A História De Ariel

CAUSA E EFEITO PARTE 3

Georgina ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Vale. A confissão a pegou de surpresa, e sua mente começou a trabalhar para entender a complexidade da situação que sua amiga estava enfrentando.

— Vale, isso é... é muito. — Georgina finalmente disse, buscando as palavras certas. — Mas você ainda é você. Não importa o nome que tenha, ou a história que carrega. Você é uma amiga incrível, e isso é o que realmente importa.

Vale olhou para Georgina, seu olhar cheio de dúvidas e dor.

— Mas e se eu não souber quem sou? — ela perguntou, a voz trêmula. — E se eu não conseguir encontrar a minha verdadeira identidade? Eu me sinto perdida, como se estivesse vivendo uma mentira.

Georgina sentiu a angústia de Vale em seu coração. Ela se lembrou de todas as vezes em que também havia se sentido perdida, mas sempre encontrou um caminho de volta por meio das amizades que cultivou.

— Olha, eu não tenho todas as respostas, mas uma coisa eu sei: você não precisa enfrentar isso sozinha. Estamos aqui umas para as outras. — Georgina afirmou, segurando a mão de Vale. — Podemos explorar isso juntas. Você pode me contar mais sobre quem você era, sobre sua irmã, sobre seus sonhos. Vamos descobrir isso juntas.

Vale olhou para a mão de Georgina que segurava a sua, sentindo um calor reconfortante.

— Eu só queria que fosse mais fácil. — disse Vale, com lágrimas nos olhos. — Eu queria ter minha irmã ao meu lado. Ela sempre foi a parte de mim que me fazia sentir completa.

Georgina se lembrou da conversa que teve com Ariel sobre sonhos e esperanças, e como a amizade delas havia se tornado um refúgio.

— Então vamos fazer isso. Vamos encontrar sua irmã, se você quiser. — Georgina sugeriu, determinada. — Não importa o quanto demore, nós vamos procurar por ela. Você não está sozinha nessa.

Vale sentiu um fio de esperança se acender dentro dela.

— Você realmente faria isso por mim? — perguntou, a incredulidade em sua voz.

— Claro! — Georgina respondeu, com um sorriso encorajador. — Você é minha amiga, Vale. E eu acredito que você é muito mais do que apenas um nome. Você é uma pessoa cheia de luz e amor, e eu vou fazer o que for preciso para ajudar você a encontrar sua verdadeira essência.

Vale sorriu, a gratidão preenchendo seu coração.

— Obrigada, Georgina. Você é a melhor amiga que eu poderia ter.

As duas se levantaram e, juntas, caminharam de volta para o orfanato, onde as outras crianças estavam se preparando para a festa. A sensação de união e amizade envolvia o lugar, e Vale percebeu que, apesar de suas inseguranças e de sua busca por identidade, ela tinha um lugar onde pertencia.

Georgina tocou na testa de Vale e se preocupou ao ver que a menina estava com febre.  Ela imediatamente levou a amiga até o seu dormitório e saiu correndo em direção a cozinha onde Gustavo e Cris conversavam com Justina, a cozinheira do orfanato.  

— Tia Justina, tem algum remédio pra febre, a Valeria tá passando mal! — Georgina tinha uma expressão aflita. 

Justina, percebendo a urgência na voz de Georgina, imediatamente se levantou e seguiu a menina.

— Claro, minha querida! Vamos ver o que podemos fazer. — disse Justina, com um tom calmo, mas firme, enquanto se dirigia para a despensa.

Tomas e Ariel que haviam ouvido os gritos de Georgina, seguiram as duas até o dormitório. Ao entrarem, encontraram Vale sentada na cama, com a cabeça baixa e a palidez visível em seu rosto.