Minatozaki Sana
Eu terminava de limpar algumas cadeiras antes de finalmente fechar o meu turno, ansiosa para chegar em casa, mesmo não podendo esconder como Tzuyu havia ficado esquisita na noite passada pela a visita de Jihyo ao seu apartamento. Não me incomodaria caso o seu silêncio não fosse mais do que audível pra mim, e também a forma que se esquivou quando tentei me aproximar, ou como cortava as pequenas conversas que eu tentava começar. Pensativa e dispersa, ela foi dormir bem mais cedo que o normal, e naquela noite, não se agarrou ao meu corpo, me deixando um pouco confusa quando acordei, e ela já não estava mais em casa. Eu deveria conversar com ela, e dizer que Jihyo não atrapalharia em nosso plano, se ela ao menos me ouvisse claro.
"Não poderei te buscar hoje."
A sua mensagem foi direta, me fazendo digitar um simples "ok" como resposta. Bruce me acompanhou até o ponto de ônibus e ficou ao meu lado até que o meu passasse, e por mais quieto que ele fosse, não iniciando nenhuma conversa, a sua companhia foi mais do que necessária. Meu corpo relaxou quando peguei Agnes em sua creche, o seu sorriso foi capaz de tirar qualquer pensamento repetitivo em minha mente, e não foi muito diferente conforme voltávamos para casa, ganhando os seus olhos curiosos por tudo e por todas, acenando para pessoas que passavam ao nosso lado e me contando como havia sido o seu dia, claro, se eu entendesse a sua língua primária.
Deixei nossas bolsas mais ao canto, caminhando até o seu quarto, separando a sua roupa e indo em direção ao banheiro, parando no meio do trajeto ao perceber mudanças sobre o quarto de hóspedes. Eu acendi a luz, vendo que... as minhas coisas estavam ali de volta, a mudança do quarto de Tzuyu para aquele quarto aconteceu de repente, e isso me indicava, que ela não me queria mais no seu quarto, dormindo na sua cama ou usando o seu banheiro, não foi difícil entender isso, o difícil foi entender o motivo. Pisquei um pouco, perdida e confusa, mas tratei de ignorar, apaguei a luz e voltei a minha atenção para Agnes, rindo com as suas pequenas graças na hora do banho.
As vezes eu escutava breves movimentações sobre o quarto de Tzuyu, me indicando que ela estava por ali e que ela sabia que eu também estava, mas colocando em minha cabeça que se ela não foi me cumprimentar, é porque não queria, e eu não iria atrás dela no entanto.
- O que deseja para o jantar hoje, minha pequena bolinha de energia? - questionei a Agnes conforme colocava a sua fralda, a sua resposta foi objetiva, um grito determinado, voltando a experimentar o gosto da sua meia, eu ri e concordei - Tudo bem, podemos ter meias para o jantar. Hora do seu remédio.
A deixei sentada sobre a sua cama, me sentando na sua frente, mostrando a ela o líquido transparente subir pelo o frasco, pingando contra a colher lentamente, fazendo o famoso aviãozinho para que ela aceitasse, e não foi algo complicado, ela sabia que aquilo era para o seu bem, e não demorava muito para aceitar. Logo a sua atenção se prendeu contra a TV e brinquedos coloridos e barulhentos, podendo me dar o tempo em preparar o nosso jantar, tendo o impasse de perguntar a Tzuyu se ela jantaria conosco, mas engoli tais questões quando ela saiu do seu quarto. Arrumada e perfumada, indicando que sairia.
- Não esqueça de trancar a porta antes de dormir - disse, terminando de guardar a sua carteira em seu bolso, eu cruzei os braços.
- O que você tem? Me ignorou ontem a noite e agora irá me ignorar novamente? - falei, me odiando, eu deveria ter ficado calada.
- Olha, tudo isso foi um grande erro - eu arqueei as sobrancelhas - Temos apenas que seguir o plano, nada mais e nada menos que isso. Você se lembra, estamos fazendo isso pela a minha empresa e você pela a sua filha, lá fora somos namoradas, aqui dentro, não somos nada.
Pontuou, pegando a sua chave e batendo a porta me deixando sem reação e muito menos sem oportunidade para resposta, tão atônica que a única coisa que consegui fazer, foi soltar uma risada extasiada, concordando comigo mesma com a sua fala. Tudo aquilo não havia passado da porra de um erro. E por que eu pensei que ela era uma pessoa boa? Uma pessoa que se importava? É claro que ela não se importava. E eu também não. Não mais.
Não entendi o porque foi tão complicado seguir com o resto da noite assim como no começo, Tzuyu tinha a sua vida e eu tinha a minha, a sua vida não me importava e a minha vida não lhe importava, mas sendo dura o suficiente em tal realidade, ao ponto de fazer com que eu perdesse a fome quase que instantaneamente. Ainda sim, me esforçando em sorrir para Agnes, a mostrando que estava tudo bem, ela deveria acreditar em meu sorriso e não sobre a batida violenta sobre a porta que a assustou. Agnes demorou um pouco mais para dormir naquela noite, me fazendo crer que sentiu falta do teatro ridículo que Tzuyu a proporcionava com meias e histórias bobas. Eu tentei replicar, mas não funcionou quando o seu choramingo em desconforto se fez presente, podendo se acalmar apenas quando a peguei em meus braços, andando de um lado para o outro, acariciando os seus fios até que finalmente pegasse no sono.
Tomei um breve e curto banho tenso sobre o banheiro social, já que as minhas coisas estavam ali e não mais no quarto dela, sendo mais rápida ainda quando finalmente me coloquei abaixo das cobertas sobre o quarto de hóspedes, fechando os meus olhos e deixando que o meu sono tomasse conta de mim de uma vez por todas.
Adormecer cem por cento no entanto foi difícil, e eu despertei de uma vez quando ouvi o barulho de chaves e a porta da frente ser aberta, observando sobre o relógio, o qual indicava ser quase perto das três. Eu suspirei e fechei os olhos, ignorando os seus passos, podendo escutar o quão atrapalhados eles eram, ouvindo o seu corpo se colidir uma vez ou outra contra a parede ou contra algum móvel. Tzuyu estava bêbada. De novo.
Por mais que depois, provavelmente me xingaria pela a semana inteira, joguei o edredom para longe do meu corpo, abrindo a porta e encontrando Tzuyu tonta, caminhando em direção ao seu quarto, podendo impedir uma queda assim que rapidamente deixei que um dos seus braços passassem por meus ombros, a segurando pela a cintura e a guiando em linha reta, ou pelo menos tentando. A ajudei se sentar em sua cama, tirando os seus sapatos, os seus olhos cerrados tentaram focar nos meus, e o seu sorriso foi lindo, se não fosse idiota e babaca.
- Sana... - ela começou, deixando que eu tivesse deja vu o suficiente sobre a primeira vez que aquilo havia acontecido, mas dessa vez eu não respondi, andando até o seu banheiro apenas ligando o seu chuveiro no frio - Eu fui a um lugar ruim, Sana... - murmurou, não me impedindo de retirar a sua camisa, me encarando, esperando a minha resposta - Olha... não roubaram a minha aliança hoje, Sana... - disse, com um sorriso orgulhoso em seus lábios, me deixando surpresa o fato no qual, havia saído com aliança - Ela é linda... igual você...
Continuei calada, a guiando em direção a água fria, ouvindo as suas reclamações incessáveis, deixando que eu passasse meus dedos pelos os meus fios em exaustão. Colocando a minha cabeça para dentro do box quando ela parou de falar, apenas para conferir se ela ainda estava viva, mesmo a minha vontade era fazê-la congelar dentro daquele maldito chuveiro após olhar arranhões, recentes, os quais claramente, não eram os meus, descendo com marcas de mordidas e chupões pelo o seu corpo, não causados por mim.
Eu sentia algo dentro de mim se quebrando enquanto olhava para ela.
- Por que está chorando, Tzuyu? - perguntei, com a voz monótona, alcançando uma toalha e indo em sua direção.
- Sana... - ela chamou, em meio aos seus soluços, eu suspirei - Eu não sei como faço pra parar de gostar de você... como eu faço?
- Essa é uma ótima pergunta, quando encontrar a resposta me diga, para que eu possa parar de gostar de você.
- Sana... você gosta de mim? - a sua voz mole foi surpresa, quase igual como uma criança autorizada a tomar sorvete com dor de garganta. Eu segurei meu riso, mesmo querendo soltar algumas lágrimas - Eu ouvi... eu ouvi você falar que gosta de mim...
- Gostava de você.
- Gostava...?
- É, Tzuyu, eu gostava de você, agora eu não gosto mais.
- Ah... por que?
- Porque você é uma idiota.
- Eu... sou? - respirei fundo conforme a deitava em sua cama, enrolada no roupão, a cobrindo inteiramente.
- Você é uma covarde. Por não assumir os seus sentimentos sóbria.
Pontuei, apagando a sua luz e saindo do seu quarto. Voltando ao meu, finalmente deixando que algumas lágrimas escorressem por minhas bochechas, entendendo o que havia se quebrado dentro de mim quando eu a olhei naquele chuveiro.
Se ela queria apenas seguir o seu plano tosco. Assim seria.
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My dear wife - Satzu
Hayran Kurgu- Você quer se tornar a mais nova dona da empresa Yukon Chou, Chou Tzuyu? - Sim, eu quero. - Então se case. "Baseado em Purple Hearts"