Capítulo Dezenove

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Sexta-feira, 3 de Janeiro de 1986.

— Um armário explodiu em Hawkins High. — Diz Powell. — Bomba caseira.

O chefe Calvin Powell nunca foi de exagerar. Pelo que entendi do Departamento de Polícia de Hawkins, Hopper era o teimoso e imprevisível. Phil Callahan, outrora parceiro de Powell e agora vice, ao lado dele, parece o membro distante do grupo. Isso faz de Powell aquele com a cabeça diretamente sobre os ombros. Agora vejo por que ele foi nomeado chefe depois que Hopper morreu. Mas os comportamentos característicos de Powell e Callahan foram apagados enquanto eles estão na nossa porta da frente, a neve caindo levemente em suas jaquetas, e entregam as notícias com um afeto sombrio.

— Podemos entrar? — Powell diz, passando pela porta antes que papai possa responder. Estou na metade da escada e prestes a subir de volta quando ele me vê e diz: — Ah, vamos querer falar com você também, Lucas, se não se importar.

Eu congelo no meio do passo.

— Falar comigo?

— Sim, filho. — Diz Powell, depois para o papai: — Se tivermos sua permissão, Charles.

Papai me lança um olhar. Meu coração pula uma batida.

— O que ele fez? — A voz do papai muda para o registro mais baixo que ele usa quando está chateado.

— Nada, nada. — Diz Powell. — Só precisamos fazer algumas perguntas a ele sobre outro aluno.

Em pouco tempo, estamos arrumados na sala de estar — eu espremido entre mamãe e papai, Callahan e Powell à nossa frente com canecas de café fumegantes na frente deles, e Erica parada em uma poltrona, observando tudo se desenrolar com interesse.

— Então deixe-me ter certeza de que estou certo. — Papai está dizendo. — Um garoto do ensino médio fez uma bomba em casa, armou no armário do amigo de Lucas e depois foi embora para as férias?

— Não exatamente, mas perto. — Diz Powell, sem tocar em seu café.

Callahan, por outro lado, toma o café com intensa concentração, como se preferisse fazer isso do que falar sobre um atentado à bomba na escola.

— Deve ter havido algum tipo de desacordo. — Diz Powell. — É assim que essas coisas sempre começam. E assim o garoto magoado vai para casa, planeja vingança, junta alguns explosivos na garagem de seus pais e o coloca no armário de seu inimigo na escola. Mas é o fim do semestre, então a escola fecha. O garoto esquece, sai para as férias de inverno. E então, no intervalo, quando os zeladores estão se preparando para reabrir, fumigando e pintando armários, o bom e velho Reggie descobre que um dos armários está com as dobradiças afrouxadas. Manipulado, como se alguém estivesse querendo roubar alguma coisa. Então ele decide consertar isso. Ele desmonta a porta e, quando a abre... — Powell mostra os dez dedos. — Boom!

— Ah, meu Deus. — Diz a mamãe. — Reggie está bem?

— Ele é um homem de sorte. A porta de metal o protegeu da maior parte da explosão. Ele escapou com algumas queimaduras de primeiro e segundo grau, mas está bem.

— Puta... — Papai se segura. — Como uma criança faz uma bomba?

— Não é díficil.

Stranger Things: Lucas on the LineOnde histórias criam vida. Descubra agora