Capítulo 24 part. final - A História de Acelynn.

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Agosto de 3307.

Todos estavam cansados dessa discussão.

Já fazia quase um ano que Acelynn estava na união. E havia entendido algo: sim, muito dela era sobre imagem e eles ficam à toa muito mais do que resolviam problemas. Mas quando decidiam resolver... Brigavam como cão e gato. Já era a sétima vez naquela semana que o Elementar e o Elfo estavam discutindo o mesmo assunto.

— Está claro que o problema está no turismo! — gritou o Elfo.

— O turismo é uma das principais fontes na economia, sua anta! — retrucou Elementar. — Como espera que ele simplesmente pare?!

Acelynn sentiu uma cabeça se apoiando em seu ombro. E sorriu.

Outra coisa que aconteceu nesse quase um ano, foi a aproximação dela com Leeane. Ela tinham opniões parecidas e se dado bem logo de cara. Em muito pouco tempo, Lynn se viu chamando-a de "melhor amiga". Estavam sempre coladas, lendo o mesmo livro, fazendo piqueniques, cuidando e aprendendo sobre as flores de Leeane ou apenas se fazendo companhia, enquanto Lee estudava e Lynn escrevia. "Lee e Lynn, as inseparáveis" era o que Leeane dizia.

— Ei Lee — sussurrou Lynn, aproveitando a chance. — O Holland... Você o conhece?

Não parecendo mais com sono, Leeane tirou a cabeça do ombro dela.

— Mais ou menos — sua voz estava baixa como a de Lynn. — Já conheci sua esposa e filha, Aimê e Abigail. São uns amores. Mas Aimê reclamou muito da ausência dele em casa — Ela fez uma pausa. — É melhor manter distância.

— Por quê?

— Ele tem uns projetos estranhos. Fuxica demais os arquivos proibidos. E também, tem gente que diz o trabalho dele é sujo.

Lynn disfarçou uma careta.

— Como assim?

— Olha, não diga que ouviu de mim, mas um guardião muitas vezes destrói uma fonte de energia mágica pra manter o equilíbrio do universo — isso, Lynn já sabia. — Mas as pessoas dizem em vez de acabar com tais fontes, ele armazena a energia. Tipo, ela não estará mais provocando problemas, mas também não deixará de existir. Como guardar algo pra comer depois.

Então Holland usava a desculpa "estou prevenindo problemas" pra armazenar energia mágica? Pra quê? Será que isso tinha a ver com seu "projeto" misterioso?

— Sabe o que é pior? — perguntou Leeane, retoricamente, ainda sussurrando. — É que muitos aqui na União passam pano pra ele por ser Guardião. Afinal, ele "cuida" do equilíbrio do universo, não é? — sua voz ganhou um tom irônico: — Logo, vamos fingir que não vemos nada do que ele faz. Não é genial?

Acelynn se perguntou até onde esse passar de pano ia. Se perguntou quantas coisas ruins que Holland fez, a União ignorou. Quais coisas ruins eram essas? E, pior: O quão "ruim" a União fingia não ver?

Mais uma vez, os E's (Elementar e Elfo) voltaram a brigar. Lynn revirou os olhos, cansada daquela meleca. Então, seus dedos formigaram e ela sentiu uma vibração vindo do bolso direito.

    Ah não.

Acelynn mandou si mesma ficar quieta. A vibração continuou. Ela ignorou. Se concentrou no cabelo de Leeane, cheirando a flor de cerejeira, roçando em seu pescoço quando voltou a deitar a cabeça no ombro dela.

     Me pegue. A caneta dizia. Me use.

Se você assistiu Alice no País da Maravilhas direito, deve saber que sempre algo não vivo é acompanhado de frases como: "coma-me", "beba-me" e "usa-me", coisa boa não é.
A caneta dela não era diferente.

Destinados [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora