Caminhando

Falsa amizade

Quais eram as reais intenções de Melissa? O que a renegada queria com Maya lá? Aquelas eram perguntas que seriam respondidas logo, mais cedo do que a pilar pensava ou desejava.

Melissa preparou um café para as duas, com torradas, porque a renegada nunca gostava de pão novo. Maya não tocou nem na comida, nem na bebida. Não estava certa quanto os quereres da antiga colega, tinha que se manter alerta.

Durante o café, Maya descobriu algumas coisas da vida de Melissa.

- Tem sido um pouco ruim- disse ela-, é claro, já fôra pior antes de...

Ela hesitou. Melissa ia dizer algo importante, mas havia hesitado.

- Antes de...?- Maya queria respostas, mas a renegada se negava a dar.

Melissa mudou de assunto:

- Lembra quando fomos para o Egito?- Melissa perguntou.- Você tinha ficado tão linda vestida de egípcia! Realmente, eram bons tempos.

- Antes do que, Melissa?- Maya perguntou, mas Melissa a ignorou novamente.

- E quando fomos para a Arábia Saudita?

Maya perdeu a paciência e bateu na mesa.

- Melissa, me responda!- Maya exclamou.- Antes do quê?

A renegada suspirou.

- Pelo o amor de Deus, Maya- ela disse com calma.- Nunca te ensinaram que é feio fazer esse tipo de coisa? Antes de eu encontrar alguns... amigos. Mas acho que você não os chamaria assim.

De repente, um clarão passou em sua mente. Antes de ir para a casa da renegada, Maya estava com Bilo e Zarkon. Era óbvio aquilo, como poderia ter sido tão tola?

A garota se levantou num sobre salto, apanhou uma faca da mesa e a apontou para Melissa. A renegada respirou fundo.

- Os pilares- disse Maya.- Você está junto deles.

- Por favor, não torne isso mais difícil para mim- disse Melissa.

Melissa se levantou, mas Maya deu um passo para trás.

- Agora você mostrou quem realmente é, Melissa- disse a pilar.- Então, ao matar o primo de Abner, você...

- Fiz aquilo por amor, Maya- disse Melissa.- Eu amava um pilar da escuridão e, para provar isso, entreguei, em suas mãos, seu inimigo.- Enquanto falava, Melissa avançava e Maya recuava.- E posso falar que valeu muito a pena, mas agora estou presa nos serviços deles.

O homem de antes voltou a aparecer, mas foi embora rápido, em direção ao quarto.

- Eles o mandaram para me vigiar- disse ela.- E, possivelmente, ele contou aos outros que você está em alerta.

Maya procurou pelo seu pingente, mas não o encontrou. Devia tê-lo deixado cair enquanto tentava se libertar de Zarkon.

Melissa riu daquilo.

- O que é um pilar sem seu pingente?- Ela perguntou.- E o que pretende fazer com essa faca? É ridículo, Maya.

- Quem está vindo?

O coração de Maya batia rápido.

- Quem você acha, menina?- A personalidade doce de Melissa havia desaparecido quase que instantaneamente.- Hyuku, é claro... Ah, e Sharon. Mas creio que você apenas o conheça como pilar das asas negras.

Melissa avançou mais rápido e pegou o punho de Maya. A pilar soltou a faca por conta do susto e quase que pegou o próprio pé. Maya tentou se soltar, mas, em termos de força, a renegada ganhava da inocente.

Melissa a puxou para mais perto dela e sorriu.

- Qual o problema?- Ela perguntou.- É errado fazer de tudo pelo amor? Afinal, não é isso o que os pilares pregam?

Melissa fez a mesma coisa que Zarkon, tampou a boca e o nariz de Maya e esperou até que ela desmaiasse por falta de oxigênio.

Mas alvo motivou a garota a lutar, talvez a dor, talvez algum sentimento de amor, Maya não sabia ao certo o quê. Conseguiu se libertar de Melissa e, de brinde, torcer o punho dela. A renegada xingou.

Maya tentou escapar, mas outra mão ainda mais forte a segurou pela cintura. Era o tal vigilante que, depois, mudou da cintura dela para os punhos, apertando um pouco.

Melissa se recompôs e chegou mais perto. Se pendurou nos ombros do rapaz e sorriu.

- Você é realmente uma ingênua, Inocente- disse ela.- Ele é mesmo uma montanha, como muitos dizem.

Maya tentou puxar o punho, mas, quanto mais o fazia, mais doía. Algumas lágrimas se formaram em seus olhos por conta da dor.

- Os fracos não merecem a vida- disse ele.- A sua única sorte é que Hyuku ordenou que você vivesse.

Melissa suspirou.

- Leve-a para dentro e a prenda- disse ela, voltando para a mesa.- Eu me encarregarei de receber nossos convidados.- E completou:- Não a subestime, de maneira nenhuma. Maya não se entregará fácil, principalmente por ser a última da pureza.

Ele assentiu e repetiu o feito de Melissa e Zarkon, dessa vez com sucesso. Maya apagou novamente.