22 - Verdades 👣

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Três meses depois...


Era semana do casamento, e eu estava terrível sensível. Fora ter praticamente acabado de dar a luz, e todo o estresse que a maternidade me causava, estar de casamento marcado para tão pouco tempo havia me deixado ainda mais apreensiva. O casamento seria no final de semana e já no começo da semana a família de Gustavo viria para a fazenda, e por certo minha mãe estaria entre eles.

Apesar de minha sogra já ter conhecido o neto, minha mãe ainda não tinha vindo nos ver. Dona Laura disfarçava, mas eu sabia bem que minha mãe continuava com a mesma opinião sobre mim e o bebê. Mas, além delas, eu finalmente iria conhecer o irmão mis novo  de Gustavo, e sua mulher. Quem sabe, seríamos finalmente uma família e tudo ficaria certo novamente.



- Meu amor! - Gustavo diz ao abrir a porta do quarto.

Eu estava terminando de me arrumar.

- Estou aqui! - digo me virando para o ver.

- Já chegaram! - ele diz.

- E minha mãe? - pergunto receosa.

Ele sorri.

- Ela também veio! - ele diz sorridente.

Respiro aliviada e feliz ao mesmo tempo.

- Ela e o meu irmão não param de mimar o Guto! Ela vai ficar manhoso.

- Não acredito nisso! - digo sorrindo.

- Está vendo meu amor?! Tudo se ajeita sozinho, basta dar tempo ao tempo! - ele diz ao se aproximar e me abraçar forte.

- Tem razão! - digo me reconfortando em seus braços.

- Vamos?

- Vamos!

E assim seguimos para o nadar de baixo.

Sim, tudo parecia ter se ajeitado sem eu ao menos precisar fazer nada a respeito. Parece que o tempo em que estivemos afastadas, eu e minha mãe, tinha nos feito bem. Digo isso pois, ao me aproximar da sala de estar, ouço sons de risadas e conversas alegres de três pessoas e é claro, os barulhinhos que Guto fazia com a boca. Senti meu coração aquecer, se alegrar. Tudo estava bem novamente.

- Ele é a cara de Gustavo! Tem até os mesmos olhos verdes que vocês tem. - uma voz feminina diferente se fez ouvir.

Por certo era a esposa do irmão de Gustavo.

- Sim! Ele se parece muito com a gente quando éramos pequenos! - uma voz firme e grossa se fez ouvir.

E então parei, bem na entrada da sala. Congelei.

Aquela voz...

- Olha ela aí! - dona Laura diz ao me ver parada.

Vejo dona Laura e minha mãe em pé de frente para o casal que sentados no sofá de costas para mim, seguravam Guto nos braços. E então eles se levantam e se viram, olham diretamente para mim.

Era ele.

O infeliz que arruinou minha vida. Marcos Guilherme!

Meus olhos se enchem de lágrimas ao vê-lo, espontaneamente, aperto forte a mão de Gustavo que nesse momento percebe mimja reação e me olha atentamente. Eu estava a ponto de ter um surto e sair correndo. Marcos Guilherme me olha nos olhos surpreso e confuso, como se não acreditasse no que via, como se aquilo fosse miragem, ilusão. Mas não era. Vejo diante dos meus olhos o pai biológico do meu filho o segurar em seus braços e o ninar.

- Meu Deus, Amora! Você está se sentindo bem? Está pálida. - dona Laura diz assustada.

Todos continuam me olhando.

- Amor, você está bem? - Gustavo se coloca na minha frente.

O olho nos olhos e então deixo as lágrimas caírem.

Faço que não.

- Me tira daqui, por favor! - sussurro.

Ele faz que sim.

- Desculpa gente, Amora está com a pressão baixa. Vou levar ela para o quarto, mamãe, cuide de Guto por favor! - ele diz e em seguida me puxa para fora.

- Claro meu filho, pode deixar! - ouço minha sogra dizer enquanto me afasto dali.


Não sei como cheguei até o quarto de novo. Só sei que só consegui cair em si quando me sentei em minha cama e deixei as lágrimas caírem por completo.

- Ei, Amora! Você está assim por causa da sua mãe? - vejo Gustavo me perguntar agachado a minha frente.

Ele não havia percebido.

Gustavo achava que o motivo do meu pânico era minha mãe, era o nosso reencontro. Talvez se eu eu confirmasse, talvez se eu não dissesse nada sobre seu irmão... Eu e Gustavo havíamos construído uma família, uma vida juntos. Eu não poderia deixar nada atrapalhar aquilo. Eu estava bem, feliz, realizada. E novamente aquele infeliz surge em minha vida para atrapalhar.

- Gustavo... - digo olhando em seus olhos.

Sinto o medo e a insegurança me dominarem. Eu não queria perde-lo.

Gustavo me olha atentamente.

- O pai biológico de Guto, é seu irmão! - digo aquelas palavras sentindo minha alma doer, dilacerar, romper ao meio.

Eu não podia fazer aquilo com ele. Não podia o enganar. 

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