15 - Relações cortadas 👣

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Um lindo anel de noivado.

Ao acordar vi sob a cama ao meu lado no mesmo lugar onde Gustavo dormia uma bandeja de café da manhã e um lindo anel de. Ele estava dentro de uma caixinha aberta de veludo vermelho, e ao lado, um bilhete.

Amora,

Queria eu mesmo colocar esse anel em seu dedo, mas, precisei acordar mais cedo hoje, o trabalho me chama. No entanto, quando eu voltar, lhe recompensou por isso. Não quis esperar para lhe dar pois já era pra eu ter feito desde a semana passada quando você aceitou meu pedido.

Sempre seu, Gustavo.



Eu estava nas nuvens. Vivendo um sonho.


Ao pegar o anel e o colocar em meu dedo indicador esquerdo, contemplo ainda melhor o belo anel em ouro branco com uma linda pedra de brilhante. Era maravilhoso.

Após fazer minha higiene matinal e trocar de roupa, desço para o andar de baixo. E ao chegar na cozinha, vejo que todos estão a todo o vapor em seus afazeres, inclusive minha mãe. Era hora de colocar os pingos nos is, de acertar as coisas entre nós. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde esse momento chegaria. Eu precisava resolver aquela situação.

- Bom dia! - digo a todas.

- Bom dia! - as meninas respondem num só coro, exceto minha mãe que continua dando atenção a panela que estava no fogo.

- Mãe, podemos conversar um pouco? - pergunto.

Ela continua mexendo a panela.

- Pode falar, estou ouvindo! - sua voz é ríspida.

- Gostaria de fosse em particular!

- Vamos deixar vocês a sós! - Branca diz prontamente. As outras fazer que sim.

- Não precisa! - minha mãe as impedem.

Ela se vira e me olha. Vejo mágoa em seu olhar.

- O que a nova dona da casa deseja? - seu tom é de deboche.
- Talvez um almoço especial? Ou reclamar de algo?!

- Não mãe, claro que não! - me defendo.

As meninas me olham.

- Quero falar sobre nós, sobre nossa situação! - digo.

- Nossa situação? Não existe nossa situação Amora. Nós não temos nada para conversar!

- Mãe, isso não pode continuar acontecendo! Eu sou sua filha, errei, fiz besteira, mas, você é minha mãe. Estou arrependida e quero o seu perdão!

- O que você fez Amora, não tem perdão... Você traiu minha confiança, desrespeitou nossa família. Essa não foi a educação que eu te dei, sair com homens, se deitar com eles, engravidar e voltar para casa com o rabo entre as pernas!

Sinto meu coração apertar.

- Mãe, eu não fiz isso, foi apenas um, o pai do meu filho. Nunca estive com mais ninguém além dele! E, não estou na sua casa, estou na casa de Gustavo. Vamos nos casar, e seremos uma família! - me defendo.

- Sim, claro que vai se casar! - ela diz.
- Era esse seu plano desde o começo não era?! Ir para a capital, encontrar um homem rico, dar o golpe da barriga e garantir seu futuro. Você nunca teve a intenção de estudar Amora, de ser gente! Bem que eu desconfiei, aqui na cidade vizinha tem faculdade, e você quis ir pra longe. Longe dos meus olhos. Você foi a minha maior decepção! - suas palavras me acertam em cheio.

- Não mãe, não foi nada disso! - digo sentindo as lágrimas caírem.

- Não foi? Está bem, acredito em você. Se você provar! Me prove Amora que você nunca pensou nisso, vá embora. Vá para onde você veio, e suma por lá mesmo. Não quero que as pessoas da cidade nem nossos parentes saibam o que você fez. Não me importo se o pai desta criança seja doutor Gustavo, pode ser quem for, rico ou pobre, você se entregou a um homem não sendo casada com ele. Não adianta querer casar agora, querer esconder o que já está na vista, logo a barriga cresce, e você não poderá mais esconder esse menino!

Eu sabia que aquela conversa com minha mãe seria difícil, só não sabia o quanto. Ela estava irredutível.

- Não me veja mais como mãe Amora, porque pra mim, você não é mais minha filha. Aquela Amora doce, meiga, simples um dia partiu para a capital, ficou lá. Eu não a vejo mais... Você fica por aí, se esfregando no patrão, dormindo na cama dele, grávida dele. Como se fosse uma...

- JÁ CHEGA, DONA Xica! - a voz de Gustavo se sobressai.

Imediatamente todos os olhos que ali estavam se direcionam para a entrada da cozinha, onde ele estava de pé, vendo tudo. Com feição séria e cara de quem estava a ponto de dizer umas poucas e boas, ele se aproximou.

- Dona Xica, eu sempre tive muito apreço pela senhora. Sempre lhe respeitei. Mas não vou tolerar que fale assim com Amora. Sei que ela é sua filha, mas mesmo assim não tem esse direito! Entendo seu ressentimento, su dor. Mas não é assim que se resolve. Amora errou, e está tentando consertar, vejo que ela sempre tenta mudar a situação com a senhora, mas está claro que a senhora não quer... Vamos poupar mais constrangimentos, a partir de hoje, trate Amora como sua patroa, a respeite e só se dirija a ela se for para tratar algo sobre a casa! - ele diz firmemente.

- Sim, senhor! - minha mãe concorda.

- Amora, venha. Você precisa descansar! - Gustavo diz ao me conduz para longe dali.


Ali foi o fim. Eu e minha mãe já não éramos mais nada uma da outra. A relação foi cortada.

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