Capítulo 28 - Voltar pra casa.

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Daynus, 11 de maio de 3403.

    A volta pra casa foi... inesperada.

Diana já tinha criado inúmeras versões de "A Volta pra Casa de Darlee". No começo, quando sua partida ainda era recente, imaginava uma grande festa na Mansão Carleigh. Com adolescentes bêbados, comidas chiques e música alta até cinco da manhã. Aquele abarrotado de gente, a temperatura alta e conversas gritadas pra sobrepor o som. Só conseguia pensar na cara da Catrina Bryant quando todos comentassem que foi a maior festa do ano e ela >NÃO< foi convidada. Mas depois, quando viu as fotos da irmã sorridente nos jornais, estudando e parecendo não ligar pra as fotos nos tabloides (como sempre), pensou se Darlee queria voltar pra casa. Pediu para Ellie mandar mensagens com indiretinhas, do tipo: "Anda falando com Didi? Eu não", pra ver se Darlee mandava mensagem. O que também não aconteceu. Então, passado alguns meses, Diana pensou na volta-pra-casa como algo raivoso e cheio de rancor. Talvez jogasse alguns ovos na cabeça da irmã para aliviar a traição.

    Com raiva, com tristeza, felicidade, orgulho ou curiosidade. Com brigas, comportamento imaturo, com sorrisos ou com olhares de decepção. Diana considerou todas as possibilidades. Mas nunca pensou na Volta pra Casa de Darlee como algo ignorante. Nunca pensou que seria tratado com indiferença. Darlee voltar? Esse era um grande acontecimento!

    Porém, na verdade, não era. Não foi.

— Didi, o que foi? — perguntou sua irmã. Diana conseguia ouvir o rancor em sua voz. — Por que está tão supresa? Claro que ele não iria nem estar em casa! Minha volta não é mais importante que qualquer reunião.

    A sua voz estava carregada de sarcasmo, e sua mãe abriu a boca pra defender o marido, mas Darlee já estava subindo as escadas pro quarto dela de dois em dois degraus, deixando-as para trás.

— Vou falar com ela — se ofereceu Diana.

    A Mansão Carleigh foi construída numa colina. Por causa disso, alguns cômodos estavam no térreo, onde não haviam janelas pra rua ou mundo lá fora. Por adorar lugar arejados, Diana não costumava gostar dos ambientes do térreo, mas Darlee era o contrário. Podia  não gostar da Mansão Carleigh desde que se mudou, porém, havia uma exceção. Um cômodo, em específico.

    A Sala dos Mapas.

    Era uma sala de estar comum, porém, nos tempos de guerra, os primeiros-ministros antigos usaram a sala como uma "sala de guerra", onde o exército se juntava para analisar os planos contra o inimigo. Quando o conflito acabou, o ministro da época decidiu que era uma ótima ideia emoldurar e pregar, nas quatro paredes do ambiente, os mapas usados. E como o primeiro curso que Darlee fez na faculdade, (cujo terminou em Newhill) era cartografia... Bem, deve-se saber porque aquele era o único lugar que gostava na mansão toda.

    Diana a procurou por lá, a encontrando com facilidade.

    Ela bateu duas vezes na porta já aberta, apenas para anunciar sua presença. Darlee a olhou, em silêncio, sentada sobre o tapete persa que cobria o chão. Tinha uma cadeira de madeira bem ao lado, porém, pela a postura de Darlee, o chão parecia mais confortável. Diana andou até a irmã e se sentou ao seu lado. Darlee não a olhou mais.

— Darlee — chamou ela, a irmã não reagiu. Diana suspirou e meneou a cabeça. — Sério, Darlee, por que está surpresa? Era tão óbvio...

    O que só machucava mais. O fato de ser óbvio.

— Eu não esperei absolutamente nada bom dele, Didi — contou sua irmã. Sua voz continha uma impaciência mal disfarçada. — Esperei que ele gritasse, que me olhasse com desprezo ou que me deserdasse, mas nunca esperei nada. Uma reação; qualquer reação, teria sido melhor que reação nenhuma.

Destinados [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora