My dear wife - Satzu

O vestido de noiva perfeito

Minatozaki Sana

- Aqui, Sana, eu acho que esse aqui ficará perfeito em seu corpo, o que acha? - a mãe de Tzuyu perguntou pela terceira vez, trazendo mais um vestido de noiva mirabolante, o qual não consegui disfarçar a minha feição de não aceitação a um vestido bufante, o qual eu tinha certeza que para dar dois passos, eu teria que usar todas as minhas forças, me parecia pesado apenas de olhar.

- Olha, senhora Chou... eu agradeço todas as suas indicações, mas... isso é algo particular meu, entende? Eu tenho que escolher isso sozinha, é o meu dia, algo especial pra mim e para a sua filha - falei, calmamente, para que a velha não se sentisse tocada ou magoada, mas mesmo a voz mais aveludada que eu pudesse reproduzir, não foi capaz de tirar o seu olhar de desaprovação em minha direção.

- Eu estou apenas tentando te ajudar.

- E eu agradeço imensamente pela a sua ajuda - concordei - Porém, deixe-me escolher o meu vestido sozinha, está bem? Se eu precisar de qualquer ajuda sua, eu irei recorrê-la. 

Continuei sorrindo até ela sair da pequena sala, me deixando sozinha com a vendedora, a qual relaxou assim que Victória nos deixou a sós, me fazendo rir e relaxar também. Era a terceira vez só naquela semana que a mãe de Tzuyu havia me arrastado para mais um dia de escolha de vestidos, decorações, madrinhas e padrinhos, eu amaria fazer tudo aquilo, se não fosse com tanta pressão vindo dela. Eu mau tinha tempo para argumentar, e mesmo com Tzuyu dizendo que eu poderia surtar com a velha, eu não fazia isso, afinal, era a sua primogênita se casando com alguém, talvez eu pudesse entender a sua afobação, já que Jihyo não estava tão diferente, sempre me mandando mensagem sobre as melhores praias para serem realizadas a cerimônia, os melhores países para se seguir a lua de mel, e assim adiante. 

Nunca pensei que um casamento poderia tomar tanta demanda da minha vida.

- Então, o que a senhorita deseja? - a vendedora perguntou, finalmente a mim, e não a Victória. Sobre o meu desejo e não sobre o desejo de Victória. 

- Não quero nada muito chamativo, algo confortável, já que uma cerimônia e uma festa de casamento, são bem demorados.

- Eu entendo, me dê alguns minutos. 

Assenti pra ela, me sentando em um pequeno sofá, alcançando o meu celular, vendo uma mensagem de Tzuyu, a qual fez um sorriso nascer em meus lábios. Ela havia saído com o seu pai, junto a Agnes, em busca do seu terno, dizendo pra mim que preferia mil vezes aguentar o homem dizendo que queria combinar a sua gravata com a cor do terno de Tzuyu, ao invés de ficar com a sua mãe e deixasse que ela escolhesse tudo do gosto dela. Assim como estava fazendo comigo. Eu dei uma risada ao abrir a foto, encontrando Agnes com apenas a parte de cima do terna, um milhão de vezes maior que ela, sorrindo contra o espelho, um pouco descabelada e claramente se divertindo com toda aquela situação. 

"Acho que ela já escolheu o meu terno"

"Vai basear a sua escolha sobre a escolha de uma criança de um ano, Tzu?"

"Sim, eu vou. Sou muito influenciável pela a nossa filha"

"Tudo bem, ela será uma grande estilista"

"Conseguiu escolher o sue vestido? Ou a minha mãe ainda está te empurrando mil e uma opções?"

"Eu deixei claro que queria escolher sozinha, acho que ela entendeu mesmo a contragosto, irei escolhê-lo agora. Amanhã é a vez da Agnes e do seu vestido de daminha de honra"

"Me diga a cor do vestido dela assim que escolherem, quero que a minha gravata seja da mesma cor"

"Você reclamou tanto do seu pai fazer isso com você, que agora está fazendo com Agnes"

"Reclamei porque não entendia. Mas agora eu entendo.

"Isso é fofo, Tzu"

"Estou ansiosa para o nosso dia, Sana"

"Eu também"

Sorri, tirando os olhos do celular e o levantando até a vendedora que havia entrado novamente. Mau consegui piscar ao ver o que tinha em suas mãos, em uma combinação harmônica de brilho e sutileza quase que surreal. Denunciando um vestido branco, rendado perfeitamente, justamente, sem muitos detalhes além dos desenhos de renda e um decote em formato de V, as suas mangas eram transparentes, podendo me imaginar com ele, tais mangas descendo pelo os meus braços como uma luva, deixando que eu tocasse a seda. Ele não era longo assim como todos os vestidos que a mãe de Tzuyu tentou me empurrar, e nem muito curto para deixar as minhas pernas muito aparentes, ele era o sinônimo de perfeito. Do jeito que eu queria. Do jeito que eu sempre quis. 

- Uau... ele... ele é lindo... - falei, quase que sem fôlego, a vendedora sorriu.

- Pelo o visto, ele te escolheu, senhorita. Gostaria de prová-lo?

- Por favor. 

Fui deixada sozinha na sala novamente, o vestindo com toda a minha delicadeza, tocando com as pontas dos meus dedos todas as suas rendas, olhando no espelho, vendo como tais ajustes haviam caído perfeitamente sobre as curvas do meu corpo, as desenhando em destaque, me deixando dez mil vezes mais atraente, o decote sendo incrível pelo o tamanho dos meus seios, no lugar certo, no conforto certo. Senti uma imensa vontade de chorar, mas não o fiz, o meu sorriso não deixou que eu chorasse por agora, me ocupando apenas em tirar uma foto e mandar para Jihyo, sempre lembrando em nunca deixar aquele vestido a vista de Tzuyu, até o dia do casamento. Crença boba e ridícula, mas a qual eu queria prevenir apenas por assistir novelas demais e saber, que todas as vezes que o noivo via a noiva vestida antes do casamento, algo sempre dava errado. 

E a última coisa que eu queria, é que algo desse errado no nosso dia, não mais de mentirinha. 

- Uau - Victória disse assim que entrou junto a vendedora - Sinceramente, eu duvidei sobre as suas futuras escolhas, Sana, mas tenho que admitir que ficou linda nesse vestido. 

- Obrigada, senhora Chou.

- Você gostou desse?

- Pra falar a verdade eu amei... 

- Então o separem, iremos levá-lo. Agora, temos que focar no local e na decoração. 

Não me importei com a tagarela da mãe de Tzuyu falando atrás de mim, tirando o vestido, o entregando para a vendedora com um sorriso de "muito obrigada", vestindo a minha roupa, assentindo e concordando com tudo o que Victória dizia, mas não conseguindo ouvir a sua voz de fato, ocupada demais em digitar para Tzuyu.

"Já escolhi o meu vestido"

"Tenho certeza que ficará linda nele. E sem ele também. Pra falar a verdade, eu prefiro você de qualquer jeito, mas nua, sempre será o meu favorito"

"Você é uma pervertida"

"E a culpa é inteiramente sua em ser a mulher mais gostosa na qual eu já vi na minha vida"

"Boba"

"Por você"

- Certo, Sana, você sabe que em hipótese alguma a Tzuyu pode ver esse vestido, não sabe? Á não ser que queira destruir o seu casamento. 

- Eu sei, senhora Chou. 

- Vou deixá-lo comigo, apenas por precaução.  Temos que marcar hora no salão de beleza, pra você e para Agnes, já tem alguma ideia sobre isso?

- Eu... acho melhor decidirmos o local primeiro, as coisas estéticas da decoração, a senhora não concorda comigo? 

- Não - respondeu sinceramente, me fazendo arquear as sobrancelhas - Mas como você é a noiva, não posso fazer muitas objeções. Vamos, eu marquei hora com um dos melhores decoradores da região, ele irá nos ajudar com isso. 

Assenti em despedida para a vendedora, que sussurrou um breve "boa sorte", me fazendo rir e agradecer, apenas entrando no carro juntamente a Victória, ouvindo mais das suas opções mirabolantes, mas eu não me importava. Eu iria me casa com Tzuyu, e apenas isso importava.

Apenas a nossa felicidade importava.