Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume III

07 - Fenômenos de emancipação da alma

            Nos estudos do Espiritismo que ministro na casa espírita em que trabalho, indiscutivelmente, um dos assuntos que é mais debatido, por parte dos participantes, é sobre os sonhos. Muitos trazem muitas dúvidas a esse respeito. Outros juram que jamais sonharam; outros não sabem que existem os chamados: sonhos fisiológicos e sonhos espirituais; e, por fim, outros não sabem distinguir um do outro. Não podemos deixar de considerar também, que boa parte deles não sabem explicar o que seria a emancipação da alma, fenômeno também conhecido como desdobramento ou bilocação, sendo esta última denominação muito utilizada por Kardec na codificação.

            Presumindo que o leitor já leu os outros dois volumes do livro, sabemos que ele vai recordar facilmente de que todos nós que estamos encarnados aqui na Terra também somos Espíritos, e sabe também que, durante o sono principalmente, podemos nos libertar parcialmente do corpo, e agirmos no plano espiritual. Entretanto, enquanto encarnados estivermos, estaremos sempre ligados ao corpo físico através de uma espécie de "cordão", que nada mais é do que uma extensão do nosso perispírito.

            Essas atividades que realizamos nesse momento de desprendimento ou emancipação, sempre ficam gravadas em nossa mente espiritual e, algumas vezes, ao acordarmos, nos lembramos total ou parcialmente das mesmas.

            Como nos envolvemos em várias atividades durante esse desprendimento, muitas são as imagens armazenadas no nosso cérebro espiritual, que possui uma capacidade infinitamente superior ao seu correspondente físico, e, no processo das recordações, o cérebro físico, graças a sua limitação em relação ao outro, "embaralha" essas imagens, o que explica as "confusões" em seu entendimento. A esse tipo de sonho denominamos de sonho espiritual.

            Outro fato, muito corriqueiro, e que merece aqui algumas considerações, é de que, o sono serve, principalmente, para proporcionar um repouso à nossa organização física, e durante esse processo, o cérebro físico libera certas imagens gravadas durante as atividades diárias. Quando o Espírito está a se emancipar pelo processo do sono, muitas vezes esse desprendimento é parcial, deixando-o muito próximo do corpo físico, o que faz com ele se envolva com essas imagens liberadas pelo cérebro, dando ao mesmo a impressão de que está inserido no contexto dessas imagens. Esse tipo de sonho é conhecido como sonho fisiológico.

            Em se tratando do sono, a nutricionista Karine Albiero, nos diz o seguinte:

            O processo do sono é regido por um relógio ajustado num ciclo biológico de 24 horas. Os ponteiros desse relógio são moldados geneticamente e sua sincronia depende de fatores externos (iluminação, ruídos, odores, hábitos, colchões, televisão) e fatores internos (alimentação, desequilíbrios orgânicos e produção hormonal). O coração desse relógio, segundo especialistas, é a Melatonina, um hormônio produzido no cérebro pela glândula pineal que apresenta a função de preparar o organismo para o sono.

            Quando o processo do sono tem início, a temperatura cai de 1 até 2 ºC e a pressão arterial também sofre uma ligeira queda. Nesse momento, o cochilo ocorre num piscar de olhos. Há alguns anos atrás, em 1953, descobriu-se a existência de uma fase de sono profundo, sono REM (Rapid Eyes Moviment), no entanto, atualmente, já podemos reconhecer a existência de 5 fases distintas, que irei comentar brevemente:

            A 1ª. Fase é considerada a fase do adormecimento (transição) com a duração de alguns instantes até 15 minutos e ocupa de 3% até 5% da noite de sono. A 2ª. Fase representa a fase de um sono mais leve, ocupando metade do tempo total do sono; a 3ª Fase identifica o início do sono profundo. Já a 4ª Fase é a fase do sono profundo propriamente dito e é o momento em que o organismo recupera-se do cansaço diário. Essa fase é fundamental para liberação de hormônios reguladores como a Melatonina e Hormônio do Crescimento (GH), entre outras substâncias responsáveis pela regeneração celular e a cicatrização epitelial. Por fim, a 5ª. Fase é a fase do sono REM, anteriormente comentado. A atividade cerebral nesse momento está em pleno vapor e desencadeia-se o processo de formação dos sonhos. É nesse momento que o cérebro faz uma espécie de faxina geral na memória, fixando informações importantes e descartando dados inúteis coletados no dia. Assim, essa fase garante a manutenção e/ou expansão das redes de neurônios ligados à memória e ao aprendizado.( os grifos são nosso)