Quinta-feira, 28 de Novembro de 1985.
Assim que chego em casa, estaciono minha bicicleta silenciosamente. Imagino que depois de me perguntar onde eu estava no resto do jantar, todo mundo já foi para a cama agora. Então faço a única coisa que acho que faz sentido: subir no cano ao lado da janela do meu quarto e entrar o mais silenciosamente possível.
Não é algo que eu faça com tanta frequência. Papai tem sentimentos muito fortes sobre as paredes externas ficarem manchadas como resultado de escaladas repetidas. Ele acha que a sujeira nas paredes reflete o mal em nós. Além disso, muitas madeiras nas paredes externas está caindo aos pedaços, e ele está com medo de que um de nós possa escorregar facilmente. Ele não está errado. Este cachimbo não é o mais resistente, e eu não peso o mesmo que pesava no ensino médio.
De qualquer forma, entro no meu quarto com segurança suficiente e sem deixar muita lama na parede ou no cano. Devo ter feito muito barulho ao chegar, porém, porque mal me acomodei e tirei minha jaqueta quando ouço passos e sussurros descendo as escadas. Ainda estou tentando entender quando papai de repente irrompe na sala, tio Jack atrás dele, mamãe e Erica atrás dos dois. Papai tem sua espingarda apontada para mim; Tio Jack tem um taco de beisebol pronto. Mamãe e Erica seguram facas de cozinha.
— Sou eu, sou eu! — Digo, com as mãos no ar.
— Meu Deus, Lucas! — Diz mamãe enquanto todos suspiram de alívio, abaixando suas armas. — Não nos assuste assim!
— O que você está— Papai começa, então olha para a janela aberta. — Você pulou a janela?
— Sim. — Eu digo. — Desculpe.
— Então, você desapareceu no meio do jantar em família e pulou a janela. — Diz papai. — São duas ofensas, filho.
— Sinto muito. — Eu digo. — Mas eu tive que ajudar a Max.
— Sua amiga que deveria aparecer para o jantar — Pergunta mamãe. — Aconteceu alguma coisa com ela?
— Não. — Eu digo, então: — Um pouco. Os pais dela se separaram e ela não teve um Dia de Ação de Graças de verdade, então eu fui sair com ela no parque.
Papai, mamãe e tio Jack olham um para o outro. Pela firmeza de sua mandíbula, papai claramente está pensando na punição. Mas mamãe está dando a ele seu olhar suave, e tio Jack tende a ficar mais do lado da mamãe do que do papai.
Felizmente para mim, o olhar da mamãe vence.
Cuidadosamente, papai dá ao tio Jack sua espingarda para guardar com o taco de beisebol, e mamãe faz o mesmo com as facas de cozinha, entregando-as a Erica.
Mamãe se aproxima e acaricia meu ombro, murmurando uma desculpa silenciosa em minha direção e perguntando se estou bem. Os olhos do papai estão ocupados percorrendo toda a sala. Seu olhar finalmente pousa na minha mesa de leitura.— O que é isso? — Ele pergunta, pegando o livro que ele notou e escaneando o título.
Ah, Merda. Eu estava lendo isso antes de tomar banho mais cedo e esqueci completamente de colocá-lo de volta debaixo da minha cama. Apenas para a minha sorte, a única vez que papai vem ao meu quarto em muito tempo, ele não encontra uma revista pornô ou algo assim, não. Em vez disso, ele encontra a única coisa que eu não queria que ele visse: o livro de Jay.
— A História do Negro na América. — Papai diz, lendo o título em voz alta, então o levanta. — Onde você conseguiu isso?
— Lugar nenhum. — Não vou colocar Jay em apuros.
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Stranger Things: Lucas on the Line
Ficção GeralLucas está na luta contra as forças do mal em sua cidade desde o início, mas está cansado de se sentir um forasteiro. Quando o início do ensino médio apresenta a Lucas opções além de D&D e ser intimidado, ele se pergunta se pode ser mais do que invi...