capítulo 36

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Marco Fontenelle

"Estamos no hospital da famiglia." Apertei em enviar a mensagem para o meu pai e coloquei o celular de volta no bolso.

A minha cabeça ficou dando voltas no momento da explosão e eu simplesmente não consigo entender, por que o Enzo não saiu junto com a gente?

Eu entendo que ele deve ter seguido a intuição de ter mais alguém dentro da casa, ele obviamente estava certo ou a casa não teria ido completamente pelos ares, mas eu não consigo aceitar isso.

Limpei uma lágrima que ainda escorre pelo meu rosto e me aproximei do Lucien que está completamente sozinho com o olhar distante e com lágrimas caindo copiosamente.

— O Dom está passando por uma cirurgia, mas vai ficar bem.— Falei me aproximando dele tentando controlar as lágrimas.

O Enzo estar morto é uma coisa muito irreal na minha cabeça ainda, e eu sinceramente não vou acreditar que isso aconteceu até que haja um corpo.

Sete entram e sete saem.

Eu não vou desistir de você primo, não vou de maneira nenhuma.

— Bom pra ele que vai ficar vivo, o meu irmão não teve a mesma sorte.— Ele disse com a voz completamente ressentida.

— Não foi culpa do Dom, e o Enzo ainda pode estar vivo.— Respondi me sentando em uma cadeira de frente para ele.

— Não foi culpa dele? Quem foi que começou a receber ameaças e achou melhor esconder de todo mundo? Quem acabou capturado por conta disso? Foi culpa dele sim.— Lucien respondeu sorrindo sem um pingo de humor.

Abaixei a minha cabeça sem saber o que dizer. Eu não estou tão desesperado por que como eu disse, não vou me dar por vencido, não vou aceitar que ele morreu enquanto não tiver certeza disso, mas não consigo imaginar a dor que ele deve estar sentindo agora.

Desde que me lembro os dois são inseparáveis, dividiram até a barriga da mãe e depois que nasceram não vivem sem serem parceiros em tudo.

O Enzo é parte de mim, parte de todos nós, mas ainda mais do Lucien.

— Eu sinto muito.— Respondi com os olhos ficando cheios de lágrimas.

— Só me deixa sozinho, per favore.— Ele pediu com a voz falha pelas lágrimas.

Assenti e me levantei voltando para a sala de espera onde a Isa e a Pen estão chorando desesperadamente pelo irmão e a minha irmã tenta consola-las sem muito sucesso já que ela mesma não está nada bem.

Encostei a cabeça na parede e deixei todas as minhas emoções desabarem de uma vez.

O meu pai foi o modelo de líder que agora eu sei que nunca vou ser, eu estava no comando da missão e agora é quase certeza de que o meu primo está morto e a culpa é toda minha. Como eu vou contar isso para os pais dele?

Como eu vou encarar a minha família depois disso?

Como eu posso aguentar me olhar no espelho?

Funguei quando o choro ficou mais intenso e me virei assustado quando senti uma mão tocando suavemente no meu ombro.

É a Ana, eu não consegui me controlar e a abracei com força chorando como um menino que acabou de ralar o joelho pela primeira vez.

— O que houve meu amor? Por que está chorando? O Dom está bem?— Ela perguntou completamente preocupada com o meu choro descontrolado.

Desde que eu passei pela minha iniciação eu nunca mais chorei, nunca mais derramei nenhuma lágrima e achei que fosse um homem muito forte por isso, mas eu estava enganado.

O que sempre me fez forte foi a minha família, e agora eu estou mais vulnerável do que nunca.

— O Dom está na cirurgia, mas vai ficar bem.— Respondi secando o nariz com o dorso da mão esquerda.

Que droga, chorar entope o meu nariz e deixa a minha voz esquisita.

— Então por que essas lágrimas, amor?— Ela perguntou ainda olhando para mim com preocupação.

— Por que quando estávamos saindo a casa explodiu, amore. E o Enzo estava dentro.— Assim que acabei de falar mais lágrimas começaram a jorrar.

Mesmo que eu esteja completamente cético com relação à morte dele eu não consigo evitar chorar desesperadamente, por que mesmo que ele esteja vivo algo de muito ruim deve ter acontecido.

— Meu Deus, eu sinto muito, amore.— Ouvir ela falando em italianos me fez sorrir em meio as lágrimas.

Ana me apertou ainda mais contra o corpo dela tentando de alguma forma me confortar e me deixando chorar até que não haja mais nenhuma gota de água para ser eliminada.

— Eu não sei o que fazer.— Confessei.

Pelo que deve ser a primeira vez na minha vida, eu realmente não sei o que fazer.

— Você precisa de tempo para assimilar tudo meu amor.— Ana disse compreensiva.

Ergui o olhar para ela e antes de poder falar alguma coisa o médico do Som saiu de dentro da sala perguntando pelos familiares do paciente.

Caminhei rapidamente até ficar próximo da minha família novamente, claro que mantendo os meus olhos baixos, completamente sem coragem de olhar qualquer um deles nos olhos.

— Domenico reagiu bem à cirurgia, mesmo com todos os ferimentos ele vai ficar bem, ele já está no quarto descansando sob o efeito do sedativo.— O medico disse trazendo um pouco mais de tranquilidade para todos nós.

O tio Tom quis entrar e esperar o filho acordar, eu achei melhor deixar ele sem saber do que aconteceu com o Enzo por enquanto, para o caso do Dom acordar e perceber que tem algo de errado.

Lucien continua completamente à parte, afastado de todos nós com o ressentimento claro em todas as suas expressões.

— O que aconteceu filho? Não te vejo chorar a pelo menos dez anos.— Meu pai disse se aproximando de mim completamente confuso.

Ele e a minha mãe também estão totalmente alheios ao que está acontecendo.

Respirei fundo me preparando para confessar a pior coisa que já aconteceu na minha vida. A pior coisa e é tudo minha culpa.

Respirei fundo novamente e contei toda a missão para ele e para minha mãe, sem poupar detalhes e inclusive falei sobre a garota que encontramos quase sem vida no cativeiro. Ainda não sabemos o nome dela, mas ao menos ela está medicada, com os ossos remendados e os cortes suturados, logo vai estar bem o bastante para passar por um interrogatório, se tivermos sorte ela pode se lembrar de alguma coisa importante.

Quando eu falei que a casa explodiu o meu pai começou a chorar.

Eu nunca vi o meu pai chorar, nunca. Isso é mais uma grande prova de que a única coisa que pode nos afetar é a família.

— O Enzo morreu?— Meu pai perguntou com a voz saindo como em um sussurro.

— Eu não vou parar de procurar pai, a minha vida toda até que encontremos um corpo.— Respondi completamente determinado.

Ele não desistiria de mim se fosse ao contrário, então eu também me nego a fazer isso.

— Dio mio, isso não pode estar acontecendo.— Ele disse passando a mão pelo cabelo repetidas vezes tentando se acalmar.

— Eu falhei pappa, a culpa foi minha.— Respondi completamente derrotado.

Eu não vou desistir do Enzo.

Não Vou.



Oi meu amoresssssssssss tudo bom?
Desculpem o capítulo não tão bom de hoje, mas eu não queria deixar vocês completamente sem nada.

Juro que o próximo vai ser melhor!
Não esqueçam de votar e comentar MUITO ♥️

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