Capítulo 43

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Ana Fontenelle

Passei as mãos inconscientemente pela barriga já bastante grande e pesada enquanto espero Bea chegar.

A senhora Luara, o marido e os filhos resolveram ir embora já que tudo anda muito bem no momento, e eu particularmente acho que vai ser melhor para o Lucien estar longe até a mente dele desanuviar.

O meu pai sempre diz que o melhor remédio para uma mente conturbada é a própria companhia, e para mim esse conselho sempre funcionou.

Nesse momento a Bea entrou pela porta da minha nova casa um pouco cabisbaixa, o que por si só já é bastante esquisito já que nesses meses de convivência eu nunca vi ela com nada menos que um sorriso estonteante, principalmente com algo relacionado a minha gravidez.

Ela foi a pessoa que comprou a primeira e única roupinha do bebê até então, um body super fofo escrito "eu sou o poderoso chefinho" em letras garrafais, a coisa mais fofa do mundo, mas quem ficou mais emotivo foi o meu marido. Claro que eu prometi que não contaria a ninguém que eu vi uma minúscula lágrima de emoção escorrendo pelo rosto dele.

— Você tá bem?— Perguntei franzindo a testa e no mesmo momento ela se esforçou para parecer mais animada.

— Estou sim, não se preocupe. Vamos comprar as coisas para o meu sobrinho, ele nasce em três meses e nem o quarto está arrumado.— Ela disse não deixando passar a oportunidade de alfinetar a minha completa falta de planejamento.

Eu sei que eu já deveria ter começado a pensar na decoração do quarto dele, mas o meu filho ainda não tem nem um nome, o que eu posso fazer?

— Eu vou ser uma péssima mãe, não é?— Respondi com a voz um pouco chorosa. Isso tem acontecido com bastante frequência nos últimos meses, a minha médica disse que isso é tudo culpa dos hormônios bagunçados. Espero que logo que o meu neném estiver nos meus braços isso passe.

— Claro que não, eu prometo que não conto a ele que a mãe dele não se programa para nada.— Bea disse dando finalmente um sorriso genuíno nessa conversa.

Sorri em resposta e peguei a minha bolsa em cima do sofá caminhando junto com ela para fora de casa e na direção do carro.

Ela vai dirigir, com o tamanho da minha barriga ficaria completamente impossível fazer todas as funções de uma motorista. A Bea achou melhor dispensar os soldados que geralmente nos seguem em nossas saídas, o shopping não é muito longe e de qualquer forma não acredito que alguém vá nos atacar, não quando toda a famiglia está em total atenção depois do ocorrido com o Domenico.

— Acho que essa é a única coisa que eu gosto de fazer mais do que treinar, dirigir me dá uma grande sensação de liberdade, como se eu pudesse ir para qualquer lugar.— Bea disse com uma expressão leve no rosto aproveitando a liberdade.

Eu estou mesmo achando ela um pouco diferente do comum, mas resolvi não comentar absolutamente nada, se ela sentir vontade de compartilhar eu vou estar aqui para ouvir.

Em pouco menos de vinte minutos já estamos estacionando na frente do shopping e indo diretamente para todas as lojas de bebê existentes aqui.

Demoramos pelo menos umas cinco lojas para encontrar os melhores móveis para mobiliar o quarto, eu preferi tons entre um azul claro e o branco mesmo para não destoar da pintura da parede que eu vou mandar pintar.

Pelo menos isso eu já escolhi.

Quando passamos para as roupinhas eu fiquei ainda mais contente, são tantas opções que eu aposto que mais da metade vão estar perdidas antes que ele possa vestir, mas eu não me importo.

— Ana, posso te perguntar uma coisa?— Bea questionou olhando fixamente para um mini terninho, embora eu desconfie que seja mais para não olhar para mim do que por estar mesmo tão interessada na roupa.

— Claro, somos amigas, pode perguntar qualquer coisa.— Respondi dando toda e qualquer liberdade que ela deseje para se sentir a vontade para falar. Eu percebi que ela está em um tipo de conflito interno, debatendo consigo mesma se vale a pena fazer a tal pergunta ou não.

Eu espero que ela faça, por que eu sou uma mulher muito paciente, mas tudo o que eu tenho de paciência tenho de curiosidade e impulsividade, ou seja, se ela não me contar eu vou acabar não me aguentando e perguntando.

— Você se arrepende de alguma coisa que tenha feito quando começou a se relacionar com o meu irmão?— Ela questionou deixando a vontade de fazer a pergunta vencer.

Tentei entender a razão da pergunta e falhei miseravelmente. É impossível tentar decifrar a cabeça de um Fontenelle.

— Bom, para ser bem sincera eu me arrependo daquela dança no dia do meu aniversário.— Respondi prendendo o riso lembrando da cara de raiva dele. Se aquilo acontecesse hoje a minha reação teria sido completamente diferente, mas não vale a pena comparar, a minha relação com ele hoje é diferente em vários níveis diferentes.

Hoje nós não somos mais dois estranhos que se casaram apenas pelo dever, nós nos amamos.

— Sério? Eu achei tão icônica.— Ela respondeu rindo, provavelmente lembrando da mesma cena.

— Eu me arrependo sim, não foi a atitude mais matura, mas de qualquer forma eu fiquei cega de raiva quando eu vi ele e a Meddson juntos, tudo o que eu queria era deixar ele com muita raiva também e uma dança bem explícita me pareceu a forma mais rápida de conseguir isso.— Retruquei falando com toda a sinceridade.

Eu admito que me senti muito poderosa podendo deixar o chefe da máfia italiana com tanta raiva a ponto de fazer ele repensar as próprias atitudes, mas mesmo assim não foi a melhor das saídas.

— Ele ficou maluco de raiva.— Bea disse sorrindo.

— Tá vendo? O importante é que funcionou.— Retruquei dando de ombros de forma convencida.

— Mas você conseguiu perdoar ele e hoje são o casal mais lindo que eu já vi.— Ela disse com o sorriso morrendo aos poucos me deixando ainda mais desconfiada.

Se ela me contasse o que está acontecendo eu poderia tentar ajudar de alguma forma, mas com perguntas soltas eu não consigo fazer muita coisa.

— Perdoei, não foi fácil, mas nós dois conseguimos construir um relação.— Respondi tentando identificar no rosto dela se essa é a resposta que ela queria ouvir.

— E como vocês conseguem manter o casamento bem assim? Vocês discutem bastante, mas se amam na mesma medida que se irritam.— Ela questionou fazendo ascender uma luz na minha cabeça.

Ela deve estar secretamente com alguém, e está com muitas dúvidas com o que fazer em relação a isso.

— O maior segredo de um relacionamento é saber que precisamos escolher um ao outro diariamente, não é fácil, mas é a melhor escolha que eu faço todos os dias da minha vida. Eu me casei com ele pelo meu dever, mas escolho o seu irmão todos os dias porque me apaixonei por ele.— Respondi com toda a minha sinceridade e a Bea pareceu absorver cada uma das minhas palavras, balançando a cabeça de cima para baixo em um sinal de afirmação.

— Grazie cunhada.— Ela agradeceu com um sorriso.

Não me aguentei e tive que perguntar.

— Você está com algum problema, Bea?— Questionei olhando nos olhos dela.

— Não, eu só estou pensando em fazer uma viagem depois que o bebê nascer.— Respondeu dando de ombros como se não fosse nada demais.

Resolvi não insistir, se ela não quer me contar eu não posso obriga-la, mas com certeza aí tem alguma coisa acontecendo.

Voltei a minha atenção para as várias roupinhas e sapatinhos que eu escolhi e continuei escolhendo ainda mais.




Algum palpite com o que tá acontecendo com a Bea???
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A Prometida Do Mafioso - Livro 1 da série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora