My dear wife - Satzu

A volta da esperança

- Certo, Tzuyu, me escute - Christopher começou, fazendo com que os meus olhos fossem cem por cento atentos a ele - Agnes está consciente, não sabemos o grau de comunicação dela, por ser uma bebê de um ano, creio que ela não fala muitas palavras, estou certo?

- Ela fala... mamãe Tzu e mamãe Nie - ele sorriu.

- Ótimo, os exames sobre a posição de um novo tecido para o cérebro irão sair em pouco tempo, se ela te reconhecer, se ela falar com você, isso significa que a parte mais importante da operação foi sucedida com sucesso.

- E se... ela não me reconhecer? Se ela não interagir comigo? - Christopher suspirou, e cada suspiro lamentoso que aquele homem soltava, eu sentia o meu coração morrendo. 

- Significa que terá chances dela ficar sem os movimentos básicos, uma perca de memória razoável, mas eu acredito que nada disso irá acontecer, eu a vi se mexer enquanto a enfermeira tirava um pouco de sangue para a análise, isso é algo positivo. Tenha esperança.

- Eu só tenho a esperança de qualquer forma - murmurei, ele assentiu.

- Outra coisa, Agnes precisa se alimentar, aqui tem leite materno pegado do centro de doação, ela não irá conseguir comer nada concreto agora, mas isso pode ser bem vindo pelo o organismo dela, temos que ter a certeza que tudo dentro dela está funcionando depois da operação, digo isso pois a falência de órgãos é uma coisa delicada de ser avaliada, se ela tomar esse leite, e depois expelir ele de uma forma normal e saudável, é porque temos um ótimo funcionamento dentro do organismo dela. Antes, quero que vista essa roupa e use máscara, apenas para evitar que qualquer bactéria possa ser passada para ela. 

Eu logo o fiz, sem questionar, reclamar ou querer mais informações, peguei a mamadeira e o segui, a porta foi aberta, ela estava distraída, um pouco sonolenta, meu coração bateu fortemente, desejando tanto que ela me reconhecesse e gritasse o seu único "mamãe Tzu", ou ao menos demonstrasse alguma animação ao me ver. Prendi a respiração quando os seus olhinhos manhosos pousaram em mim, ela me encarou, e eu pude ter a certeza que renascia pela a segunda vez quando Agnes abriu um enorme sorriso, com os seus dentes pequenos e alguns ainda por vir, o sorriso mais lindo do mundo.

- Mamãe Tzu! - disse, com a voz fina, alegre, como sempre foi, rapidamente eu escutei a respiração aliviada de Christopher atras de mim e corri até a menina, querendo arrancá-la daquela cama, daqueles fios que estavam conectados em seu corpo, eu queria abraçá-la, tê-la em meu colo, sentir o seu pequeno corpo contra o meu, em uma abraço que dizia que eu nunca mais a soltaria. Mas eu não pude fazer isso. 

- Oi, mini brócolis... - sussurrei, apenas porque minhas lágrimas não deixavam a minha voz clara o suficiente, fechando os olhos quando a sua mão tocou o meu rosto, me reconhecendo, sabendo quem eu era - Mamãe Tzu está aqui, filha... eu estou aqui e vai ficar tudo bem, eu prometo - garanti a ela, segurando a sua mão na minha, seus dedos segurando dois dos meus, como sempre fez, ela sabia, ela me reconhecia, reconhecia as nossas manias e as nossas formas de demonstrar afeto uma a outra.

Agnes estava bem ali. 

- Eu vou deixá-las sozinhas - Christopher disse, sabendo que aquele momento era mais do que importante, não só pra mim, mas como para Agnes também - Não esqueça, Tzuyu, ela precisa se alimentar bem.

- Tudo bem, eu vou cuidar disso - garanti, o vendo sorrir e sair logo em seguida, deixando que os meus dedos tocassem a bochecha ainda um pouco pálida de Agnes, ela ainda me observava, esperando algo - Você precisa ficar bem - comecei, deitando minha cabeça sobre o seu travesseiro, sorrindo quando ela se deitou também, se virando para me encarar - A mamãe Sannie irá ficar bem em breve junto a sua tia, e iremos pra casa, está bem?