Como já comentamos antes, a necessidade de um tratamento espiritual, é conseqüência de desequilíbrios do ser espiritual, com repercussões na estrutura perispiritual e física, em virtude da identificação com as más paixões, seja no passado distante, e/ou mais recente, bem como pelos hábitos contrários à paz e ao amor, ou seja, fora daquilo que ensinou o mestre Jesus como forma de se encontrar o caminho da felicidade e de se viver em paz.
Em conseqüência desses desajustes de ordem moral, aparecem também as influências espirituais e as obsessões, ou seja, as ações empreendidas por Espíritos inferiores, vinculados a um indivíduo, em virtude de compromissos passados, o que sempre irá ocasionar graves problemas.
Assim nos fala Allan Kardec a respeito da obsessão:
A obsessão é a ação persistente de um mau Espírito sobre uma pessoa. Apresenta características muito diversas, desde a simples influência de ordem moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a completa perturbação do organismo e das faculdades mentais(...)
Assim como as doenças são resultado das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influencias perniciosas do exterior, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um mau Espírito.
Para se preservar das doenças, fortifica-se o corpo; para se garantir contra a obsessão, é necessário fortificar a alma. Disso resulta que o obsedado precisa trabalhar pela sua própria melhoria, o que na maioria das vezes é suficiente para se livrar do obsessor, sem socorrer-se de outras pessoas.
Além das medidas já descritas como mecanismos de atuação do tratamento espiritual, a casa espírita, onde está sendo realizado o tratamento, realiza também as reuniões de desobsessão - reuniões fechadas ao público - onde os Espíritos envolvidos em dores e sofrimentos, causados a outros e a eles próprios, pela ação persistente de vingança que exercem sobre suas vítimas (vítimas hoje, algozes ontem) são ali atendidos.
Através das reuniões de Desobsessão, com a participação de médiuns e doutrinadores bem preparados, a casa espírita procura esclarecer esses irmãos sofredores, através do diálogo fraterno, amoroso e respeitoso, para que encontrem, através da auto-reforma-interior, o caminho para se libertarem de suas dores, e vivenciem os ensinamentos de Jesus, exercitando a prática do perdão e do trabalho constante em direção ao caminho do bem.
As reuniões de Desobsessão, como dissemos antes, são reservadas aos trabalhadores preparados, e, como medida de segurança, devem ser vetadas àqueles que ainda não trazem condições para frequentá-las. Isso porque, além da falta de conhecimento sobre o Espiritismo, e, de forma mais específica, sobre a mediunidade, nem todos estão aptos para se depararem com Espíritos enfermos, cobradores implacáveis, e que, na maioria das vezes, proferem várias ameaças aos seus perseguidos. Além do mais, esses Espíritos, que se dizem vítimas daqueles que estão em tratamento, irão ali, relatarem os fatos ocorridos, o que sempre é motivo de grande perturbação para quem está sendo apontado como o causador de suas dores. Muitos podem mesmo saírem dali com graves impressões diante do ocorrido, podendo assim, adquirir alguns transtornos de ordem emocional e até mesmo mental.
Em determinadas situações, os Espíritos benfeitores da casa, solicitam a presença do "paciente" nas reuniões de desobsessão. Sim! Isto é possível. Porém, nesses casos, sob a orientação desses benfeitores, aí sim o "paciente" pode participar, pois haverá todo um preparo para que não haja nenhum tipo de trauma ou dificuldades para o mesmo, bem como para o Espírito comunicante vinculado ao problema, assim como para os trabalhadores integrantes da reunião.
Para que o "paciente" possa comparecer a essa reunião, deverá seguir a risca as orientações que serão dadas pela casa, pois para esse tipo de atividade o equilíbrio espiritual, moral e físico nunca pode ser descurado.
As reuniões mediúnicas de desobsessão, também denominada de reunião de assistência aos Espíritos necessitados, têm como meta única o esclarecimento do ser que se encontra eivado de ódio.
Todos os irmãos enfermos que se comunicam através dos médiuns são ali esclarecidos acerca de sua problemática, para que eles próprios despertem para o caminho do bem.
Nesse tipo de trabalho, não se aprisiona Espíritos, ou os retira à força de onde se encontram. Também não se utiliza de ameaças, fórmulas mirabolantes, rituais ou qualquer coisa que o valha, contra esses irmãos.
No Espiritismo não se encontra esse tipo de procedimento. Jamais.
Por isso, o esclarecimento através da orientação do Evangelho de Jesus é a única ferramenta utilizada nessas reuniões.
Em muitos casos, o despertar de alguns Espíritos obsessores é lento e requer muita paciência, compreensão, perseverança e acima de tudo amor, porém, quando isso acontecer, tenhamos a certeza que aquele irmão seguirá o seu caminho e deixará livre aquele que um dia foi sua vítima(antes algoz).
A única maneira de nos libertarmos das investidas desses irmãos sofridos, será sempre pelo esclarecimento que ele recebe, juntamente com sua mudança de atitude para o bem, e, de forma conjunta, pela reforma moral do perseguido.
É sempre bom lembrar que o despertar de um Espírito obsessor é diretamente proporcional a reforma moral do paciente.
As reuniões de desobsessão têm, com muito louvor, contribuído para a redenção de muitos irmãos, encarnados e desencarnados, que, de outra maneira, levariam muito tempo para se reconciliarem e encontrarem a paz.
Toda casa espírita deve manter em suas atividades esse tipo de trabalho, desde que já possua pessoal habilitado para tal mister, pois, agindo assim, facilitarão o trabalho da esfera espiritual superior, que dele se utilizará para o auxílio a tantos sofredores.
O leitor iniciante no Espiritismo deve ter em mente que, tanto esse tipo de trabalho, como qualquer outro realizado nas casas espíritas, são totalmente gratuitos, e não se dever ofertar absolutamente nada por eles.
É importante também que o leitor saiba que todo trabalho realizado com os irmãos desencarnados, é revestido sempre de muito carinho; de sentimento fraterno; de paciência e compreensão, e, além de tudo, é feito com total imparcialidade, ou seja, tanto o encarnado que está se tratando, quanto o desencarnado(obsessor), são recebidos ali com todo amor e respeito que todo filho de Deus faz por merecer. Jamais o obsessor é visto como um inimigo ou coisa que o valha. O sentimento de fraternidade é tarefa de todos nós. Nunca esqueçamos do "amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei".
*s
VOCÊ ESTÁ LENDO
Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume III
Non-FictionTodos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da...