My dear wife - Satzu

O acidente

Chou Minatozaki Tzuyu

Eu de fato odiava trabalhar de sábado, apenas por ter estabelecido uma rotina incrível com Sana e Agnes, envolvendo todo o nosso final de semana, e odiava a ideia de ter que ficar no escritório até as sete e não poder ficar com as duas, as vezes no parquinho favorito de Agnes, as vezes em uma sorveteria, ou até mesmo na área de lazer do nosso condomínio, não importava muito, estando com elas era o que importava. Não pude deixar de me sentir uma péssima esposa e uma péssima mãe por ter que passar mais algumas horas do nosso sagrado final de semana, corrigindo verbas e analisando gráficos, quando pra falar a verdade, a única coisa que eu queria era escutar o alto e potente "mamãe Tzu", ou até mesmo, "Chou Minatozaki Tzuyu, você deixou a toalha molhada em cima da nossa cama de novo!". Uau, eu realmente tinha uma família. 

Decidi ligar para Sana, estava perto do fim do meu expediente, avisaria sobre arrumar Agnes e se arrumar, para que pudéssemos jantar fora, em uma forma de redenção sobre a falta da minha presença, mas ela não atendeu. E quando o meu pai entrou em minha sala, mais do que furioso, eu entendi o porquê Sana não havia atendido.

E nunca mais me atenderia. 

- O que é isso? - ele perguntou, com um tom no qual tentava ser controlado, jogando o seu celular em cima da minha mesa, me assustando com tal ato, apenas por saber sobre a sua alma de budista e vê-lo irritado daquela forma, significava que o pior havia acontecido - Então o seu relacionamento com Sana não se passava de um plano pra conseguir a empresa, Chou Tzuyu?!

- C-como... como você conseguiu isso aqui? - questionei, ao ver a foto do pequeno rascunho das minhas anotações perante o começo do nosso plano, jurando que havia dado fim naquilo. 

- A irmã da Sana mandou isso pra sua mãe. Diga que isso é mentira. Me diga que isso é mentira, Tzuyu. 

- Pai... eu... - sussurrei, não tendo coragem nem mesmo para olhar em seus olhos, mas eu o fiz quando ele negou, passando os dedos por seus fios brancos, irado - Olha isso foi apenas no começo, está bem? Bem no começo, nós nos apaixonamos de verdade-

- Então toda essa história era encenação?! Desde quando isso, Chou Tzuyu?

- Foi apenas no começo!

- E quando foi o "começo"?!

- Na... primeira visita que vocês fizeram, ainda estávamos... sobre o plano, mas assim que vocês se foram, nós duas-

- Chega! - gritou, eu me calei no mesmo segundo, recuando os meus ombros - Por que, Tzuyu? Por que eu pensei que você teria jeito? Por que eu confiei em você, Tzuyu? Por qual motivo eu acreditei em você?! A droga da sua mãe estava certa. 

- Pai...

- Calada! - mandou novamente, eu obedeci - Você nem ao menos se esforçou para fazer isso da forma certa! Tem certeza que é a minha filha? Você tem certeza que é uma Chou? Olha, Tzuyu, eu já senti muitas coisas por você, muitas coisas que um pai pode sentir por uma filha, mas eu nunca, nunca me senti tão decepcionado, tão envergonhado. Eu achei que você realmente estivesse criando uma família-

- Eu estou! Eu estou criando uma família! Eu amo as duas! Nós nos amamos de verdade, olha isso não importa mais! Isso foi no começo, agora tudo, tudo isso, o nosso casamento, tudo foi de verdade! Eu juro!

- E você acha mesmo que vou acreditar em você? O que significou tudo isso, Tzuyu? É algum tipo de rebeldia? Algum tipo de rebelião? Eu te dei tudo, Chou Tzuyu, tudo o que você quis, tudo o que você pediu, eu te dei carinho, te defendi inúmeras vezes dos ataques da sua mãe e é assim que você me recompensa?

- Não, você nunca me deu nada. Nada do que eu realmente precisava - rebati - Você e a mamãe só queriam uma filha pra ter algo para amostrar além do seu dinheiro e da sua fama, então não diga essas coisas, pois você sabe que é mentira.