11- Minha família 👣

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- Oi! Trouxe sopa quentinha! - Branca diz ao entrar no quarto com a bandeja em mãos.

Gustavo se afasta apenas um pouco para pegar a bandeja para mim.

- Como você se sente Amora? - ela pergunta.

- Bem, obrigada Branca. - digo.

- Doutor Gustavo, o Jorge pediu pra avisar que precisa do senhor no celeiro, pare que teve algum problema com um dos cavalos!

Ele me olha preocupado.

- Eu vou ficar bem! - digo.

Ele faz que sim.

- Branca fique com ela até eu volta. - ele diz ao se levantar.

- Pode deixar! - ela garante.

E assim Gustavo saí.

Começo a tomar a sopa.

- Que susto que você deu no Doutor,  Amora! - Branca diz.

A olho enquanto tomo a sopa.

- Ele parecia um doído quando viu que você não estava bem. Não saiu do seu lado nem por um minuto! - me sinto constrangida.

- E minha mãe? - pergunto.

- Ah, ela tá na cozinha! Dona Xica parece aborrecida. Acho que, ela não gostou de ver vocês juntos. - a olho e depois volto a tomar a sopa.
- Mas depois passa! Você sabe como esse pessoal mais atingi é, depois ela se acostuma... O importante é que você fique bem. Nem acredito que finalmente isso aconteceu! Sempre achei o doutor Gustavo tão sozinho, triste. Eu sei que a vida dele não foi fácil... Mas agora, você está aqui, e, tem o bebê. Eu sei que esse menino vai ser a alegria dele! - ela diz sorrindo.

- Menino? - pergunto surpresa.

- Ah, o doutor já disse pra todo mundo que sabe que é um menino. Deve ser intuição de pai!

- Deve ser - digo.

Branca tinha assunto para muitas horas, e enquanto ela falava eu me mantive ocupada tomando minha sopa. Até que depois que acabei e o assunto dela não, Gustavo voltou e só assim ela foi embora.


👣



- Obrigado Branca! - Gustavo diz ao entrar no quarto.

- Até mais, Amora! - e ao dizer isso ela se vai.

Atchim, Atchim, Atchim.

- Você está bem? - ele se aproxima.

- Sim, foram só, espirros! - digo.

Gustavo sorri.

- Me desculpe! Estou parecendo um bobo.

- Tudo bem.- digo sorrindo.

Ele se senta ao meu lado, de frente para mim.

- É que, sabe quando a vida te tira tudo e depois, lá na frente ela te devolve novamente? É assim que me sinto! - ele admite.
- Só tenho medo que, tudo isso acabe!

- Gustavo, não vou embora por causa de um espirro! - brinco. Ele sorri.


Após três dias acamada, consigo me recuperar.

- Tem certeza que consegue andar? - Gustavo me pergunta ao me levantar da cama.

- Sim, Gustavo! Eu já estou bem. - digo com um leve sorriso.

Era incrível como ele cuidava de mim.

- Eu posso lhe carregar, se quiser! - ele se oferece.

O olho atentamente.

Eu estava manhosa, confesso. Não me julgue mas, depois de ter sido tão maltratada por um homem, saber que tem alguém que se preocupa, que cuida, que está ali por mim, era maravilhoso. Então resolvi me aproveitar da situação, só um pouco.

- Acho que, não seria bom eu descer as escadas, pelo menos não agora! - digo olhando em seus olhos claros.

Gustavo me olha por breves instantes e então ele me coloca em seu colo. Seu corpo era forte, másculo, ágil. E foi aí que percebi o quão maravilhoso Gustavo era.

- Vamos? - ele pergunta.

Faço que sim.

E assim seguimos para fora do quarto.

- Acho que estou um pouco pesada! - digo enquanto ele desce as escadas.

Ele me olha.

- Não, você está perfeita! - seu elogio me deixa constrangida.
- Bom dia dona Xica! - Gustavo diz olhando para a frente enquanto descemos o último degrau.

- Bom dia doutor! - ela diz apenas.

A olho mas minha mãe mantém a postura rígida, firme.

- Acho que já posso andar! - digo a ele.

- Não, lá fora tem mais degraus. - ele rebate.

- O senhor quer algo especial para o almoço? - minha mãe pergunta ignorando minha presença.

- Não dona Xica, vamos passar o dia fora. - ele diz.

Ela faz que sim e então saímos.

Minha mãe estava me ignorando, me evitando. Durante o tempo que fiquei acamada ela não foi me ver, nem procurou saber de mim. E sua indiferença me doía ainda mais.

Gustavo me acomodou em seu carro e depois deu a volta nele se sentando ao meu lado. Em seguida, deu partida e então seguimos.

- Minha mãe está me evitando! - digo depois de um certo momento enquanto ele dirigia.

- Não a leve a mal, sua mãe pensa diferente, tem outra visão da vida. Ela só está chateada, depois isso passa. - ele me reconforta.

- Obrigada! - digo ao colocar minha mão sob a sua que estava sob sua coxa.

Gustavo me olha com ternura e vejo em seus olhos um brilho novo. Ele para o carro.

- Amora, entendo que esteja grata por tudo o que estou fazendo, mas, quero que entenda uma coisa... Desde o momento em que eu disse a sua mãe que este bebê é meu, desde o momento em que eu disse que estamos juntos, eu assumi isso para mim. Esse bebê é meu, e você, é minha! - ele diz de forma terna.
- A não ser que, você não queira que seja assim.

- Eu quero! - sussurro.

- Então é assim que será. Com isso, não me agradeça mais. Faço isso porque é o certo a se fazer, vocês são minha família agora.

Sinto meu coração se acender. Os dias calmos havia enfim chegado.

Olhando em seus olhos, toco em seu rosto o acariciando. Com meu toque, Gustavo fecha os olhos, como se quisesse gravar aquele momento. E então, agindo com a razão misturado com a emoção, uma emoção boa, me aproximo de seus lábios e assim os beijo.

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