Ao abrir os olhos, seu coração quase parou. O mesmo cenário de seu sonho se mostrou. Maya estava em um quarto pequeno, mas suas mãos estavam livres. Maya estava livre.
Com receio, caminhou usando o tato até encontrar uma maçaneta. Surpreendentemente, ela abriu. Maya saiu do quarto devagar.
A porta levava a um corredor curto e escuro, sem nenhuma luz. Maya tomou coragem e seguiu adiante.
No final, havia uma porta que exalava muita fumaça. A garota, ao passar por esta, acabou inalando a toxina. Sua garganta irritou e, como forma de defesa, começou a tossir.
Quando acabou, Maya continuou a caminhada, lentamente para atentar a todos os detalhes.
Ela andava dessa forma quando ouviu um ruído metálico. O som vinha do lado de fora da casa. Ela decidiu ir até lá, atrás do ruído.
Ao sair, viu um rapaz musculoso levando uma espada para outro local. Maya sentiu algo atrás dela. Se virou e viu uma mulher de aproximadamente vinte anos, pele branca, olhos verdes e cabelo ruivo. Usava uma capa verde com detalhes em dourado.
Maya a reconheceu.
- Melissa- disse ela.
Melissa era outra renegada, que, diferente dos outros, havia negado a imortalidade. Maya se lembrava e muito bem o que a mulher havia feito para, como castigo, perder suas asas.
Melissa a olhou.
- Maya?- Ela perguntou.- Como está?
A renegada ia tocar em Maya, mas a pilar recuou. Melissa havia sido castigada por ter matado um pilar da luz.
- Entendi- disse a renegada.- Você, como os outros, ainda me julga pelos meus erros.
- Não foram simples erros- Maya disse.- Você matou um companheiro de equipe. O primo de Abner.
Melissa a olhou melancolicamente. Algumas lágrimas se formaram em seus olhos. Melissa apertou uma mão na outra.
- Eu sei- disse ela em tom de choro.- Eu sei o que fiz, mas me arrependo. Tenho direito de errar, como todo ser imperfeito.
Maya balançou a cabeça negativamente.
- Seu erro foi grave- disse.- Melissa, você podia errar com qualquer coisa, menos com isso.
Maya estava se retirando, quando a mulher lhe segurou a mão.
- Por que vai tão cedo?- Ela perguntou.- Já que está aqui, descanse um pouco.
Maya puxou o braço, se soltando de Melissa.
- Mas o que pensa estar fazendo?- Ela perguntou.- Não se cansa de enganar?
Melissa deixou que algumas lágrimas caíssem. Maya se sentiu mal. Não era intenção da garota magoar a mulher, mas não sabia se podia ou não confiar em Melissa.
Ela suspirou.
- Onde é esse lugar?- Maya perguntou.
Melissa a olhou.
- Decidiu ficar?- Ela perguntou com um pouco de esperança na voz.- Que bom!
- Não disse isso. Apenas perguntei...
Melissa não a queria ouvir. Entrou novamente na casa e foi para a cozinha.
Estranho, Maya pensou. Como vim parar aqui?Arón e Cadmiel não entenderam direito como Hyuku havia desistido da luta, mas, no fundo, agradeceram. Arón desmaterializou as asas e Cadmiel se sentou no chão. Ambos arfavam.
- Quem diria que alguém como Hyuku daria trabalho?- Cadmiel comentou.
Arón assentiu.
- Ele sabe bem como cansar. Mas e quanto à Maya?- Arón perguntou.
- Da última vez em que a vi, a mandei ir atrás dos renegados.
Arón respirou fundo para descansar.
- E isso faz quanto tempo?
Cadmiel parou para pensar no assunto. Já havia feito um bom tempo desde que tinha dito à Maya para que saísse dali. Ele se levantou. Poderia ter acontecido alguma coisa?
Arón e ele acharam melhor irem atrás de Maya, já que não retornara há tempo.
Não andaram muito e encontraram algo que chamou a atenção. Jogado no chão, estava o pingente de Maya. Arón o pegou. Sentiu que algo não estava certo.
- Temos que encontrá-la- disse ele.- Maya só se descuida do colar quando algo de errado está acontecendo.
Cadmiel, que estava na moto, colocou novamente o capacete. Antes que ligasse o motor, ouviu um ruído. Olhou ao redor e percebeu uma sombra negra indo de um lado do bosque ao outro. Imediatamente, desceu da moto.
- Ouviu isso?- Ele perguntou.
Arón o olhou. Fechou os olhos e imaginou o local onde estavam. De repente, viu outro vulto. Pulou para o lado bem a tempo.
Um mercenário lançou algo em sua direção.
Cadmiel aproveitou seu repentino descuido para lhe agarrar por trás. O mercenário era um rapaz alto e forte. O renegado teve um pouco de trabalho para segurá-lo.
- Me solta!- O mercenário exclamava enquanto tentava se libertar.
- Fique quieto- Cadmiel dizia enquanto o apertava mais.- Não vou te machucar.
O rapaz pareceu se acalmar. O renegado relaxou um pouco.
- Quem te contratou e quanto pagaram?- Ele perguntou.
- Faz parte da ética jamais revelar- o humano disse.
Arón estava a ponto de perder a paciência. Agarrou o rapaz pelos ombros e o ergueu.
- Arón- disse o renegado.- Cuidado com o que você pretende fazer.
- Responda as perguntas- disse Arón pausadamente.
O mercenário começou a sentir medo quando viu os olhos do pilar brilharem.
- Tá legal- disse ele.- Tá legal. Me larga e eu conto tudo.
- Acho que não vai rolar, amigo- disse o pilar.- Conta agora.
- Arón.
Cadmiel tentava acalmar o amigo, mas não precisava. Arón nunca mataria um humano, mataria? O que se passava na cabeça dele?
O pilar olhava furiosamente para o mercenário.
- Conta!- Ele pressionou.
- Foram eles- ele dizia.- Os anjos.
- Que cores eram suas asas?- Cadmiel perguntou.
- Um tinha a cor cinza escuro- ele respondeu.- Outro, parecendo o universo, e ainda há um terceiro. Suas asas eram da cor caramelo.
Cadmiel e Arón se entreolharam.
- Hyuku, Bilo e Zarkon- Cadmiel disse.
Os três nomes eram de pilares da escuridão e todos bem perigosos.
Arón ia perguntar mais uma coisa ao humano quando ele começou a se contorcer em seus braços. De repente, seu corpo perdeu vida. Assustado, o pilar jogou seu corpo no chão.
Bilo e Zarkon pousaram bem em sua frente. Arón materializou as asas ao ver seu inimigo natural. Zarkon sorriu.
Zarkon tinha a pele branca puxando ao pálido, olhos azuis claros e cabelos negros um pouco compridos. Na ocasião, vestia uma jaqueta de motoqueiro.
- Zarkon- Arón murmurou.
- Olá, Arón- o escuro disse.- Procurando alguma coisa?
Em suas mãos havia um pedaço de tecido, uma roupa feminina, que Arón logo reconheceu. Era a roupa de Maya.
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Caminhando
RastgeleDurante anos, era dever deles proteger os humanos e manter o equilíbrio do mundo. Tanto da escuridão quanto da luz, os pilares eram necessários para o mundo. Com o equilíbrio entre os dois grupos, era certa a harmonia. Se as histórias antigas são o...