capítulo 14

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Ana Olivares

Eu preciso admitir, o Marco tem fibra.
Faz exatamente vinte e cinco dias que eu estou oficialmente em solo italiano, e eu devo ser sincera em dizer que não tem sido nada parecido com o que eu imaginei.

Sempre que eu pensava em como seria quando eu me mudasse apenas duas coisas vinham na minha cabeça: solidão e raiva. A família Fontenelle me acolheu melhor do que eu achei que fosse possível, e isso inclui cada membro, até os que moram na Escócia. Fiquei particularmente bem amiga da Bea e do Dom, ando dividindo o meu tempo em treinar com eles e escolhendo os últimos detalhes do casamento.

O Marco tem fibra por que está sendo um  grande companheiro em absolutamente toda essa jornada, seja no treino ou na minha adaptação aqui.

— Aninha.— Dom falou entrando na biblioteca onde eu estava.

— Oi Dondon.— Respondi sorrindo com o apelido que lhe dei. Apelidos são uma forma ótima de aproximação entre as pessoas, dá uma sensação de familiaridade e isso é tudo o que eu preciso construir aqui, laços de familiaridade.

— Marco queria fazer o convite pessoalmente, mas teve algumas coisas pra resolver. — Domenico começou a olhar os livros nas estantes antes de se sentar em uma poltrona que havia ali.

Franzi a testa.

— Que convite?

— Uma festa da famiglia. Todos estão curiosos para conhecer a nossa futura primeira dama, mas como o bom cunhado que eu sou já vou te previnir, todo mundo vai ficar te olhando, te estudando e te julgando, você não pode nem mesmo tremer diante dos olhares.— Eu gosto de ver que o Marco tem uma rede de apoio tão boa aqui, a Bea e o Dom são não apenas a família do futuro chefe, mas também são as pessoas em que ele mais pode confiar na vida.

Agora eu também sou uma das integrantes dessa rede de apoio.

— Olha bem pra mim, já viu brasileira com medo de olhar? Eu vou ficar bem linda, quero é que olhem mesmo.— Respondi jogando os cabelos cinematográficamente fazendo ele cair na gargalhada.

— As únicas mulheres que eu já vi que nunca tremeram na frente do olhar astuto da famiglia foram a tia Natasha e a Bea por que o olhar dela é mil vezes mais assustador.— A frase me chamou atenção. Eu sou filha de um chefe e desde criança sou prometida de um futuro capo, isso significa que basicamente a minha vida inteira se resumiu em estar sob olhares atentos e venenosos em cima de mim, mas o Dom está me fazendo pensar que todos os olhares que eu já recebi na vida não foram nada comparados aos da famiglia.

Bom, eu nunca fui uma mulher dada a receios, então se os membros da famiglia querem uma mulher forte como primeira dama, é o que eles vão ter.

— Eu não abaixo a cabeça pra ninguém, fica tranquilo.— Respondi fechando o livro que eu estava lendo e começando a pensar maneiras de deixar todo mundo de queixo caído.

— É verdade o que o Marco vive dizendo por aí, o povo não tem os líderes que querem, eles tem o que merecem. Eu tenho que admitir, tô bem ansioso pra ver vocês dois como os comandantes de tudo isso.— Eu tenho certeza que vi os olhos dele reluzirem de animação.

— E como ele é de verdade?— Questionei. Mesmo o Marco tendo sido o modelo de noivo perfeito eu não sei muita coisa sobre ele, pra ser bem sincera mesmo tudo o que eu sei a respeito dele são coisas que escuto por aí, o que sem dúvida não dá pra formar uma opinião completa e tampouco justa sobre ele.

— Bem parecido com você, na verdade, tem uma personalidade bem forte.— Domênico comentou casualmente e me fez franzir a testa. Ele ser tão genioso quanto eu pode não ser muito bom, não quando nenhum dos dois sabe o que fazer em um relacionamento.

— Então temos um problema por meu pai sempre diz que dois bicudos não se beijam.— Falei com convicção e recebi o olhar mais confuso do mundo.

— Eu ainda não me acostumei com ditados brasileiros, pode traduzir per favore?

— Basicamente eu quis dizer que duas pessoas com temperamento forte acaba não dando certo.— Respondi suspirando.

— Nem sempre, depende mais da dedicação de vocês do que do temperamento.— Eu fiquei me mordendo de vontade de perguntar se ele anda apaixonado por alguém, mas decidi refrear a língua. Eu e ele estamos construindo uma amizade sim, só que eu não acho que seja o suficiente pra me meter tanto na vida dele.

Futuramente eu vou ficar sabendo de tudo.

Agora eu preciso mesmo é encontrar uma roupa incrível pra começar a me sentir futura dama, já que em cinco dias esse cargo vai ser meu de fato.

— Eu estou indo escolher uma roupa de matar, ok? Nos vemos na hora da festa.—  Levantei e pisquei um olho para ele enquanto passava pela porta.

Operação "pronta pra matar" começando agora.

Comecei a encarar o meu closet rezando para alguma roupa incrível saltasse pra fora e parece que a santa protetora das garotas desarrumadas não anda querendo me ajudar muito.

— Psiu.— Tomei um susto e olhei para porta do closet dando de cara com uma Bea sorridente, mas não é um sorriso de felicidade e sim um que denuncia quando alguém tá aprontando alguma coisa.

— Você sumiu o dia inteiro.— Acusei estreitando os olhos.

Logo depois disso Bea entrou no closet segurando um embrulho enorme nas mãos.

— Eu precisei ir atrás de um vestido digno da primeira dama.— Disse colocando o embrulho em cima de um banco no closet.

Respirei fundo e desfiz o laço da caixa. A Bea é uma garota tão imprevisível que eu não sei mesmo que tipo de roupa eu posso encontrar aqui, pode ir de uma bem brilhante pra uma lingerie rendada.

Mas o que eu vi dentro da caixa me deixou de queixo caído. É simplesmente o vestido mais sexy que eu já vi na minha vida!

— Bea, você é a minha fada madrinha!— Falei entre gritinhos de felicidade e fui abraçar a minha futura cunhada.

— Eu quero que vocês sejam o melhor casal de todos os tempos, tenho um pressentimento muito bom sobre vocês.— Sorri para ela em gratidão. Eu não assumo isso nem pro espelho, mas eu quero muito que dê certo pra nós dois esse casamento. Do mesmo jeito que deu certo para os nossos pais.

— Vou começar a me arrumar agora!— Corri saltitante pro banheiro.

Durante o meu banho fiquei surpresa ao perceber que eu estou mais do que ansiosa pra saber a reação generalizada com a roupa, e principalmente a do meu noivo.

Será que ele vai achar que eu estou a altura?

Imediatamente sacudi a cabeça. Ora, mais essa agora, eu tenho que vestir o que eu gosto e pouco importa se ele vai gostar ou não.

Mas eu quero mesmo que ele goste.

Fiz uma maquiagem simples de certa forma por que decidi chamar atenção para minha boca e principalmente, deixar o vestido brilhar.

Nos olhos apenas um delineado marcado e na boca um batom vermelho quente.

Passaria por uma maquiagem básica se não fosse o vestido mais fabuloso do mundo.

Parece que foi feito pra mim.



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A Prometida Do Mafioso - Livro 1 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora