capítulo 45

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Marco Fontenelle

Depois de passar o resto do dia de ontem transando com a minha maravilhosa esposa no escritório, na sala, na cozinha e no quarto eu consegui ter a primeira noite de sono descente em muito tempo.

Acordei um pouco mais disposto a relaxar no trabalho, desviar um pouco a minha atenção dos problemas e concentrar as minhas energias em outra coisa, então com essa minha nova postura do dia eu aproveitei o tempo livre para ir visitar o Domenico, que é exatamente o que eu estou fazendo agora.

— Ele vai ficar contente de te ver.— Tio Tom disse com um sorriso simpático no rosto.

— Tio, o senhor quer que eu vá avisar que tem visita para ele?— Stella perguntou totalmente solicita.

Pelo que eu pude perceber rapidamente ela ainda não está 100% curada, ainda existem alguns hematomas espalhados pelo rosto, braços e pernas, algumas partes do corpo ainda contam com o apoio de ataduras e curativos, mas fora isso ela está aparentemente bem.

— Claro querida, obrigado.— Ele respondeu e no mesmo momento ela subiu as escadas, ainda com um pouco de dificuldade por que os ossos que foram quebrados ainda não estão completamente curados.

Franzi a testa e olhei para o meu tio exalando um ar de questionamentos.

— Ela te chamou de tio?— Perguntei me sentando no sofá da casa dele.

Acho que já deve ter pelo menos uns sete meses que eu não venho aqui.

— Eu disse a ela pra me tratar assim, é melhor do que ficar me chamando de "senhor" o tempo inteiro.— Ele respondeu dando de ombros e eu balancei a cabeça afirmativamente.

É bom fazer ela se sentir parte da família. A garota está literalmente sozinha no mundo agora.

— Quando a estrelinha me disse que você estava aqui eu quase não acreditei.— A voz do Domenico ecoou pela casa brincalhona como sempre. Ergui o rosto e o vi descendo as escadas com certa dificuldade com sua mobilidade e logo atrás dele a Stella veio caminhando lentamente para o caso do meu primo precisar de alguma ajuda.

Eu achei uma péssima ideia ela achar que poderia segurar ele nessa escada caso acontecesse alguma coisa por dois motivos perfeitamente justificáveis, o primeiro: ela é uma mulher pequena e frágil, e o segundo: ela também está toda arrebentada, tal qual o meu primo.

— Eu não podia ficar muito tempo sem ver como você anda se virando.— Respondi ficando e pé esperando ele chegar até mim para dar um grande abraço no meu primo.

Só agora me dei conta que não o abracei desde que o encontramos, e eu precisava mesmo fazer isso.

— Vou trazer uns biscoitos para vocês.— Stella disse saindo da sala, o meu tio fez o mesmo logo em seguida nos deixando a sós.

— Como andam as coisas?— Perguntei sério olhando nos olhos dele esperando uma resposta sincera.

Dom soltou o ar dos pulmões em um suspiro cansado.

— Eu vivi um inferno naquele cativeiro, mas a minha cabeça fica oscilando entre os momentos que eu vivi lá e o momento em que o Lucien me disse que o Enzo tá morto e que a culpa é minha. Então as coisas não andam muito boas, principalmente aqui dentro.— Ele respondeu batendo com o indicador na cabeça enquanto encosta as costas no sofá com uma expressão de derrota muito grande e dolorida.

Ele já se sentiria culpado o suficiente sozinho, sem precisar que ninguém o incentivasse a isso, o Lucien não precisava ter se responsabilizado por essa parte.

— Não vou perguntar o que aconteceu no cativeiro, quando você quiser me contar você vai fazer isso, mas não foi culpa sua o que aconteceu com o Enzo, e eu me recuso a acreditar que ele esteja mesmo morto.— Respondi tentando passar algum tipo de conforto para ele, mesmo achando que isso é completamente impossível.

Acho que foi por esse motivo que eu evitei vir aqui por tanto tempo depois que ele teve alta do hospital, não queria ter que ver o quando ele está mal com tudo isso.

— Se ele estiver vivo, o que eu acho muito difícil, vai ser por que eu mereço uma chance de redenção nessa vida.— Ele respondeu dando de ombros fazendo um meneio de cabeça logo em seguida.

— Vamos mudar de assunto, acho que isso não anda te fazendo muito bem. Tá cansado de ficar aqui? Já faz umas sete semanas?— Perguntei mudando de assunto respeitando o espaço do meu primo me lembrando instantâneamente do que a minha esposa disse, cada pessoa reage a dor de uma forma diferente.

No mesmo momento a Stella entrou na na sala segurando uma bandeja nas mãos, em cima da bandeja tem duas latas de refrigerantes e uma tigela cheia de biscoitos com gotas de chocolate, exatamente do tipo que eu não como desde que eu passei pela iniciação.

— Grazie estrelinha.— Dom disse sorrindo para a garota que revirou os olhos em sinal claro de reprovação. 

— Já falei para não ficar me chamando de estrelinha.— Respondeu brava fazendo o meu primo rir.

— E eu já falei que quanto mais brava você ficar, mais eu vou te chamar assim.— Domenico respondeu ironicamente.

Eu achei que a Stella fosse responder alguma coisa, mas parece que ela pensou direito e resolveu aderir a outra saída, deu as coisas e foi andando resmungando diversos impropérios diferentes, chamando o Dom de chato e eu acho que ouvi ela afirmando que ele tem a mentalidade de uma criança do quinto ano.

— Respondendo a sua pergunta, eu estou cansado sim, se eu pudesse já teria voltado para casa, aqui o meu único passa tempo é colocar as séries em dia, não aguento mais isso.— Ele disse mordendo um pedaço do biscoito e bebendo logo depois um grande gole de refrigerante reclamando que os biscoitos ainda estão quentes.

Ainda bem que ele mordeu primeiro, assim queimou a ele e não a mim.

— Mas não parece estar sendo de todo ruim, você tem a "estrelinha" aqui.— Falei fazendo aspas com os dedos no apelido que ele deu para a protegida da nossa família.

Domenico revirou os olhos.

— É verdade, ela é uma garota muito boa com um passado bem triste.— Ele Retrucou dando de ombros deixando o assunto morrer.

— E a Karla, hein? Você nunca mais falou nada dela.— Karla é uma espécie de namorada do Domenico a uns dois anos, claro que ele vive falando que ela não é namorada coisa nenhuma, mas a garota afirma o contrário.

— Eu não respondo as mensagens dela já tem um tempo, a mulher é maluca, fica querendo saber onde eu tô toda hora como se a gente tivesse mesmo algum relacionamento.— Ele disse revirando os olhos de descontentamento.

— Bom, vocês estão tecnicamente juntos a dois anos, isso meio que é um relacionamento.— Falei dando de ombros prendendo o riso quando vi a expressão de raiva do Domenico.

Meu melhor passatempo na vida com certeza é irritar ele.

— Só é um relacionamento se as duas pessoas estão de acordo, e eu não estou!— Ele disse levantando as mãos para cima exasperado.

— É para ela que você tem que explicar isso, até lá você está em um relacionamento.— Respondi bebendo o meu refrigerante.

Eu acho que virei um especialista em relacionamentos depois que eu me casei, o meu pai estava certo, um homem só se torna um homem feito de verdade depois de se casar.

— Depois que você casou tá se achando o próprio coaching de relacionamento, o guru do amor.— Disse Domenico em uma clara provocação e zombaria.

Peguei a almofada do sofá e joguei nele com força.

— Sou mesmo, se futuramente você estiver precisando de conselhos pode me procurar, eu arranjo um espaço no dia para te atender.— Retruquei usando o mesmo tom de voz que ele.

A manhã passou assim, da melhor forma possível. Quase fez parecer que nada tinha mudado nesses meses, mesmo eu sabendo que mudaram completamente.

Hoje somos só dois garotos jogando conversa fora de novo.


Oi meus amoressss tudo bem com vocês??
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