Capítulo 3 - O Acordo.

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27/04/3403.

    Não foi fácil arrumar coragem para contar para seus pais sobre a gravidez. Ellie foi até a porta do escritório do pai e voltou para o quarto no mínimo quatro vezes. Na quinta, ela fez uma mini meditação e se lembrou das palavras de Diana, que a encorajou a contar para seus pais na noite passada. Então repetiu o percurso, pronta para acabar com aquilo. Pensou positivo como fazia tantas e tantas vezes por dia e se lembrou do lema da sua família: ser sincero, falar sobre tudo, sem julgar. Fiquem sempre juntos.

    Sem julgar, ela repetiu mentalmente, se agarrando nas palavras como botes salva-vidas.

— Mãe? Pai?

— Sim, querida? — falou sua mãe.

— Podemos conversar rapidinho?

    Ellie entrou e fechou a porta. Seu pai tirou o óculos da ponta do nariz e afastou alguns papéis, apontando para a cadeira. Sua mãe estava de pé, do lado dele, do outro lado da mesa.

— Bom... Eu tenho uma coisa importante para dizer. — Foi assim que ela começou com Diana também. Era um bom começo, certo? — Isso envolve Chase, de certa forma.

    Seus pais fizeram uma careta.

— Eu não voltei pra ele! Não, nunca.

    Ellie encarou as mãos, que começaram a tremer em seu colo. Que droga.

— Mas, bom, vocês sabem, às vezes... — Pausa. — Aconteceu algo e...

    A garganta de Ellie se fechou, e ela começou a engasgar, sem conseguir formar uma frase.

— Talvez isso influencie... Isso mude... — As palavras se embaralharam — Tipo... Minha vida sabe?

— Ellie?

    Ela sentiu um gosto salgado e percebeu que estava chorando. Não havia como pensar positivo sobre aquilo. Ela estava com medo, muito medo. Sua mãe foi até ela, se ajoelhando na frente da cadeira. Ela ergueu uma mão e enxugou as lágrimas de Ellie, com expressão preocupada.

— Meu amor você pode nos contar tudo, sabe disso. Nós não nos julgamos, nunca. "Fiquem sempre juntos", lembra?

    Ellie olhou no fundo dos olhos da mãe.

— Eu... eu estou grávida.

    Sua mãe se afastou um pouco e olhou pra ela, com os olhos arregalados. Isso só fez Ellie chorar mais. E depois de um segundo, ela sussurrou:

— Ah Ellie...

    E a abraçou. As duas ficaram assim por um grande momento, até seu pai vir também e fazer um cafuné em sua cabeça. Era assim que sua família era. Unida, completa. E definitivamente acolhedora.

— Isso não muda nada entre nós, querida. Com certeza, é uma mudança e tanto, mas nós damos um jeito. Sempre damos um jeito, não é Anson? — Sua mãe olhou para o marido, mas seu pai parecia... distraído.

— Com certeza. — Ele sorriu gentilmente. — Continuamos te amando, querida. Não é como se fosse o fim do mundo.

    Infelizmente, seu pai teve que sair logo em seguida, porque tinha "uma reunião importante". Então Ellie e sua mãe não questionaram e foram para a sala de estar, onde começaram uma longa conversa sobre as mudanças que a gravidez causariam. Sua mãe lhe disse que haviam pessoas que a julgariam por estar grávida e solteira. Ter um filho afetaria toda a vida e rotina dela e Ellie teria que se mudar e desdobrar apenas para colocar o conforto daquela criança em primeiro lugar.

Destinados [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora