De todos os meios de encontrarmos a cura para os nossos males, o trabalho em benefício do nosso próximo, é um dos que fazem parte do conjunto de metas de maior importância para a obtenção desse objetivo.
Ao longo de toda história humana, pudemos observar que sempre existiram pessoas que se destacaram no serviço ao próximo. Todas elas vivenciaram à prática da caridade, muitas vezes sacrificando mesmo a própria existência física para auxiliar seus irmãos. Esses são Espíritos abnegados, emissários Divinos, que, por já terem alcançado a compreensão do que é ser filho de Deus, marcham intrépidos, em direção ao serviço no campo do bem. Todos eles deixaram um legado digno de ser admirado e de ser seguido por todos nós.
A caridade está, como nos ensinam os Espíritos superiores, ao alcance de todos. Todos nós podemos dar algo a alguém, sem que haja interesses particulares ou que se espere um retorno. E por estar ao alcance de todos, não existirá, jamais, alguém que possa afirmar que nunca teve a chance de servir a seu próximo.
O Espírito Joanna de Ângelis conceitua assim a caridade:
"Virtude por excelência, constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as construções elevadas do espírito encontram firmeza para desdobrarem atividades enobrecidas em prol de todas as criaturas.
Vulgarmente confundida com a esmola – essa dádiva humilhante do que sobeja e representa inutilidade – a caridade excede, sobre qualquer aspecto considerada, as doações externas com que supõe em tal atividade encerrá-la.
Sem dúvida, valioso é todo o gesto de generosidade, quando consubstanciado em dádiva oportuna ao que padece tal ou qual aflição, lenindo nele as exulcerações físicas ou renovando-lhe o ânimo, com que o fortalece para as atividades redentoras. Entretanto, a caridade que se restringe às oferendas transitórias, não poucas vezes pode ser confundida com filantropia, esse ato de amor fraterno e humano que identifica certos homens ao destinarem altas somas que se aplicam em obras de incontestável valor, financiando múltiplos setores da ciência, da arte, da higiene, do humanismo...
A caridade para ser praticada nada exige, e, no entanto, tudo oferece. Pode ser caridoso o homem que nada detém e é capaz de amar até o sacrifício da própria vida. Enquanto que o filantropo se exalça, mediante o excedente de que salutarmente se utiliza, na preservação do bem, na edificação da beleza, na manutenção da saúde.
Para a legítima caridade é imprescindível à fé, sem o que não lobriga a transcendente finalidade. Sem embargo, para a aplicação filantrópica basta um arroubo momentâneo, uma motivação estimulante, uma explosão idealista. A caridade é, sobretudo cristã e esteve sempre presente em toda a vida de Jesus, seu insuperável divulgador e expoente, porque repassava todas as suas doações com inefável amor, mesmo quando visitado pelo impositivo da energia.
A filantropia, não obstante o valioso tributo de que se reveste, independe da fé, não se caracteriza pelo sentimento cristão, é irreligiosa, brotando em qualquer indivíduo, mesmo entre déspotas ou estroinas, vaidosos ou usurpadores, o que significa já avançado passo de elevação moral.
Enquanto uma é humilde e se apaga, ocultando as mãos do socorro e reconhecendo não haver feito tudo quanto deveria, a outra pode medrar arbitrariamente, recebendo o prêmio da gratidão e o aplauso popular, engalanada na recompensa da referência bajulatória ou imortalizada na estatuária e nos monumentos, igualmente transitórios...
Inegavelmente, é melhor para o homem promover, fazer, estimular o bem e desenvolver a felicidade geral, do que, disfarçando-se para fugir do dever de ajudar, através de falsos escrúpulos nada produzir, coisa alguma realizar.
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Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume III
Non-FictionTodos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da...