Stranger Things: Lucas on the Line

Capítulo Dezesseis

Segunda-feira, 2 de Dezembro de 1985.

— Bola! — Grita o sr. Theo, assistente técnico do time universitário júnior do Hawkins Tigers.

Uma bola de basquete zune no ar em direção a um calouro, um dos três que fazem testes para o time. Ele se encolhe quando ela chega, antecipando o golpe, mas empurrando os braços para frente de qualquer maneira. A bola cai em suas mãos, e ele agarra. Não é uma má captura também. Mas essa primeira vacilada é um disjuntor. E acontece que o Sr. Theo odeia vacilos mais do que tudo.

— Você está fora! — Grita o Sr. Theo, aproximando-se do calouro. — Não há lugar para medo neste time, está me ouvindo? Nenhum lugar!

O garoto que jogou a bola – um calouro da lista de substitutos do time do colégio – ri. Seus amigos, que vieram para assistir e serem idiotas, também riem.

As tentativas de entrar no JV não tiveram um começo tão bom.

Eu esqueci completamente que Educação Física é o primeiro período da semana. Aparentemente, algum estudo aleatório convenceu o conselho escolar de que aumentar a frequência cardíaca antes da escola ajuda no oxigênio do cérebro e na retenção de informações. O que o responsável por aquele estudo não levou em conta, é claro, é o desafio que vem de não poder tomar banho antes de ir para a aula. A experiência não é apenas desconfortável, mas é uma sentença de morte para todos os narizes pelo resto do dia. Além disso, algumas pessoas – como eu – ficam nervosas se não tivermos tempo suficiente de preparação antes das atividades físicas.

Minhas mãos estão tremendo. Elas não deveriam estar, porque eu já me animava, repetindo o que Jay disse. Apenas divirta-se. Mas é difícil fazer isso com toda essa gritaria acontecendo.

O Sr. Theo apita. Ele é um homem magro em uma camiseta cinza e shorts que vão até as coxas. Muito mais jovem do que a maioria dos professores e do treinador principal, mas não menos rigoroso. As veias em seu pescoço estouram, então ele sempre parece que está prestes a lutar com alguém. Exceto que ele não parece nada assustador, não importa o quanto tente. Ele só parece um homem legal que está estressado.

— Você. — Sr. Theo diz, apontando para o calouro ao meu lado. — Você é o próximo.

Esse cara novo é mais alto do que eu, e o conjunto de seu rosto sardento me diz que ele pode ser alguém que sabe o que está fazendo. Além disso, seus sapatos. Ele não está usando sapatos de ginástica comuns como eu, mas tênis de basquete adequados. O tipo que eu vi os profissionais usarem nas fitas da NBA. E eles também estão desgastados, então eles definitivamente foram usados.

Ele alinha seu corpo em preparação, pés à frente, cotovelos em ângulo. Esse garoto é confiante, como se isso fosse uma segunda natureza.

— Bola. — Sr. Theo diz. O júnior bate a bola no calouro. O menino pega, duro e firme. — De novo. — Diz o Sr. Theo. A bola é devolvida e o júnior efervesce outro passe de bala. O calouro pega novamente. — Bom. — Diz o Sr. Theo. — Agora deixe-me ver sua forma de drible e pontuação.

    O menino sardento quica a bola e desliza para a frente, seu movimento suave e confiante. É tão óbvio que ele está jogando há um tempo que até os veteranos não riem, mas assistem, extasiados. Ele é claramente alguém que está competindo por espaço nessa lista do time do colégio.