O fim de uma era

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Quando Maya acordou seu pesadelo tomou forma. O quarto estava trancado e Maya estava presa. Seus dedos estavam dormentes e seu rosto, queimando.

Olhou ao redor, não havia nada que pudesse usar para ajudá-la. Agora, era o destino e seu ritmo. Se Maya tivesse que morrer, morreria tão cedo lhe fosse permitido. Fechou os olhos e simplesmente esperou.







Donny não sabia para onde Arón o levava, mas o seguia porque ele era o único que sabia algo do acontecido. Por fim, chegaram a um lugar afastado, de frente para uma casinha inteiramente de madeira. Arón pousou na frente e bateu na porta. Uma voz gritou lá de dentro:

- Já vai!

Quem abriu a porta foi Danton. O renegado teve uma surpresa quando viu Arón e Donny.

- Arón? Donny?- Ele perguntou um pouco surpreso.- O que vocês...?

- Depois explico, Danton- disse Arón.- Temos que entrar.

Danton não entendeu de princípio o que estava acontecendo, mas permitiu que os dois entrassem. Em comparação ao renegado, Donny também estava muito confuso. De onde Arón conhecia os renegados? O que ele estaria fazendo ali?

Danton foi até os outros cômodos e retornou com os outros ocupantes da casa. Laysa, ao ver Arón, começou a ficar um pouco pálida.

- Arón?- Ela perguntou.- O que houve? Cadê Cadmiel?

Arón a olhou. Não queria contar para ela que Bilo e Zarkon, dois grandes pilares da escuridão, capturaram Cadmiel e o levaram a Devlin. Danton tomou a frente, o poupando disso:

- Então Cadmiel foi atrás de você?- Ele perguntou.- Arón, o que exatamente está acontecendo?

Arón pediu para que Laysa saísse da sala. De princípio, a humana queria relutar, mas Natha a convenceu. Sozinhos, o pilar revelou com detalhes o que aconteceu.

Danton se levantou rapidamente. Em poucas palavras, não havia tempo a perder. Com Danton no grupo, Arón pode pensar melhor em como tentar resgatar também Maya.

Ninguém sabia até então, mas o tempo estava correndo para os dois. Devlin estava impaciente.







Após as lembranças, o renegado sorriu. Não sabia dizer ao certo o porquê, mas sentia que o fim estava perto, de um jeito ou de outro.

Aquela sensação o fez se sentir bem, como que desesperado para tudo acabar e aliviado por poder lutar quando isso chegasse. Era para isso que se preparara, para derrotar os pilares da escuridão.

Devagar, Cadmiel foi levantando. Podia não ter mais suas asas, mas aquele pequeno detalhe já não tinha importância. Na caminhada de sua vida, ele aprendera que os propósitos são sempre os mais fortes.

Devlin foi o único que não moveu um único músculo ante o renegado. Ele, mais do que todos, queria ver o sangue de Cadmiel escorrer até a última gota. O renegado percebeu.

- Não será fácil, Devlin- disse ele.

O líder escuro sorriu.

- Não espero que seja, Cadmiel- respondeu o escuro.- O tempo corre. Se não for você, será a inocente.

Cadmiel pegou uma pistola que escondia na jaqueta da moto e a carregou. Era aquela a hora. Lutava por várias coisas, tinha que ganhar, era sua obrigação. Por Laysa, pelos poucos pilares da luz, pelos renegados e por ele mesmo.

- Vocês, pilares da escuridão, me irritam- disse Cadmiel.

O renegado deu o primeiro tiro. Devlin esperou e, quando a bala estava prestes a encontrar seu coração violentamente, o escuro apenas abriu as asas e alçou vôo.

Cadmiel não perdeu tempo e lançou mais algumas, em vão. Cada bala atirada era desperdiçada pelos movimentos de Devlin. Ninguém se atrevia a se intrometer.

Cadmiel falhou quando parou para recarregar a arma, Devlin foi em direção dele e o agarrou com as garras.

- Pelo amor!- Devlin exclamou.- Está me subestimando, Cadmiel? Ou ficou mais fraco?

A segunda opção era a certa. Cadmiel não lutava há tempo. Agora, sabia como Maya se sentia.

De um jeito ou de outro, ele pensou pendurado nas garras do pilar e balançando pelo vento, isso acaba aqui. E jogou a pistola no chão, pegou uma faca e rasgou o braço de seu adversário. Devlin o soltou com dor.

O renegado era ágil e conseguiu se virar antes de bater de costas no chão. Devlin pousou devagar. Um vento bateu de leve em sua capa enegrecida, dando uma beleza mórbida ao rapaz.

Bilo se aproximou do líder e esperou alguma ordem. Devlin o observava atentamente. Cadmiel, por mais que pudesse ser bom, ainda era um pilar renegado, não era tão resistente. A prova vinha dos músculos que tremiam pelo cansaço e pelo choque da queda.

Devlin afastou o escuro com as asas. A satisfação vinha do mesmo derramar o sangue de Cadmiel com as próprias garras.

Hyuku e Sharon já tinham ido atrás de Maya, logo os pilares cairiam de uma vez.

Lentamente, o líder avançou até o renegado e o segurou pelo pescoço.

É isso, pensou Cadmiel, acabou.

E fechou os olhos, procurando não ver o que seria o seu fim e, consequentemente, o de uma era.

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