Sana andava de um lado para o outro aflita, eu não poderia julgá-la, talvez eu vou estivesse tão nervosa quanto ela e com certeza eu estava. Arrumei mais do que depressa o quarto aonde estávamos, escondendo os vestígios do que havíamos acabado de fazer, enfiando a camisinha jogada em cima da cama, no fundo da lixeira, voltando até ela assim que o barulho da campainha se fez presente. Sana me olhou, mordeu os lábios e abriu a porta, meu coração batia em minha garganta e isso não passou, pra falar a verdade isso só piorou quando a mulher se revelou.
Segurando Agnes em seus braços, a irmã de Sana me analisou dos pés a cabeça, com as suas sobrancelhas unidas, me mostrando desgosto, deixando com que eu me remexesse sobre os meus pés, um pouco mais do que desconfortável, seus olhos rapidamente foram para Sana, de uma forma na qual conversara entre linhas invisíveis falando algo como "eu esperava mais de você", ou algum julgamento semelhante a esse.
- Oi, Jihyo - Sana disse, tentando parecer coerente, menos nervosa, eu tentei ajudar, oferecendo um sorriso - Te deu trabalho nesse meio tempo? - questionou se dirigindo a Agnes, a pegando em seus braços.
- Entre, fique a vontade - eu falei, dando alguns passos para o lado, o seu silêncio me matava cada vez mais, e eu tinha certeza, que matava Sana também, os seus dedos um pouco trêmulos me denunciava isso.
Ela entrou, podendo olhar, observar cada centímetro do apartamento, verificando arduamente alguns brinquedos espalhados sobre a sala, os quais quase nunca arrumávamos pois sabíamos que eram os preferidos de Agnes. Ela andou até o sofá e girou sobre os seus calcanhares, mãos atrás das costas, olhando diretamente pra mim, me vendo até mesmo engolir seco.
- Chou Tzuyu - começou, a sua voz era um estrondo voraz, como uma verdadeira leoa, quis arregalar os meus olhos, mas não o fiz, apenas andei em sua direção, alguns passos a frente de Sana - Namorada da minha irmã?
- Eu mesma - assenti, lembrando que se havia convencido a minha mãe, poderia convencer a irmã da Sana sem problema algum.
- Sana nunca me disse que se relacionava com mulheres. Isso é novo pra mim, Sana - Jihyo argumentou, descendo os seus olhos até Sana, que também se colocou mais a frente, ao meu lado - Eu sou a sua irmã, por que não me disse que estava namorando? A quanto tempo estão juntas?
- Calma, Jihyo, pelo amor - Sana murmurou - Eu não disse pois... eu estava com medo da sua reação, você sabe. Apenas queria ter garantia que eu e Tzuyu daríamos certo, uma estabilidade antes de anunciar publicamente, me entende?
- Você sempre me contou tudo, Sana.
- Eu sei, eu sei... só... é muita informação está bem? Eu e Tzuyu nos apaixonamos muito rápido, não tivemos tempo para muitas coisas.
- Aonde se conheceram?
E lá vamos nós para as mesas perguntas.
- Nos conhecemos no bar aonde Sana trabalha. Em uma comemoração de algo promocional da empresa aonde eu trabalho - menti - Isso já faz um tempo. Me apaixonei por Sana no momento em que os meus olhos pousaram nela, e isso, não é mentira.
- Comemoração promocional? É sério isso? - Jihyo perguntou de uma forma irônica, como se pudesse detectar a nossa mentira, a minha mentira.
- A Yukon Chou sempre tem comemorações promocionais.
- Yukon Chou? Essa empresa... não é uma empresa de carros?
- Sim, é. Os meus pais são donos dela - os seus olhos me fitaram mais uma vez, depois para Sana e depois pra mim de novo.
- Você é filha única? - eu dei uma meia assentida, com medo da sua conclusão - Consequentemente, a única herdeira? - concordei mais uma vez - Sobre muitos registros jurídicos... pessoas pendentes sobre uma herança, precisam ser casados para adquirir tal bem.
Como ela...
- Está usando a minha irmã pra conseguir a empresa dos seus pais, Chou Tzuyu?
- Não! - Sana rapidamente respondeu, colocando Agnes em meus braços, caminhei para longe daquela conversa com a menina já sonolenta, não sendo muito difícil quando ela deitou sua cabeça sobre o meu ombro - Pare de fazer essas acusações, Jihyo.
- Você é cega ou você se faz? Ela está te usando, Sana. Ah não ser que você tenha concordado com isso pra obter os remédio de Agnes de uma forma fácil.
- Caralho... - murmurei contra a porta do quarto de Agnes, ouvindo a conversa, mesmo de uma forma abafada.
- Para! Qual é o seu problema em acreditar que as pessoas podem se apaixonar de verdade?
- Você se apaixonou de verdade uma vez, Sana, e sabe qual foi o resultado dessa sua paixão? Uma filha, Sana! Uma filha e um pai que a abandonou! O resultado dessa sua paixão foi ter que se dobrar em mil, trabalhar em um lugar baixo apenas para poder colocar comida no prato da sua filha e ainda sim, deixar que muitas outras coisas faltassem. Esse é o meu problema em acreditar nessa sua paixão de verão!
- Foi por esse exato motivo pelo o qual eu não te apresentei Tzuyu, por causa desse seu show.
- Desculpe caso a minha demonstração de cuidado, pra você, é visto como um show, Sana.
- Só... para... - escutei Sana suplicar - Para... por favor para. Tzuyu não é uma pessoa ruim, eu sei bem aonde estou me metendo, Jihyo.
- Você me disse a mesma coisa quando se tratava-
- Para de comparar o que aconteceu sobre o que está acontecendo agora! A Tzuyu não é igual a ele! Isso já se foi! Pare de tomar as minhas dores!
- Tudo bem.
- Jihyo...
- Tudo bem, Sana. Boa sorte, isso é a única coisa que eu te desejo. Boa sorte.
E com isso, escutei apenas a porta principal bater, meus olhos se abaixaram, olhei para Agnes adormecida em sua cama e decidi ir até a sala, Sana respirava fundo, tentando controlar o seu choro, mas isso morreu quando a puxei para um abraço, o mais apertado que eu poderia dar, sentindo as suas mãos agarrarem a minha camisa e os seus soluços serem perceptíveis sobre os meus braços, não demorando para que eu sentisse suas lágrimas caindo sobre a minha camisa, ultrapassando até a minha pele. Meus olhos se fecharam também, e eu me cobrei, sobre aonde eu estava colocando Sana e sua filha, aonde eu estava deixando tudo aquilo chegar, em como eu estava a trazendo problemas e mais problemas. Não era pra ser assim.
Não deveria ser assim. Deveria apenas ser um plano frio e calculista, aonde foi que eu perdi o controle? Por que raios eu havia me aproximado mais do que devia? Eu não deveria ter me aproximado, eu não deveria ter lhe beijado, eu não deveria ter lhe tocado. Qual era a porra do meu problema? Eu tinha apenas que executar o meu plano. E estava o executando da forma errada.
- Me desculpe... - murmurei contra os seus fios - Me desculpe... não era pra ser assim...
- Está tudo bem... - respondeu, ainda contra o meu peito - Jihyo é assim mesmo... eu vou tentar conversar com ela mais uma vez.
- Não era pra ser assim...
- Tzu... - ela chamou, tirando o rosto afundado sobre meu peito, segurando o meu rosto, fazendo com que os meus olhos se abrissem - Está tudo bem. Eu quis fazer isso, estamos fazendo isso juntas, e vamos até o final com isso, está bem?
- Deveríamos desistir...
- Agora? Tzuyu, os seus pais já estão animados sobre isso, pelo amor de Deus, não queira desistir tão perto assim.
- Isso não está fazendo bem a você, Sana...
- Foi apenas uma discussão entre eu e a minha irmã mais velha - ela sorriu, o contraste sobre as lágrimas foi mais do que dolorido para mim - Bom, você não deve saber já que não tem irmãos, mas... isso é normal, discussões assim, são normais. Estaremos de bem em breve, eu juro. Vem, vamos terminar o nosso almoço.
Eu a segui até a cozinha, apenas cogitando e martelando, a olhando, doendo. Não era pra ser assim. Eu não deveria estar gostando dela.
Eu não deveria ter me apaixonado por ela.
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My dear wife - Satzu
Fanfic- Você quer se tornar a mais nova dona da empresa Yukon Chou, Chou Tzuyu? - Sim, eu quero. - Então se case. "Baseado em Purple Hearts"