Capítulo 18

646 75 9
                                    

Carmilla - Maio de 1977


Haviamos acabado de chegar ao aeroporto do Equador, eram como os aeroportos de qualquer lugar eu imaginava, "vazio", tinha bastante gente, andando de um lado para o outro, desci do avião com os meus pais e Lenore, ela abriu um sorriso e bagunçou o meu cabelo, me fazendo rir, fizemos o check in e todas as outras coisas que precisávamos.

O país havia passado em 1972 por mais ou menos 50 golpes, deveria ser um pouco difícil, mas pensar nessas coisas políticas na minha viagem em família só me deixava mais chateada.

─Vamos ficar na casa da tia Mônica─ Minha mãe fala abrindo um sorriso, ela estava feliz por estar no país que nasceu, que viveu, meu pai riu baixo e chamamos um táxi para ir a casa da minha tia, ela morava em Quito, que era a capital, tinha diversas igrejas, pessoas andando para lá e para cá, parecia diferente dos Estados Unidos, mas de um jeito bom.

Tia Mônica morava em um prédio de seis andares, ele era branco e lembrava aquelas arquiteturas espanholas que haviam em Louisiana por exemplo, tinha uma beleza única.

Ajudei meus pais a pegar algumas malas, falamos com o porteiro e entramos, a nossa tia morava no terceiro andar e quando abriu a porta, parecia animada demais por nos ver, eu a tinha visto apenas por foto, mas ela me deu o caderno de receitas que eu utilizava, levei a foto de Vance para mostrar a ela, queria que conhecesse o menino que eu estava apaixonada desde sempre e que provavelmente minha mãe sabia.

─Veja como vocês cresceram!─ Ela disse em espanhol, minha mãe nos avisou que não iríamos falar nada de inglês ali e eu estava um pouco extasiada para treinar o meu espanhol, Lenore falava bem melhor do que eu. ─Carmilla! Você é tão linda, puxou a mim claro─

─Mônica... Minha filha é a minha cara─ Minha mãe diz rindo e se abaixando para cumprimentar o meu tio e provavelmente meus primos, uma coisa comum ali era o beijo na bochecha e abraços, lá nos Estados Unidos não tinham esse costume, porém em casa sempre fazíamos isso e era normal.

Eu deveria saber que não iríamos ter um choque tão grande.

─Deixa de ser mentirosa querida, ela parece comigo─ Meu pai fala fechando a porta e cumprimentando a minha tia, sorrio um pouco contida e beijou a bochecha dela, indo até meu tio e fazendo o mesmo.

─Você está maior do que a Lenore era na vez que vimos ela─ Ele fala brincando, Lenore revira os olhos, mas abre um sorriso e cumprimenta o mesmo.

Quando terminamos de falar com eles, tia Mônica falou para organizarmos nossas coisas no quarto, iríamos dividir o quarto:

Eu, Lenore e meus três primos;

Meus pais sozinhos;

Meus tios no quarto deles.

─Então... Posso usar a escrivaninha de vocês de noite?─ Pergunto olhando meu primo mais velho, ele tinha a idade da Lenore, os cabelos castanhos, pele branca e os olhos eram castanhos também, todos haviam puxado o meu tio Alex.

─Claro, por acaso vai escrever o namorado?─

─Miguel!─ Ouço nossa prima mais nova dizer, Lenore riu e colocou as malas em um canto, senti as minhas bochechas ficarem vermelhas.

─Não... Não é meu namorado─

─É quase isso─ Lenore responde olhando para mim, ela e meu primo começam a rir sozinhos.

─Lenore!─


-X-


Jantamos llapingacho, uma tortilha de batata com recheio de carne, mas poderia ser de abacate e ovos também, estava muito boa, minha tia cozinhava bem, talvez o dom da cozinha estivesse com a família Hidalgo, esse pensamento me fez sorrir um pouco, fui para o banheiro, tomei um banho e coloquei o meu pijama.

Aproveitei que meus primos e Lenore estavam planejando jogar detetive para escrever as cartas, me sentei na escrivaninha e peguei um dos papéis de carta, ele tinha uma menininha segurando uma cesta de lavanda, havíamos tirado duas fotos antes do jantar, então quando fechei o envelope e o enderecei a Denver, coloquei uma das fotos. 

Má reputação - Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora