Capítulo 7 part. 1 - Turfe e o Simbolo.

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    Ellie saiu do salão e foi pro jardim. Chega, pensou.

    Ela andou, devagar, digerindo o que tinha acabado de acontecer. Processando e tentando descobrir, de que jeito aquilo a afetava?

    Ela estava conversando com convidados. Muitas pessoas da família Kenblay ela não conhecia, mas havia sim muita gente de Astéria lá, então Ellie não era uma completa estranha. Quando terminou uma conversa com um "Bom, aproveitem a festa", ela fugiu para um canto escondido do salão, atrás dos casais que dançavam no meio dele. Ela havia deixado aquele cantinho escuro para fugir quando precisasse recuperar o fôlego. O ar estava abafado, então não adiantou muita coisa, mas se sentiu grata por não estar cercada de pessoas.

Ela passou sorrateiramente por algumas mesas, onde poucas pessoas a cumprimentaram, mas não chamaram muita atenção. Suas pernas a levaram para perto da mesa de petiscos e foi aí que Ellie percebeu que estava com fome. Ela chegou por trás de um grupo de mulheres, que não a avistaram, e antes de pegar um pequeno bolinho, ela ouviu uma delas dizer:

— Duvido que ele está casando com ela porque quer.

    Ellie deu um passo para trás, se camuflando nas sombras. O grupo era composto por quatro mulheres, todas bem vestidas e de postura ereta. Vestindo vestidos de tons pálidos e escuros, com seus narizes empinados. Era exatamente o tipo de grupo que Ellie evitaria se encontrar. Pessoas que estavam sempre falando da vida alheia e lançando julgamentos por aí como uma cobra destilando veneno.

— Deve ser um daqueles motivos: Ou o casamento é arranjado; eu não me surpreenderia se fosse já que o papai dela é amigo do rei. Ou... — A mulher deu um pequeno suspiro e todas elas falaram, em uníssono: — ela está grávida.

Aquilo atingiu Ellie como uma facada. Sempre se sentia incomodada quando tocavam no assunto, e ela ficava ainda mais incomodada por não saber o que estava sentindo. E aí tentava descobrir o que era, mas falhava, e tudo só piorava.

    Sim, ela concordou com o casamento, para seu filho ter escolha e um bom futuro. Mas será que concordou que Will agora era o pai dele?

    Não. Ela estava fugindo aceitar isso como os Celestes fogem dos Seres-mágicos. Mas por quê?

    Ela não teve tempo para pensar, porque bem aí, uma das mulheres do grupo deu um pequeno arquejo de susto e apontou para Ellie com a mão enluvada. Pelo o visto, Ellie não estava tão escondida quanto pensava. As pessoas a encararam. Provavelmente escutavam o que o grupo dizia, mas achavam que Ellie estava do outro lado da festa. Exatamente como "não tem problema falarmos mal dela, contando que ela não apareça subitamente atrás de nós".

     Então, enquanto as mulheres engasgavam com o ar e tentavam dizer algo racional, Ellie fez a postura mais elegante que conhecia, pegou delicadamente uma tortinha, e abriu um sorriso. Uma mistura de gentileza e riso, como se ela tivesse achado graça da fala delas, ao mesmo tempo que dizia "acertaram". Ela fez uma pequena pausa apenas para dizer:

— Desculpe se atrapalhei a conversa. — E saiu andando.

    Ellie sentiu a vontade de rir de nervoso. Mas logo a vontade de rir se tornou numa vontade de chorar, então depois de despistar algumas pessoas e distrair outras, a banda tocou uma música que todos conheciam, a pista de dança encheu e foi o momento perfeito pra ir para o jardim.

    Ela andou tanto que achou uma árvore, onde havia um balanço, e depois de verificar que ela não ia cair ou sujar seu vestido, Ellie se sentou. Indo de leve para frente e para trás, ela ouviu passos atrás dela e se virou para ver quem era.

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