Os mandamentos de Chou

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Fechei o meu cinto após espirrar o meu perfume, observando o meu closet, qualquer coisa longe de ser social, o que era um pouco difícil, mas eu me esforcei, alcançando uma camiseta amarrotada de uma antiga banda de rock, a qual eu nunca gostei muito pra falar a verdade, mas fingia que gostava, por algum motivo que nem eu sabia o porquê. A vesti, ainda caindo perfeitamente sobre o meu corpo, da forma larga que eu gostava, podendo alcançar a minha carteira, a chave do meu carro e logo ao lado, a minha mais nova aliança. Eu a peguei, observando o seu aro fino, suspirando em já ter aceitado o meu "futuro", a colocando sobre o meu dedo e saindo do quarto por fim, já encontrando Sana e Agnes prontas, para um almoço social entre os meus "amigos". Filhos dos amigos dos meus pais, no caso. 

- Estão prontas? - questionei, apenas para ter certeza, Sana assentiu, pegando uma pequena mochila, provavelmente com as coisas de Agnes - Tudo bem, podemos ir então. 

Dirigi em silêncio ao seu lado, sendo quebrado apenas pelo o rádio e em alguma língua na qual sua filha falava sem parar, tendo o incentivo de Sana, que conversava com ela, a respondia, como se realmente a entendesse, aquilo era bobo, extremamente idiota, pois é claro que Sana não estava entendendo nada do que aquela menina falava, mas eu não me intrometi, apenas fingindo não me importar com tal barulheira, na qual Agnes fazia com os seus pequenos gritos, agudos e doloridos aos meus ouvidos, mas esses nos quais, faziam Sana gargalhar altamente. 

Quem diria que um carro poderia ser tão barulhento, não é mesmo?

Fui diminuindo a velocidade assim que chegamos no restaurante, e isso fez com que Sana se concentrasse um pouco mais também, me olhando, esperando a minha aflição assim como no dia anterior naquela sessão de fotos, mas eu não lhe dei isso, pelo o contrário, eu sabia que ela faria um bom trabalho novamente sobre o seu papel de namorada e quase esposa perfeita, eu não tinha sobre o que me preocupar. 

- São apenas alguns amigos e suas namoradas ou noivas, vamos ficar pouco tempo, pedimos algo para comer e logo vamos embora - expliquei, saindo do carro e esperando até que ela tirasse Agnes da cadeirinha. Respirei fundo e entrelacei a minha mão na sua, ela prontamente a apertou, fez isso antes também, aquele seu pequeno aperto sobre os meus dedos, fazia com que o meu coração errasse uma batida ou outra, era tão... ridículo. 

- Olha só! Você veio!

- Olá, Austin - cumprimentei, sem um pingo de vontade - Essa é a minha namorada Sana, e minha enteada Agnes.

- Olá - Sana sorriu educadamente. 

- Você? Namorando? Uau, isso é novo, que eu saiba, Chou Tzuyu era um cavalo indomável.

- Haha, muito engraçado você. Olá, Alice.

- Oi, Tzuyu, olá, Sana, é um prazer conhecê-la, mau acredito que tenha conseguido prender Tzuyu em um relacionamento, ela realmente deve te amar.

- Sim, pois é - olhei para ela, que forçou um sorriso de "socorro", se sentando e logo me deixando se sentar ao seu lado, terminando de cumprimentar as outras pessoas na mesa. 

- Juntas a muito tempo? - Alice perguntou.

- Pra falar a verdade sim - eu comecei, um pouco nervosa - A alguns meses, bons meses.

- Como se conheceram?

- Foi em um bar, aonde a Sana trabalha. Não é, amor?

- Uhum, foi amor a primeira vodca - Sana brincou, fazendo todos ali rirem, inclusive eu, por realmente ter achado graça no seu pequeno comentário.

- Ah sim, Tzuyu é uma porra louca quando bebe - Austin começou, mas eu o encarei rapidamente, para que parasse com aquela assunto imediatamente - Não é, Tzuyu?

- Quer pedir? - eu ignorei o seu comentário, me virando a Sana, que nos encarava, um pouco duvidosa com o meu olhar sobre o homem - Não ligue pra ele. É um idiota. Vamos pedir e vamos embora logo.

- Eu não estou com pressa.

- Mas eu sim. 

- Sana, querida - tive que conter a vontade de revirar os olhos assim que Austin começou novamente - Nos diga, Tzuyu já deu algum chilique por causa da sua comida, ou você realmente cozinha bem? Você deve cozinhar bem, afinal, Tzuyu não escolheria uma mulher na qual não fizesse o básico, creio eu. 

- Como é? - Sana respondeu, claramente chocada, colocando Agnes em meu colo, me pegando completamente de surpresa com o seu ato, deixando as minhas mãos perdidas sobre a pequena menina, que se distraía com um guardanapo de papel - O que insinua?

- Você sabe - Austin riu, olhando para o resto do pessoal - Mulheres limpam, homens trabalham. Mulheres nos alimentam, nós as alimentamos com dinheiro, e por aí vai, você sabe como funciona.

- Não, pra falar a verdade eu não sei como funciona, Austin.

- Sana - eu chamei, quando percebi que aquele pequeno diálogo, poderia dar algo a mais.

- Então Tzuyu deve ser fraca, ainda não te colocou as rédeas? Vamos, Tzuyu, vai me dizer que escolheu uma mulher que não sabe lavar as suas cuecas?

- Pra começo de conversa, essa "mulher", tem nome, e eu me chamo Sana. Eu não sou a escrava da Tzuyu, eu sou a namorada dela, sabe qual é a diferença sobre isso? Não, talvez você não saiba, porque está trancado no seu mundinho banal de merda aonde todos te servem, e aonde você pensa que todos gostam de você, aonde acham que todos amam você, mas perdão em lhe informar isso, Austin, aparentemente, você é insuportável, e se tem pessoas com você, não me surpreenderia caso estejam com você por dinheiro, já que educação e inteligência, é algo que claramente você não tem. 

- Uma mulher que pensa de uma forma revolucionária? O que aconteceu? O pau da Tzuyu não foi o suficiente para te deixar amansada? Acho que você precisa levar uns tapas para ser uma boa mulher, uma mulher de verdade. 

- Está com medo da verdade, a sua masculinidade é tão rebaixada que precisa agredir uma mulher com medo dela ser melhor que você? Olha só, deixa eu te contar, a mais de três bilhões de mulheres que te deixariam para trás, em muitos quesitos. Mais uma vez, perdão em ter que descobrir que talvez, você não seja o fodão como pensa ser. Quer um conselho? Volte pra escola! Ou melhor, volte para os seus papais, se é que eles ainda amam você.

- CHEGA - eu gritei, levantando e levantando Agnes juntamente, a qual me olhou um pouco assustada pelo o grito - Sana, senta. 

- Eu não sou a porra de uma cadela pra receber ordens, Chou Tzuyu.

- Até uma cadela tem mais pedigree que você - Austin brincou, eu o olhei, mais uma vez, sem paciência alguma.

- Senta - mandei mais uma vez, voltando a olhar para a mulher, que deu uma baixa risada, irônica, cem por cento sarcástica. 

- Vai se foder você e os seus mandamentos, Deusa Chou. 

Ela falou, com raiva, entre os seus dentes, pegando Agnes dos meus braços e saindo furiosamente pelo o restaurante, mordi a parede da minha bochecha, mas não deixei que aquilo me afetasse, lancei um último olhar para Austin, que deu uma risada, negando e se sentando novamente da forma mais folgada que poderia existir, eu resisti a vontade de acabar com a cara dele, socá-lo até que não existisse mais o seu nariz, mas eu não o fiz, indo atrás de Sana. 

Sabendo que tudo aquilo, foi um grande erro o qual eu ainda queria correr o risco.

My dear wife - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora