Em sua verdadeira forma, os sentidos de Maya ficaram mais aguçados. Podia transferir imagens ao seu cérebro só com o cheiro de matérias.
Ainda tinha dúvidas se o que tinha chegado era um humano ou um pilar. Ela seguiu o rastro até o andar de cima e parou na frente de uma porta. Preparou uma flecha incendiada e respirou fundo. O cheiro de sangue entrou de forma enjoativa.
O sangue que estava caindo não veio de outro jeito além de feridas em combate. Ela olhou para o chão pela primeira vez e viu um rastro vermelho.
Ciente de que seu visitante indesejado estava ferido, Maya tomou coragem e abriu a porta rapidamente.
Viu um pilar com as asas à mostra. Suas asas tinham uma cor azul marinho, seus cabelos bem cortados eram pretos, bem como seus olhos. A cor de sua pele era branca e tinha um porte confiável e forte. Maya o reconheceu na hora. Largou o arco e correu para ajudá-lo.
- O que foi que aconteceu?- Ela perguntou.
Maya encostou em seu machucado, uma ferida enorme na cabeça. Ele gemeu e segurou a sua mão.
- Maya?- Ele, finalmente, a reconheceu.- Você está linda.
Maya o encarou.
- Faça o favor de me responder- ela disse.
O rapaz suspirou.
- Um pilar da escuridão me pegou.- Ele revelou.- Consegui escapar, mas como preço, ganhei esse machucado.
Maya pegou um pouco de água no banheiro e voltou correndo. Rasgou mais uma roupa e a molhou. Em seguida, passou no ferimento.
Ele gemia, mas valia a pena, só para estar novamente ao seu lado.
Acabado o procedimento, ela pegou um lençol e rasgou, formando uma faixa. A enrolou em volta da ferida.
- Pronto- ela disse.- Espero que melhore.
O rapaz sorriu. Ver a amiga novamente lhe deu uma imensa alegria. Ela, por sua vez, não sentia outra coisa. Ele se levantou e a abraçou. Maya voltou a forma de antes.
- Senti saudades- ela disse.
O rapaz a olhou.
- Comigo não foi diferente.
Ela sorriu.
- Onde esteve, Arón?- Maya perguntou.
Arón andou até a janela e, olhando o lado de fora, respondeu:
- Você me conhece. Estive por aí, me metendo em encrencas.Arón não sabia ao certo para onde ia, mas só de atravessar aqueles portões em pleno ar, já lhe dava satisfação.
Usou a técnica katáskopos para se esconder dos humanos a maior parte do tempo.
Quando sentiu fome, desceu para um restaurante não muito populoso. Não tinha certeza, mas algo lhe dizia que aconteceria algo surpreendente naquele lugar.
Escolheu uma mesa reservada, distante da entrada. Leu o cardápio e pediu coisas não muito caras, já que não tinha muito dinheiro.
Depois de uns dez minutos, a garçonete lhe levou seu prato.
- Bom apetite- ela desejou.
- Obrigado- Arón agradeceu.
Assim que começou a comer, um grupo de adolescentes lhe chamou a atenção. Se tratava de três rapazes e duas moças vestidos como se fossem apenas mais um grupo de amigos populares indo à praia que ficava alguns quilômetros daquele lugar.
Arón os observou por um bom tempo até que uma das meninas o encontrou. Seu olhar direcionou o olhar dos outros. Assim que todos o viram, Arón fez um gesto de cumprimento.
Eles foram em sua direção.
- Arón, meu caro- disse um deles.- Quanto tempo.
- O mesmo, Levih- disse Arón.
Levih, assim como todos os outros, era um renegado. Tinha os cabelos claros, os olhos escuros e a pele clara. Em relação a Arón, ele era apenas alguns centímetros mais baixo, sendo que Arón media um metro e oitenta centímetros; e Levih, um metro e setenta e cinco.
Os outros se aproximaram.
- O que você faz aqui?- Levih perguntou.
Arón comeu mais um pouco.
- Estou procurando um lugar para ficar.- Ele respondeu.- Não faço mais parte do grupo de Abner.
Levih o olhou com satisfação. Tinha deixado os pilares por achar que os ideais do líder já não eram mais corretos e Arón era sempre um grande amigo.
- O que acha de ficar com a gente?- Levih perguntou.
Arón tinha terminado de comer. Não havia nada que o proibia de fazer isso, porém, Arón tinha outros planos. Decidiu recusar o convite do amigo.
- Desculpe, Levih- disse-, mas não tenho em meus planos os ideais de seu grupo.
Levih ficou um pouco chateado, mas respeitava os desejos de Arón.
O pilar se levantou e apertou a mão do renegado.
- Foi bom ter encontrado vocês- disse.- Se cuidem.
E, sem mais nem menos, saiu do restaurante.

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Caminhando
RandomDurante anos, era dever deles proteger os humanos e manter o equilíbrio do mundo. Tanto da escuridão quanto da luz, os pilares eram necessários para o mundo. Com o equilíbrio entre os dois grupos, era certa a harmonia. Se as histórias antigas são o...