Case-se

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Minatozaki Sana, 15 de Maio de 2008

O despertador realmente foi agressivo naquela manhã, gritando ao meu lado, não me dando a chance de tirar um pequeno cochilo, e mesmo se eu quisesse, não seria possível, abrindo os meus olhos e venho a pequena bebê já me encarando, ainda quieta e sonolenta, distraída o suficiente com a sua meia, sugando a sua chupeta, como se dissesse "vamos, mamãe, levante, eu preciso comer", ultimamente acordar e me observar estava sendo o seu maior passatempo, bom, melhor do que tentar descer da cama sozinha, o que de fato para uma bebê de onze meses, era um pouco perigoso. 

Me espreguicei mesmo contragosto, rindo quando Agnes sorriu, se sentando e tirando a sua chupeta, se jogando em cima do meu corpo como uma clara comemoração por eu ter acordado finalmente, aquela sua fase desde então estava sendo a mais engraçada, mas de longe a mais fácil, dizer não a um bebê extremamente curioso, as vezes era um pouco complicado, não reproduzir de fato, mas o choro extremamente manhoso que se tinha depois da negação, esse doía até a minha alma, mas eu era firme, confirmando a ela que não, era não e ponto final. Acho que ela estava começando a aprender sobre isso, aos poucos, mas estava. 

- Bom dia, minha pequena bolinha de energia, não quer deixar a sua mãe dormir mais um pouco? - perguntei, como se a sua resposta realmente fosse decidir aquilo, me fazendo rir assim que ela me observou, tirando a sua chupeta, mas logo indo atrás dela, a deixando na sua mão - Tudo bem, eu acho que está na hora de levantarmos. 

Deixei o chuveiro ligado para que a água esquentasse conforme retirava o pijama de Agnes, a nossa rotina matutina não era muito diferente no dia a dia, a não ser a parte em que agora ela estava aprendendo a andar e tentava sair sem roupa alguma pelo nosso pequeno apartamento, era engraçado, mas trágico quando estávamos atrasadas, o que raramente acontecia, atrasos na nossa vida não poderia acontecer, de forma alguma. Acho que... tudo já era complicado o suficiente para que complicássemos ainda mais. 

- Ah, então hoje você resolveu experimentar o gosto do seu patinho roxo? Como é? Tem um gosto interessante? - Agnes respondeu, verdadeiramente concentrada, em sua língua, a qual eu fingia sempre entender e interagir, respondendo como um verdadeiro debate, naquele meio tempo de maternidade eu havia aprendido que para manter um bebê concentrado, era apenas iniciar um diálogo, e eu colocava isso em prática nas manhãs nas quais eu tinha que lavar o seu cabelo, coisa que... digamos que ela não era muito fã desde que nasceu. 

Abotoei o seu casaco e depois de enche-la de beijos e cafunés, pude me afastar o suficiente apenas para fazer a sua mamadeira, as vezes não aguentando mais a mesma música do mesmo desenho, todos os dias no mesmo horário, mas ela gostava, e isso a mantinha um pouco quieta durante um certo período, então eu engolia o meu enjoo e a minha vontade de perguntar como ela aguentava, e apenas dava uma risada, com ela dançando no meio da sala, com os olhinhos ainda inchados e sonolentos. 

Peguei a sua medicação, sentindo o meu coração doer um pouco em constatar que estava no final e que mais uma vez, seria uma luta para conseguir uma nova, tentei usar menos do que o habitual, afim de economizar até o meu próximo pagamento, fazendo rapidamente várias anotações em minha mente, o remédio de Agnes, a conta de luz e de água, o aluguel, céus, sim, eu tinha que urgentemente pagar o aluguel, ele já estava atrasado e digamos que a dona Emma não era tão generosa como eu pensei que era, tinha que pagar a escolinha de Agnes. Ok... era muita, muita coisa de uma vez só e eu só... precisava respirar um pouco.

Mas eu não podia, eu não podia e nem conseguia respirar nos últimos tempos. 

- Aqui, minha pequena, tenha um ótimo café, quero ver essa mamadeira vazia, está bem? - sorri suavemente assim que ela se deitou no sofá, acariciando o meu rosto com a sua mãozinha pequena e gordinha, mania essa a qual eu sempre amei pra falar a verdade, ter os seus carinhos era o que me fazia lembrar o motivo pelo o qual eu acordava todos os dias e colocava em mente que... em algum momento, a sorte estaria do nosso lado, e que tudo poderia dar certo, que tudo um dia, daria certo para nós.

Ah, e eu precisava fazer compras também, não aguentava mais comer o mesmo todos os dias de manhã e o meu estoque de macarrão pronto já estava acabando, junto a papinha de Agnes. Ok, Sana, não pense muito agora, isso pode estragar o seu dia, isso vai estragar o seu dia. 

Me sentei na janela assim que entramos no ônibus, aquele lugar sempre foi o favorito de Agnes, o jeitinho que ela olhava para a movimentação na avenida não se comparava a mais nenhum momento, curiosa e encantada com carro, moto ou pessoas que passava, me olhando quando o ônibus parava e batendo suas palminha assim que ele voltava a se movimentar. Acho que aqueles pequenos momentos, eram os quais eu entendia o motivo pelo o qual aceitei ser mãe apenas com dezenove anos, e não cogitei a possibilidade dos meus pais ou "namorado", em abortar na época. Eu sabia que... em algum momento, eu entenderia o motivo pelo o qual não havia aceitado aquilo, e... quando eu via o sorriso de Agnes, eu finalmente entendia, que eu vivia cem por cento pra ela e por ela. 

- O remédio dela está na bolsa, no bolso da frente - informei a professora, que assentiu, pegando Agnes em seus braços - Tchau, filha, até mais tarde.

Fiz um pequeno biquinho assim que vi a sua feição chorosa, mas soube que isso logo passaria, corri até o ponto de ônibus, indo em rumo ao meu trabalho, garçonete em um bar, digamos que... não era o melhor emprego para uma mulher na casa dos seus vinte anos, mas era o que pagava as minhas contas, o remédio de Agnes, era o que nos deixava vivas, então eu engolia fortemente qualquer tipo de assédio que recebia de homens bêbados, sóbrios, casados, solteiros, novos, velhos, as vezes era só... sufocante demais, mas eu tinha que fazer aquilo, eu não tinha outra escolha no entanto.

- Bem na hora, temos uma grande festa hoje - Momo murmurou, empurrando o meu avental. 

- Festa? Agora? As oito da manhã? 

- Acredite, Sana, ricos não tem hora para absolutamente nada - eu vi o exato momento que uma grande quantidade de pessoas entraram no bar, homens mais velhos, sociais, pessoas de negócios, com possíveis grandes empresas, acompanhadas das suas esposas, aparentemente, olhei para Momo, a desejando boa sorte assim que se dirigiu para atendê-los, me deixando um pouco nervosa pra falar a verdade. 

Esse tipo de pessoa, principalmente as mais velhas, céus, as vezes eram tão asquerosos de serem lidados, a quantidade de assédio era enorme, piadas e comentários desnecessários que fazia o meu estômago revirar só de pensar em cada um que já escutei, além de acharem de que só porque tinha dinheiro, poderia tratar qualquer funcionário de uma forma péssima e chula, isso me dava nos nervos, mas a minha mantra se mantinha firme e forte.

Eu preciso disso, a Agnes precisa de mim e eu preciso desse emprego. 

- Comemoração de aniversário - Momo sussurrou, assim que voltou com alguns pedidos - A filha de um deles está fazendo aniversário, fala sério, eles estão pedindo vodca as oito da manhã?!

- É, pelo o jeito o café deles é diferente do nosso - respondi, começando a me preparar para as entregas dos pratos.

Respirei fundo, preparei a minha paciência, a qual pra falar a verdade eu tinha de sóbria, sendo vantagem de ser mãe solo, isso foi adquirido durante o tempo, arrumei os copos e os pratos em minha bandeja e caminhei até a enorme mesa, dando um curto aceno a todos, começando a servi-los, calada, afim de não chamar nenhuma atenção, e estava funcionando. 

- Agora que Tzuyu completou vinte e três anos, podemos nos aposentar a qualquer segundo - uma senhora falou, eu olhei rapidamente, mas não a tempo de saber quem era a aniversariante da mesa. 

- Pra falar a verdade não - um homem falou, um pouco triste - Só podemos nos aposentar assim que essa cabeça de vento se casar.

- Nunca então. 

Meus olhos flagraram uma mulher dizendo aquilo, recebendo o olhar de repreensão dos mais velhos, ela deveria ser a aniversariante. Dei de ombros apenas para mim mesma, voltando até o balcão, para pegar mais dos pedidos, voltando em seguida, vendo que o ar da mesa havia mudado completamente.

- Tzuyu, nós já conversamos sobre isso.

- E eu já disse que posso controlar a Yukon Chou sem depender de uma esposa para isso, pai. Eu não quero e nem vou me casar - fiquei verdadeiramente curiosa com a conversa, servindo o vinho em uma taça, lentamente de uma forma proposital. Vi o momento que o senhor, o qual havia sido chamado de pai por ela, se virou, com um olhar fuzilante, eu fiquei com medo daquele olhar, mesmo ele não sendo direcionado a mim, e esperei pela a sua fala.

- Você quer se tornar a mais nova dona da empresa Yukon Chou, Chou Tzuyu?

- Sim, eu quero.

- Então case-se.

My dear wife - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora