Capítulo Seis

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Quinta-feira, 29 de Agosto de 1985.

Eu não falo com a Max até o meio da semana. Deixei um bilhete no armário dela ontem, convidando-a para a noite de cinema. Pedi a ela que respondesse colocando um bilhete no meu, mas não havia nada no meu armário quando verifiquei esta manhã.

Depois da escola, pego minha bicicleta (Chega de caronas para mim, mãe, vou dar um jeito, obrigado!) e procuro por ela nos três lugares que sei que ela deve estar se não estiver em casa. Não a encontro no fliperama, o que é surpreendente. Todo mundo está pensando em mudar, e Max não é diferente. Talvez haja uma parte dela que perceba, assim como os meninos e eu, que as crianças no fliperama estão ficando cada vez mais jovens, e estamos parecendo cada vez mais velhos ao lado deles.

O próximo local é o Benny's Burgers, que não está aberto desde que El apareceu pela primeira vez em Hawkins e Benny morreu. Max vai lá sempre que quer ficar sozinha e não quer que ninguém a encontre. É uma longa viagem e, quando chego, o lugar está bem fechado, vazio. Tábuas descascando, vidro quebrado e poeira cobrem o chão, sobre o qual posso ver várias pegadas se cruzando. O local favorito dos jovens do ensino médio, a julgar pelas pontas de cigarro, latas de cerveja e baseados fumados até onde os dedinhos podem segurá-los. Tudo o que eu espero está aqui, menos a Max.

Então eu tento o terceiro lugar da Max: o Elmore skatepark.

Não é tecnicamente um skatepark. Pelo menos não como o tipo legal que Max descreve da Califórnia, aqueles de filmes que parecem um meteoro caindo e deixando uma cratera de concreto. Elmore parece mais com alguém que começou a cavar um canal e mudou de ideia no meio do caminho. É apenas uma grande vala cercada por uma cerca de arame, com grafites aleatórios pintados nela, muitos deles fazendo referência a alguém ou algo chamado Cab e Hawk, juntamente com um monte de peitos e pênis grosseiramente desenhados.

E depois há os próprios skatistas, sempre vestidos com jeans ou jaquetas de couro, usando chapéus e boinas estranhos, brincos em uma orelha, sempre um aparelho de som por perto, bandas de metal ou de garagem. Skates não é realmente uma moda em Hawkins, mas mesmo que o verão tenha acabado tecnicamente, o skatepark está cheio de punks. Eles fingem ser durões, mas não acho que assustam alguém. Tenho certeza de que, se prestasse atenção, perceberia que são todos os mesmos oito ou dez garotos da estrada que descansam, tentando ser diferentes. Esta é a coisa mais próxima das vibrações da Costa Oeste que temos aqui em Hawkins. Max escapar por aqui faz sentido.

Quando a encontro, ela não está andando de skate. Apenas está sentada na beira da barreira de concreto, observando. Ela parece estar observando muito esses dias. Eu largo minha bicicleta na grama e me arrasto até ela.

— Ei. — Eu digo, acenando. — Achou meu bilhete?

Ela olha para cima.

— Sim.

— Ah, tá bem. — Eu digo. — Só queria ter certeza.

— Ok. — Ela diz.

— Então você vai conseguir ir? Para a noite do cinema?

— Vou pensar, Lucas.

Respiro fundo e me acomodo ao lado dela. Ela parece surpresa com a ação, o que me surpreende.

Stranger Things: Lucas on the LineOnde histórias criam vida. Descubra agora