05 de maio de 3403. (Dias atuais, Astéria)
O chão do corredor era frio.
Diana estava no mesmo local de sempre. Sua cama, com cobertores grossos e travesseiros fofos. Àquela hora, já devia estar estar dormindo, mas não conseguia com tantos sussurros. Ela se virava para o outro lado, procurando ignorar o cochicho. Mas ainda estava lá, atrapalhando sua pose confortável e sua tentativa de adormecer. Incomodada, ela se levantava e saia em busca da fonte do barulho (depois de, no escuro, tentar e falhar achar as pantufas). Andava pelos os corredores, confiando nos ouvidos e prestando atenção pelos os quadros que passava.
Naquela época, sua família havia acabado de se mudar para a Mansão Carleigh, lar de antigos primeiro-ministros, o que fazia da gigante casa um labirinto. Logo, Diana ainda tinha a leve impressão que a qualquer momento ela se perderia nos corredores entre as obras, vasos e tapetes antigos, o que fez ela decorar para onde cada um a levava. Se você seguisse à direita do Homem Elegante (era assim que Diana chamava a escultura) você pararia na ala leste, onde ficavam as salas-de-estar, escritórios, quarto de pintura e sala de música. Agora, se você subisse as escadas do lado da Mulher de Chapéu Amarelo (um quadro muito bonito, por sinal) encontraria os quartos, e assim por diante.
Ela descia as escadas do lado do Gordão Bigodudo, o que só podia significar que iria parar na cozinha ou no salão. Enquanto andava, sentia o gelado do chão atravessar suas meias e deixar seus pés frios. O cabelo curto roçar nos ombros, ainda ouvindo os ruídos cochichados que ecoavam pela mansão até chegar em seus ouvidos. Sua casa antiga não tinha tanto eco.
A casa que morava antes de se mudar para Carleigh era rústica e muito bem decorada. Havia muitas coisas daquela casa que Diana guardaria para sempre. Nas raras vezes que a visitava, tentava encarar um lugar específico (a mesa da biblioteca, a borda da piscina, a parte mais florida do jardim) e sentir que ainda tinha 12 anos, rindo e brigando com a irmã mais velha. Quando Diana tinha 11, teve que lidar com a perda de sua gatinha Milly, e quando se mudou para a mansão, com 17 anos, teve que lidar com a perda daquela casa.
Com isso, ela aprendeu que poderia perder muitas coisas, contando que ainda tivesse sua família, tudo ficaria bem.
Aos 16 anos, viu uma garota do colégio quase morrer de chorar porque os pais se separaram, então Diana temia que o mesmo acontecesse com seus pais algum dia e isso estragasse a sua família. Seu único lugar seguro no mundo.
Mas ela nunca imaginou que perderia a família por causa de Darlee.
Assim, depois de ultrapassar a cozinha, Diana via uma luz frágil e embaçada. Usando a parede do corredor como cobertura, ela espiava uma espécie de área de serviço, que ficava nos fundos da Mansão Carleigh. Apesar do escuro e visão turva, Diana reconhecia muito bem os cabelos loiros da mãe (que estava de costas pra ela), o homem posturado e alto (seu pai) e a irmã Darlee, sentada na frente dos dois.
— Vou me transferir pra faculdade que mencionei — dizia a voz que pertencia a sua irmã.
Sua mãe soltava um suspiro e dizia:
— O que você disse para Diana?
Darlee sempre parecia apreensiva ao responder:
— O mesmo que eu disse para vocês: estou indo atrás de respostas para uma pesquisa que estou fazendo.
Ah, sim... Darlee havia mencionado que iria pra Newhill fazer uma pesquisa. Diana ficou muito orgulhosa e ansiosa (quando era menor, dizia que "iria fazer uma grande descoberta e mudar o mundo", então ver Darlee ir em rumo disso era gratificante). Tinha criado até um pequeno discurso para dizer para ela quando partisse.
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Destinados [CONCLUÍDO]
Fantasy✨ "Destinado é toda pessoa cujo destino afeta uma grande quantidade de seres". ✨ Diana quer fazer uma grande descoberta. Do tipo que mudaria o mundo mágico onde vive. E uma oportunidade surge quando anjos começam a desaparecer de repente no país...