Capítulo 9: Nossas raizes nos definem?

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VIOLET BENTHECOURT — VERGAS

Numa camisola de cetim branca eu batia minhas unhas na cama que estava sentada, olhando fixamente para aquela porta.

Ele está dormindo? E se eu abrisse? Se eu fugisse? Nunca. Eu caí pra trás na cama, o odeio, o odeio por não ser oque eu esperava.
Eu esperava um rei velho, cheio de verrugas na cara e arrogante!

Eu queria gritar no travesseiro, ele iria escutar. Parecia que meus ossos estavam tremendo enquanto eu fazia essa batalha mental.

Me levantei porque não conseguia ficar inquieta e fui até o baú na frente da minha cama, o abrindo lá estava, como tinha me prometido.

Uma linha de facas Garlendianas que se curvavam, três adagas e o arco que eu havia trazido comigo. Levantei uma das adagas que brilhou contra a luz do luar, tão afiada que zumbia no ar.

Me levantei do chão ainda segurando ela, meu coração martelava nos meus ouvidos, meus dedos estavam gelados e minha pele se arrepiou, abra essa maldita porta Violet, faça a porra do seu dever.

Marchei em direção a porta apertando o cabo frio da arma. Meus dedos estavam quase encostados na maçaneta, quando ela simplesmente virou pro outro lado.

Minha adaga foi para atrás das minhas costas, um calor soprou contra meu rosto, então o peito de Raj estava na minha visão, forçando meu olhar a subir, cabelos bagunçados como se estivesse revirado na cama vestindo apenas calças.

Bem ele me olhou com tanta surpresa quanto eu olhava pra ele, eu estava aqui parada de frente para a porta que dava ao seu quarto, limpei minha garganta ainda escondendo minha arma.

— Estava sem sono. —
Seus cílios longos estremeceram quando notaram minha boca falando e se moveram para os meus olhos. Me dando uma onda de arrepios.
— Também não consigo dormir, posso lhe fazer companhia? —
Muito arriscado, mas eu concordei o deixando entrar.

Esperei que ele andasse pelo quarto até ir para cama e deixar a adaga debaixo do travesseiro.
— Não a mais nenhum lugar para qual fugir? —
Sua costas eram enormes, meus Deuses.

Engolindo em seco eu fingi minha indiferente quando ele se virou.
— A vários lugares para qual fugir em Vergas, mas não posso te deixar em perigo. —
Te deixar perto peste, isso que ele queria falar. Queria me proteger, mas quem o iria proteger?

Ele seguiu para a varanda já conhecendo o quarto da mãe muito bem, eu apenas o acompanhei, estava frio lá fora e minha camisola não iria ajudar.

Me abraçando, observei o lobo subir na sacada e se sentar, a selva estava tão calma e sedutora, eu apoiei meus cotovelos a admirando, a floresta de Garlendia era bonita, mas não tão exótica.

— Em que está pensando? —
A voz de Raj foi gentil, tinha a cabeça levemente inclinada.
— Em casa. —
— Sente saudades? —
— Da minha família. —
Ele desceu e eu me virei para olhá-lo, estava se aproximando.

— Bem, eu também sinto saudade da minha. —
Eu mordi meu lábio inferior, a culpa era da minha família, eles morreram na nossa mão, com uma espada Garlendiana.

— Como você pode acreditar que isto irá dar certo? —
Ele estava mais perto, e o vento estava soprando minha camisola e seus cabelos juntos.

— Na paz? Porque não? Não está cansada disto tudo? —
Eu soltei uma risada irônica olhando pro céu e voltei pra ele, havia se movido tanto que eu podia ver as veias do seu antebraço.

Me encostando na sacada descansei meus cotovelos de costa.
— Fala isso como se fosse tão fácil, como se pudéssemos confiar em Verganos. —

Seu maxilar se cerrou.
— Sim, claro que nós somos os mentirosos, sem palavra, nem confiança. —
Sua voz parecia mais alterada e ele colocou as mão na sacada, me cercando com os braços. Merda. Eles que haviam levantando a espado em um acordo pacífico.

— Já vocês, são tão nobres, bárbaros que confiam cegamente, apenas acreditam na palavra de alguém, sem ao menos contestar. —
— Isso não é verdade. —
— Então me diga Violet, você já contestou alguma vez a palavra de alguém? Já contestou seu ideais? —

Seu hálito estava batendo no meu rosto, se ele tivesse ideia, meu peito subia e descia tão rápido que temia parar de respirar. Mas ele tinha razão? Engoli minha culpa.

— Violet, por favor não me olhe assim. —
Eu virei meu rosto e pisquei contra as agulhas que estavam crescendo nos meus olhos.
Seus dedos quentes trouxeram meu queixo de volta.
— Não posso ver a dor nos seus olhos, eles... são a única maneira que tenho de lê-la de verdade, gosto dê vê-los curiosos, rápidos e intrigados. —

— Não sei se posso acreditar no que diz. —
O sussurro que saiu de mim me assustou, porque deveria ter ficado apenas comigo.
— Não somos nossos pais, apenas esqueça tudo por alguns segundos. —

Eu segui os sons baixos que saiam da sua boca, ele tirou uma mexa do meu rosto, queria sentir sua pele nas minhas mãos, e ele estar bem na minha frente não ajudava meu auto controle.

— Violet, Violet, Violet. —
Seus olhos se fecharam enquanto rezava meu nome, seu nariz raspou contra a minha orelha e eu arfei. Não éramos nossos pais, mas tínhamos as mesmas obrigações.

Coloquei minha mão no seu peito e me arrependi na mesma hora, irradiava calor, mas o afastei e puxei minha mão de volta.
— Política, é para isso que eu vim, se não tem nada a mais para resolver, devo ir embora. —

Ele sorriu, mas vi a raiva nos seus olhos enquanto passava as suas mãos no cabelo.
— Você nunca vai deixar de ser a princesa Violet de Garlendia, certo? —
Eu concordei com a cabeça olhando pra baixo.

— Não pense que ficarei sempre do outro lado da porte te esperando, eu tenho um limite até onde posso ser empurrado, princesa. —

Eu fechei minhas unhas contra meu braço com força, Willian nunca esteve tão certo sobre os machos nobres.

𝖬𝖮𝖱𝖳𝖤 𝖠𝖮 𝖱𝖤𝖨𝖭𝖠𝖣𝖮Onde histórias criam vida. Descubra agora