15. O PAPEL DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO ESPIRITUAL

47 2 0
                                    


A família é, sem sombra de dúvidas, o alicerce sólido, quando bem estruturada, que nos garante todo o equilíbrio necessário para o nosso progresso material, moral e espiritual.

Todos nós somos seres criados para uma vida em família; para vivermos em conjunto, independente de tudo aquilo que se diz por aí acerca das questões familiares. O homem é um ser gregário cujo progresso depende, fundamentalmente, das experiências compartilhadas com outros companheiros de jornada.

Para nós que somos Espíritas, através do conhecimento que essa doutrina nos proporciona sobre os compromissos existentes entre os Espíritos reencarnados em determinado grupo familiar, só nos resta a certeza plena de que Deus criou todos nós para cumprirmos o nosso objetivo maior, que é o da evolução constante, na companhia de outros irmãos, eternos companheiros de jornadas. Afinal de contas, todos fazemos parte de uma única família. A família universal.

No livro: Pensamento e Vida, o Espírito Emmanuel nos traz as seguintes informações sobre o papel da família:

A família consanguínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro essencial de nossos reflexos. Reflexos agradáveis ou desagradáveis que o pretérito nos devolve. Certo, não incluímos aqui os Espíritos pioneiros da evolução que, trazidos ao ambiente comum, superam-no, de imediato, criando o clima mental que lhes é peculiar, atendendo à renovação de que se fazem intérpretes.

Comentamos a nossa posição no campo vulgar da luta.

Cada criatura está provisoriamente ajustada ao raio de ação que é capaz de desenvolver ou, mais claramente, cada um de nós apenas, pouco a pouco, ultrapassará o horizonte a que já estenda os reflexos que lhe digam respeito.

O homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se longo tempo no plano racial em que assimila as experiências de que carece, até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações.

É assim que na esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.

A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações.

Um grande artista ou um herói preeminente podem nascer em esfera estranha aos sentimentos nos quais se avultam. É a manifestação do gênio pacientemente elaborado no bojo dos milênios, impondo os reflexos da sua individualidade em gigantesco trabalho criativo.

Todavia, na senda habitual, o templo doméstico reúne aqueles que se retratam uns nos outros.

Uma família de músicos terá mais facilidade para recolher companheiros da arte divina em sua descendência, porque, muita vez, os Espíritos que assumem a posição de filhos na reencarnação, junto deles, são os mesmos amigos que lhes incentivavam a formação musical, desde o reino do Espírito, refletindo-se reciprocamente na continuidade de da ação em que se empenham através de séculos numerosos.

É ainda assim que escultores e poetas, políticos e médicos, comerciantes e agricultores quase sempre se dão as mãos, no culto dos melhores valores afetivos, continuando-se, mutuamente, nos genes familiares, preservando para si mesmos, mediante o trabalho em comum e segundo a lei do renascimento, o patrimônio evolutivo em que se exprimem no espaço e no tempo. Também é aí, de conformidade com o mesmo principio de sintonia, que vemos dipsõmanos e cleptomaníacos, tanto quanto delinquentes e enfermos de ordem moral, nascendo daqueles que lhes comungam espiritualmente as deficiências e as provas, porquanto muitas inteligências transviadas se ajustam ao campo genético daqueles que lhes atraem a companhia, por força dos sentimentos menos dignos ou das ações deploráveis com que se oneram perante a Lei.

Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora