Capítulo Trinta e Um

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Sexta-feira, 4 de Abril de 1986.

    Nós irrompemos no vestiário e estou subindo nos ombros dos meus companheiros de equipe. Eles acidentalmente batem minha cabeça no batente da porta, mas nem fico chateado.

    Depois que os caras me colocam no chão, eles se revezam derramando latas de Jolt Cola na minha cabeça. Tradição, para o MVP e vencedor do time, dizem. Pela primeira vez, estou feliz por não estar com minhas roupas bonitas, embora tirar isso do meu cabelo seja outra questão. Também me pergunto o que os zeladores vão pensar, e digo isso aos meus companheiros de equipe, mas eles riem ainda mais.

    — Ah, Sinclair. — Diz Jason. — Ainda vivendo no mundo normal, não é? Você não precisa mais, lembra? Você é um de nós agora. E nós não jogamos pelas regras lá fora.

    Ele está certo, eu penso. Finalmente encontrei meu lugar. Mesmo que seja em um esporte que nunca pensei que praticaria, e entre caras que nunca pensei que gostaria de estar por perto. Mas nem sempre foi sobre o jogo ou esses caras. Sempre foi sobre viver o momento, sobre estar tão confortável aqui comigo mesmo quanto estou em qualquer outro lugar e com qualquer outra coisa. Não tenho motivos para sentir vergonha por aproveitar os benefícios de sair com atletas legais. Especialmente se meus próprios amigos escolheram me abandonar completamente.

— Escute, poderíamos até fazer um melhor. — Diz Jason, esvaziando uma última lata de Jolt Cola e esmagando-a. — Mas o treinador é um teimoso e faz um grande alarde sobre o fedor depois. — Ele faz uma pausa. — Deixe-me adivinhar. Você ainda não experimentou a bebida de um homem de verdade.

Meu rosto mostra meu alarme.

— Você quer dizer... álcool?

— Álcool... — Jason ri, vira-se para a equipe. — Gente, ele chama isso de álcool!

Os meninos riem e Jason volta para mim.

— Estou falando de cervejas, Sinclair. Agora que você se tornou um homem de verdade esta noite, você precisa de uma bebida de homem de verdade. E se ainda não experimentou... bem, vamos consertar isso, não vamos, rapazes?

A equipe comemora seu acordo. Uma parte de mim quer dizer: Não vamos ter problemas por beber? Mas a outra parte de mim, aquela que quer continuar se destacando no mundo, diz: eu sou Lucas Sinclair. E eu posso ser e fazer o que diabos eu quiser.

O treinador chega mais tarde e faz seu próprio discurso empolgante, falando sobre o que nossa vitória significa para o time, a escola, a cidade, seu próprio legado atlético. Ele tem uma pequena palavra de elogio para mim, mas, caso contrário, está de volta à celebração.

Entramos no chuveiro logo depois e vestimos roupas normais. Andy e Patrick discutem se o Hideaway deixará a equipe e outros alunos do ensino médio entrarem para uma comemoração.

— Eles vão, se não quiserem se tornar chatos. — Diz Andy. — Imagine ser o bar que não deixa uma cidade comemorar seu primeiro campeonato em mais de vinte anos.

— Eles não estão mantendo a cidade fora. — Diz Patrick. — Só nós. O chefe Powell não joga rápido e solto como Hopper, lembra? Ele não aceitará bem que eles nos deixem entrar.

— Bem, temos que festejar em algum lugar, não é? — Diz Andy, olhando para Jason. — Idéias, capitão?

Jason assente sabiamente, como se estivesse esperando que essa mesma pergunta fosse feita.

Stranger Things: Lucas on the LineOnde histórias criam vida. Descubra agora