Capítulo 16

11.3K 735 51
                                    

Marco Fontenelle

Como previsto, assim que entramos na casa todos os pares de olhos se voltaram para nós.

Eu preciso admitir, é muito satisfatório saber que todos estavam nos esperando, apenas para tentar encontrar alguma coisa de errada na família que lidera a máfia italiana a tantos anos.

As pessoas sempre costumam comentar que somos todos perfeitos e invencíveis, o que é uma grande merda já que a prova de força e glória eterna para as outras máfias é tentar a todo custo nos derrubar, nunca nenhum deles chegou a conseguir, mas eles vivem tentando e isso depois de um tempo se torna uma grande aborrecimento.

Até os meus primos da Escóssia passam por isso, é olha que o território deles é outro a pesar de passarem bastante tempo por aqui.

— Está nervosa?— Sussurrei para a Ana que permaneceu incrivelmente impassível e aparentemente impenetrável diante do olhar julgador dos membros da famiglia.

— Pronta para tudo.— Respondeu sorrindo para mim.

Foi o suficiente para me tranquilizar com relação as emoções dela.

Segurei a sua mão entrelaçando os nossos dedos e comecei a caminhar. O olhar das pessoas estão acompanhando cada passo, e isso quase me fez cair na gargalhada.

Eles sempre fazem isso, e nenhum membro da minha família se importa. Não sei mesmo por que eles continuam fazendo.

— Marco, não vai apresentar a sua noiva?— O chefe do sul do meu território Indagou olhando a Ana de cima a baixo.

Imediatamente tive vontade de arrancar as suas bolas e fazê-lo as engolir. O olhar não poderia ser mais sujo e mais desrespeitoso que esse, mas de toda forma não seria bom criar esse tipo de entretenimento na frente de todo mundo.

Eles já sabem que eu herdei a maldade do meu pai, mesmo com o sorriso angelical no rosto, acredito que nenhum deles quer presenciar isso ao vivo e a cores.

— Claro que sim, Jean. Essa é a minha noiva, Ana.— Apresentei mantendo o sorriso no rosto e colocando a mão possessivamente em torno dela, para deixar claro que ela é minha.

O canalha abriu um sorriso nojento e olhou para ela como se fosse uma inspeção de raio-x.

— É um verdadeiro prazer conhecer a mulher que vai mandar em todos nós.— Falou beijando o dorso da mão dela.

Eu sei muito bem o que ele quis dizer com o tom de voz que usou na palavra "prazer".

Ana puxou a mão de volta para si e a limpou no vestido me fazendo sorrir.

— Eu posso estar enganada, mas o seu tom de voz sugeriu que o prazer não foi em me conhecer, me pareceu que você deseja um prazer que pertence apenas ao seu futuro capo.—  Ela disse apertando os olhos de forma inquisidora fazendo o nojento engolir em seco.

— Não mi amore, ele não seria tão idiota a ponto de fazer algo assim. Ele sabe que não é bom ter problemas comigo, não é?— Perguntei com um sorriso irônico no rosto.

É tão divertido ver um homem desse tamanho se tremendo de medo, é realmente engraçado.

— Claro, nunca faria isso Senhor.— Respondeu não se atrevendo a me chamar pelo nome novamente.

— Então vejamos se você está com a memória boa, o que acontece com quem me contraria?— Questionei.

— É morto com sofrimento e enterrado sem honra senhor.— Respondeu abaixando a cabeça.

— Capisce?— Me certifiquei mais uma vez.

— Capisce.— Não respondi mais nada, apenas voltei a segurar a minha noiva e caminhei lentamente até a mesa da minha família cumprimentando algumas pessoas pelo meio do caminho.

— Vou ao banheiro família, daqui a pouco estarei de volta.— Ana disse se afastando de nós logo em seguida.

Permaneci a acompanhando com o olhar até que não fosse mais possível.

— O que você estava conversando com o Jean, primo? Não parecia nada amigável.— Dom perguntou mudando de lugar para sentar ao meu lado.

— Ele ficou olhando para ela de cima a baixo e falou que era um prazer conhecê-la. Foi um tom de voz bem nojento, mas não é alguém com quem eu precise me preocupar.— Respondi mantendo o olhar na porta que a Ana entrou.

Estou apenas me certificando de que está tudo bem com ela, e caso ela precise da minha ajuda é melhor que eu esteja atento.

— O olhar foi nojento, ele é nojento. Nada de novo sob o sol da Itália.— Dom comentou rindo.

— Recebeu mais alguma?— Perguntei em voz baixa para não acabar preocupando a nossa família.

O Dom tem recebido cartas com ameaças constantemente e já tentamos criar um sistema de eliminação para descobrir o desgraçado por trás de tudo, mas sempre que estamos perto de alguma resposta as pistas simplesmente deixando de fazer sentido.

Isso é frustrante e preocupante.

Eu queria ter contado para o meu pai e pro tio Tom, mas o Domenico me convenceu de que enquanto forem apenas palavras em um papel a ameaça não é real, logo não teria necessidade de preocupar os nossos pais, principalmente o dele.

— Recebi um hoje, mas não vamos falar disso agora.— Respondeu se levantando e indo até a cozinha.

Se ele acha que vai esconder coisas de mim ele está muito enganado.

Me levantei também e antes de sair me lembrei que preciso de alguém para ficar se olho na Ana, caso ela precise de ajuda.

— Bea, fica de olho na Ana, eu volto já.— Pedi para a minha irmã que apenas balançou a cabeça afirmamente.

Eu estranhei ela não ter uma gracinha para falar, até que eu percebi que a minha irmã está com a boca cheia, ou seja, na verdade ela está impossibilitada de falar.

Sorri e fui atrás do Dom.

— Tá com a carta aí?— Perguntei assim que me aproximei dele.

Meu primo revirou os olhos como se já estivesse cansado disso.

Foda-se, ele é minha família e isso é a melhor rede de apoio que temos.

— Não, eu não tenho motivo pra sair andando com isso por aí.— Respondeu mordendo um salgado.

Tirei o lanche da mão dele, isso não é hora de comer.

Se não levarmos isso a sério podemos ficar vulneráveis. E eu não vou permitir isso.

— Então me fala o que tinha escrito.

— Você é chato hein? Dio mio, coitada da Aninha.— Falou abrindo um sorriso.

— A minha noiva vai se acostumar com isso, não se preocupe.

— Verdade, Dio fala que devemos carregar a nossa cruz com alegria.

— Domenico!— Chamei em um tom de voz repreensivo fazendo com que ele levantasse as mãos em sinal de rendição.

— Tudo bem, eu vou falar. Nessa carta estava dizendo basicamente que cada passo meu é observado, e que quando eu menos esperar vou conhecer a perversidade do diabo.— Contou de uma vez o que eu queria saber.

Fiquei analisando as palavras por alguns segundos tentando fazer com que as palavras tenham algum sentido, ou alguma pista que eu não esteja vendo, mas não consigo entender nada. É só uma ameaça sem nada que me faça compreender de onde vem.

— Não tem ninguém pior que a gente.— Respondi ainda tentando compreender.

— Exatamente isso que eu pensei, deve ser só algum desocupado.

— Mas pode não ser.— Respondi olhando para ele.

No nosso trabalho temos que pensar em todas as possibilidades possíveis para cada coisa, temos que sempre estar em alerta e parece que ele anda esquecendo disso.

— Se esse for o caso, vamos nos preocupar quando chegar o momento de nos preocuparmos. tutto per la famiglia, cugino.— Assenti para ele.

Tudo pela família. Ninguém vai ter coragem de tentar algo contra nós.

Oiiiii, quem aí tá preocupado com o Dondon?
Não esqueçam de votar e comentar MUITO ♥️

A Prometida Do Mafioso - Livro 1 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora