Epílogo

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Carmilla - Novembro de 1988


Era tão difícil.

Me ajoelhei em frente a lápide de Vance, meus olhos marejaram de novo e comecei a chorar, era o dia em que homenageamos os nossos antepassados, entes queridos e pessoas que amamos, eu fechei os olhos controlando todas as emoções que voltavam sempre que estava aqui, lendo o nome Vance Hopper e vendo a data 1962 - 1977.

Eu não tinha me casado, nem namorado depois de tudo aquilo.

As pessoas sempre diziam na cidade que eu deveria seguir em frente, viver, mas como se vivia quando perdeu uma das pessoas que mais amava na sua vida inteira? Eu tinha só 15 anos quando perdi o meu grande amor, eles nunca sabiam das coisas.

Haviam me dito que o primeiro amor marcava porque era o primeiro.

O meu primeiro amor me marcou porque ele foi tirado de mim por aquele monstro, eu agradecia Finney por ter conseguido matá-lo.

Na verdade estava sendo injusta, Vance foi o meu único amor.

Deixei uma das flores que eu levava em cima da grama, abaixei e continuei chorando, queria achar uma forma de trazê-lo de volta.

Todos os dias eu contava um, dois, três e abria os olhos para ver se ele estava ali do meu lado, tomando o frapê que pediu aquele dia ou jogando Castlevania, era engraçado.

Além de uma Carmilla no jogo, existia uma Lenore.

Imagino as piadas que ele faria para mim e para ela se soubesse, mas a única coisa que poderia ter era Nicholas, eles tinham se casado e tido um filho, que chamaram de Vance.

Agora eu tinha 25 anos e continuava precisando de tempo para superar tudo o que aconteceu, não consigo imaginar o que ele tenha passado naquele lugar, ou o que os outros meninos tenham sofrido, Finney não comentava muito e bem, agora ele estava casado e trabalhava como astrônomo.

Quando parei de chorar levantei o rosto e voltei a olhar a lápide, mas franzi o cenho quando uma borboleta parou bem em cima, ela era branca, passou por mim e voltou a voar para onde quer que ela estivesse indo.

─Eu te amo ainda Vance Hopper, aqui e sempre─

Queria saber se ele responderia a esse.

Dessa vez eu tinha falado primeiro.

Sorri um pouco respirando fundo e limpei as lágrimas.

Eu só precisava de tempo...

Arrumei o anel de borboleta nos meus dedos, ele já estava falhando, mas nunca o tirava, era o que eu tinha dele além das lembranças, me levantei e comecei a andar para fora do cemitério.   

Má reputação - Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora