A LUZ DO AMOR PARTE 5

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No dia seguinte, todos acordaram com o brilho do sol, prontos para fazer a grande surpresa que Ariel merecia. Vale desceu ao andar de baixo eufórica e animada. 

Ali ela viu uma mulher loira que preparava o café da manhã para Ariel e sentiu um calor reconfortante ao ver aquela cena, sem imaginar que a mulher era seu eu do Futuro, Vale observou seus trejeitos e sorriu ao ver o carinho com o qual a mulher organizava os morangos com chocolate em espetinhos de madeira e usava o chocolate restante para fazer mini trufas e levá-las a geladeira. 

Ela cogitou abordar a mais velha e cumprimentá-la, mas a mais velha mais adiantada olhou a menina com um olhar de ternura e complacência. 

Ela moveu a mão para pausar o tempo e se dirigiu até sua versão infantil, as duas se olharam e a mais velha abraçou a pequena. 

Ali as palavras não faziam falta, aquele abraço era uma reconciliação necessária para ambas.  

— Se encontrar sua chiquitita não a deixe ir. 

— Oi?  — Vale olhou a mulher com curiosidade. 

— Sei que você tá fazendo uma música pra Ariel.

— Como você sabe?

— Eu só sei, eu te amo, você é uma menina forte e valente e você vai realizar todos os seus sonhos.  — a mais velha falou com carinho. — Você é parte de um ciclo sem fim pois você tem um coração peculiar e a vida é resistência. 

Vale ficou ali, envolvida no abraço da mulher, sentindo uma conexão inexplicável, como se estivesse sendo acolhida por uma versão mais sábia e experiente de si mesma. A atmosfera ao redor delas parecia vibrar com uma energia mágica, quase como se o tempo tivesse realmente pausado, permitindo aquele momento de intimidade e compreensão mútua.

Quando a mais velha mencionou a "chiquitita", Vale sentiu seu coração acelerar. Havia tantas perguntas que ela queria fazer, tantas coisas que queria entender, mas ao mesmo tempo, uma paz tomou conta dela, como se tudo que precisasse saber estivesse naquele abraço e nas palavras gentis que ecoavam em sua mente.

— Como você sabe tudo isso? — perguntou Vale, mais por impulso do que por uma necessidade real de resposta. A mulher apenas sorriu, um sorriso carregado de mistério e carinho.

— Porque eu tenho um sexto sentido, Vale. E, em algum momento, todas as peças da sua vida vão se encaixar. Continue seguindo seu coração e cuidando daqueles que você ama. As respostas virão quando você estiver pronta.

Vale sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha, mas não era de tristeza. Era uma emoção avassaladora de sentir-se compreendida, de ter alguém que podia ler sua alma e adivinhar suas angústias. A mulher limpou a lágrima suavemente e se afastou, ainda mantendo aquele olhar afetuoso.

— Lembre-se, pequena: a vida é resistência. E cada ato de amor, por menor que seja, faz toda a diferença. — A mulher tocou o rosto de Vale uma última vez antes de dar um passo para trás.

E, num piscar de olhos, o tempo voltou ao normal. A cozinha estava novamente cheia dos sons típicos da manhã, com o aroma dos morangos com chocolate enchendo o ar. A mulher mais velha se dirigiu ao quarto de Ariel e Vale estava sozinha, de volta à realidade.

Ainda um pouco atordoada, Vale olhou ao redor, meio esperando ver algum resquício do que acabara de acontecer. Mas tudo parecia tão comum, como se aquela interação mágica não tivesse passado de um sonho.

No entanto, havia algo diferente dentro dela. Aquele breve encontro a tinha fortalecido de uma forma que ela ainda não conseguia expressar em palavras. Ela sabia que precisava continuar seu dia, ajudar nas preparações para o aniversário de Ariel e Abril, e criar a música que tinha em mente. Mas agora, havia uma certeza silenciosa em seu coração: ela era parte de algo maior, algo que ainda estava por vir.

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