bolsa, precisei abrir sua bolsa e pegar seus documentos para dar entrada aqui. Espero que não se incomode!

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