Capitulo Especial - As lágrimas de Ticê... E hã... Atreus?

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Em meio a escuridão da densa floresta, Jaci se esgueirava como uma sombra tão silenciosa como a noite profunda a luz do luar… Sendo a deusa da lua, tudo que estava no campo de visão da mesma, ela podia ver, desde que estivesse em terras brasileiras. Ela gostava de fazer isso todas as noites, sair para abençoar as criaturas noturnas, vigiar as mulheres para proteger las dos perigos, manter a noite em ordem, assim como seu irmão, Guaraci mantém o dia. Um trabalho árduo para a rainha dos deuses, mas necessário e ela o ama. Ama essa terra chamada Brasil e todas suas criaturas, desde a menor até a maior delas, afinal, tudo é criação de seu pai Nhamandu, amar tudo que ele fez é mais que sua obrigação e um deleite enorme e satisfatório. Algumas vezes a Caipora a acompanha nas suas atividades, assim como Ceuci, a Iara e a Catxureu, no entanto todas as deusas pareciam indisponíveis hoje, menos uma que está com ela agora. Uma que também costumava fazer essa atividade com ela era a deusa Ártemis, Jaci e ela tinham um ótimo relacionamento, não só por serem deusas da lua, mas por terem muito em comum, claro, excluindo que Jaci escolheu se casar, de resto, ambas tinham pensamentos parecidos sobre muitas coisas e quando Jaci ia ao Olimpo por algum motivo, sempre passava mais tempo com Ártemis. O que irritava bastante Hera, já que Jaci sendo uma rainha, deveria passar o tempo com a rainha do Olimpo, no entanto Jaci se entediava facilmente com Hera. A deusa do casamento só se lamentava pelos seus eternos chifres. Tupã não ia muito com a cara de Zeus, ele gostava mesmo de falar com Héstia e recebia conselhos dela e ironicamente Tupã se dava muito bem com Hades também, para o desafeto de Zeus que achava isso um completo absurdo, no entanto Tupã não dava a mínima para a opinião do rei dos olimpianos. Lembrar de seu marido a fez sorrir, um sorriso brilhante e ofuscante como a lua… Ele está cheio de problemas, não é fácil carregar a coroa de rei dos deuses, ou melhor, Cocar. As vezes ela sente que ele quer explodir tudo com raios, no entanto a paciência, disciplina  e os arrependimentos dos séculos o tornaram o que ele é hoje… Se ele fosse enérgico como ele era no início, com certeza o filho de Anhangá teria sido morto quando foi descoberto e sua alma não ia ter paz ou descanso, pois ela própria ia ser destruída… Tal pensamento deixou Jaci inquieta, se ela se importa com o garoto? Bom, ela não tem nada contra ele. Na verdade o acha bem curioso… Muito curioso, apesar de manter uma opinião de que todo cuidado é pouco. Afinal, ele é filho de Anhangá e o garoto pode ser uma peça chave do tabuleiro que pode ser jogado ou não... Está escrito que no final quando Anhangá e os deuses se enfrentarem em sua última batalha em razão da natureza e a humanidade, Anhangá vai mandar a Onça-Celeste devorar seu irmão Guaraci e ela mesma, a deusa da lua… Marcando o fim do dia e da noite, o início do apocalipse ou o Ragnarok brasileiro como Polo gosta de dizer, o fim da era dos deuses e a morte de todos... Os deuses em sua maioria creem que esse dia nunca chegue se Anhangá permanecer preso e a Onça-Celeste sob supervisão e é isso que ela e seu irmão fazem, a vigiam sempre todo dia e toda noite. Ultimamente eles observaram que a Onça é bem mansa com o filho de Anhangá e está ajudando contra o filho de Thanatos e Freya, no entanto… Todo cuidado é pouco e todo risco precisa ser precisamente calculado… Esta

 Com esses pensamentos fixos, Jaci se permitiu parar um pouco, sua presença divina estava quase toda aqui no momento, ela não estava se dividindo em outro lugar agora e desde que começou sua rotina, percebeu uma coisa… A floresta está calma, as criaturas quietas… o próprio ar estava em silêncio… Era como se sua influência divina estivesse sendo dividida ou reduzida... O que isso poderia significar? 

-Sente isso, querida Tainacam? - perguntou ela para a Deusa das Estrelas que saiu de seu conforto nos céus para acompanhar sua rainha em sua caminhada noturna. Tainacam quase nunca sai de sua esfera de controle nas silenciosas estrelas e o fez a pedido de sua rainha. 

-Sinto… - respondeu ela pensativa. - Achei que o Muiraquitã tinha resolvido isso… Sinto como se toda vida estivesse com medo e mudando… Nosso domínio está se enfraquecendo novamente… A razão disso é o quê? Esse novo deus chamado Athos? Ou os demônios do abismo emergindo em nossas terras? 

Livro 3: Kauê e os filhos da Amazônia - O Sangue De EldoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora