Energia negativa, solidão, depressão... Em resumo, esses foram os sentimentos que abordaram a todos os pilares da luz, os que estavam na escola, os pilares renegados, Arón, Donny e Maya. A repentina sensação, que não durou mais que alguns segundos, trazia consigo a confirmação: o pacificador foi morto.
Danton começou a chorar. Os outros tentaram ao máximo se segurar. Quanto à Maya, ela sentiu um vazio profundo em si. Todos a sua volta estavam desaparecendo. Talvez a culpada fosse ela...
Como contar aquilo para Laysa? Como continuar prosseguindo? Sem Cadmiel ao lado do grupo, eles não podiam fazer muita coisa. Danton secou as últimas lágrimas e encarou o nada. Renegados necessitam uns dos outros.
Quanto a Arón e Donny, eles não estavam melhores e nem piores. Eram pilares e dependiam da existência do pacificador. Combinaram em silêncio de retornar à escola para dar a má notícia.
- Acabou- Danton repetia.- Simplesmente acabou. A escuridão venceu.
- Até nascer o próximo pacificador, será tarde para os pilares da luz- Daniel disse.- Como Cadmiel foi perder? Como ele foi morrer?
- Também acho inacreditável, mas quanto menos falarmos no nome de Cadmiel, menos Laysa saberá- Natah constatou.
Danton estava começando a formar algumas lágrimas nos olhos.
- Não- disse ele.- Como ela poderá não saber? A caminhada recomeçou... E, desta vez, pior do que antes.- Ele fez silêncio por um bom tempo. De repente, cerrou os punhos e fechou a expressão.- Ainda temos mais um resgate a fazer- disse.- E deste eu não quero receber notícias péssimas.
Ele se levantou. Todos sabiam de quem ele falava. Dali para frente, tinham que se concentrar em Maya.
Donny talvez conseguisse encontrar a pilar, mas se basear no talvez era um pouco imprudente e desesperador. Só havia dois jeitos de fazer isso: Sair voando por aí até encontrá-la (o que os deixaria quase sem tempo de agir), ou se entregarem como isca. A segunda opção era por de mais arriscada. Não sabiam se os escuros iriam deixá-los vivos.
-Só temos uma saída- Arón murmurou.- Donny.
Danton olhou para o irmão de Maya.
-Acha que consegue?- Danton perguntou.
Donny não tinha muita certeza. Da última vez que tinha tentado aquilo foi há milhares de anos. Mas assentiu para passar confiança.
- Ótimo, então vamos lá.- Disse Danton.
Donny estava no telhado. Segurou seu pingente na mão e observou o chão. Danton não iria com eles, ficaria com Laysa para qualquer coisa.
O pilar observou os renegados e Arón. Depois de todos os anos juntos, aquela seria a primeira vez que ele sairia sem a supervisão de Abner ou qualquer outro líder. Talvez aquilo significasse liberdade.
Com aqueles pensamentos, fechou os olhos, apertou o pingente contra a mão e fez sua prece. No mesmo instante, um par de asas vermelhas apareceram. Donny não estava satisfeito. Daquela forma, não poderia rastrear sua irmã.
Fechou os olhos bem forte. Ele precisava excitar sua aura, expandí-la. Seu dom era a coragem e fazia parte da valorosa casta da potência (da qual só sobraram ele e Abner).
Devagar, ele abriu suas asas e levantou vôo. Precisava fazer algo para libertar-se. Seu elemento era o ar, o que lhe deixava com poucas escolhas.
Seu coração pulsava ao passo que batia suas asas. Aquilo era bom. Ao abrir os olhos, sentiu suas asas crescerem. Olhou para si mesmo. Estava mudando.
Diferente de Maya, Donny mudou mais no quesito das asas, que se tornaram como duas poças de lava. Não era fogo de verdade, mas uma excelente ilusão.
Seus sentidos apuraram, podia ouvir qualquer coisa há quilômetros de distância. Fechou os olhos novamente e ouviu o andar dos insetos na grama, o canto dos passarinhos da outra casa e... choro!
Assustado e alarmado, Donny reabriu os olhos. Tinha certeza de uma coisa: detectou sua irmã. Arón vôo até seu encontro.
- Alguma coisa?- Arón perguntou.
- Achei ela- disse Donny.- Estão prontos?
- Ao seu comando.
- Então preparem-se.- Donny olhou para frente.- Estamos indo, Maya.
Donny se adiantou e os outros seguiram seu rastro. Algumas lágrimas estavam começando a se formar em seus olhos, pois ele sabia do porquê Maya estava chorando. Hyuku chegara e começara seu "ritual".
Era agora, pela sua irmã.

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Caminhando
SonstigesDurante anos, era dever deles proteger os humanos e manter o equilíbrio do mundo. Tanto da escuridão quanto da luz, os pilares eram necessários para o mundo. Com o equilíbrio entre os dois grupos, era certa a harmonia. Se as histórias antigas são o...