24. A PRECE

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A prece, ou oração (que é diferente de Rezar), é o ato em que nós, criaturas de Deus que sabemos ser, entramos em comunhão com Ele, através de um diálogo sincero, sem a necessidade de nenhuma fórmula cabalística ou de qualquer artifício mirabolante.

A prece na verdade é uma conversa sincera com o nosso Pai.

Ela deve ser praticada sempre com unção, sem a necessidade de técnicas, misticismos, folclores ou rituais. Pode e deve ser praticada a qualquer momento, principalmente nos momentos mais difíceis de nossas vidas, ou, quando estivermos a atravessar situações delicadas, de dores etc.

Segundo os Espíritos nos informam, a prece deve ser constituída de três partes: Louvar, Pedir e Agradecer. Porém, o mais importante é que ela seja feita com sentimento no coração, sinceridade, e, acima de tudo, que não seja feita com o propósito de atingir coisas fúteis.

Pode-se orar por nós mesmos; pelos familiares; pelos amigos; pelos inimigos; pelos enfermos em geral; pelos necessitados de toda ordem; pelos acidentados; pelos injustiçados; pelos famintos; pelos presidiários; pelos delinquentes; pelos malfeitores; pela paz mundial; pela humanidade; por nossos obsessores; enfim, a oração é sempre válida em qualquer situação.

É de bom alvitre que a prece seja realizada, desde que se possa, utilizando-se de locais reservados, de preferência quando estivermos sozinhos, com a certeza de que não existe burocracia nenhuma para se conversar com Deus.

A prece, como já dissemos anteriormente, é um diálogo com Deus, e que pode ser feita, também, utilizando-se dos bons Espíritos para essa conversa franca e sincera; ou do mestre Jesus; ou de nossa mãe Maria de Nazaré; ou do nosso guia espiritual; ou de qualquer espírito que se deseje. Não importa para quem seja. Ela será ouvida por Deus.

Como a prece é também um pensamento e uma ação que estamos a executar, ela se encaixa perfeitamente nas leis de sintonia que regem o nosso mundo, e traz consequências nos campos vibratórios dos Espíritos. Isso quer dizer que, como já sabemos que todo pensamento é matéria; matéria mental ou magnetismo produzido pela mente do indivíduo, esteja ele encarnado ou não, consequentemente ele estará enquadrado nas leis que regem o campo material. E todos nós sabemos que quanto mais material for o pensamento, os de ordem inferior por exemplo, mais sujeito a essas leis eles estarão.

Os pensamentos mais grosseiros, provenientes de nossas inferioridades, situam-se mais próximos da nossa esfera física, de onde se tornam mais acessíveis para grande parte dos Espíritos que ainda transitam nas paixões inferiorizadas, em virtude do padrão vibratório destes ainda se encontrar muito baixo.

Quando passamos a ter ou nutrir um pensamento de ordem mais elevada, e a prece é um deles, esse pensamento, por ser de um padrão vibratório mais alto, será elevado e entrará no campo dos bons pensamentos, das boas vibrações espirituais, sendo com isso, percebido pelos Espíritos bons que transitam nessas faixas de amor e de luz.

Durante o tratamento espiritual, principalmente nesse período, a prece não deve ser negligenciada em hipótese alguma, fazendo parte dos nossos hábitos diários, para que passemos a cultivar o hábito salutar de estar em contato com Deus, através da sintonia e do padrão vibratório elevado, pelo exercício das boas ações e de bons pensamentos. É de bom alvitre manter sempre o hábito de estar em sintonia com os Espíritos superiores.

Deveremos orar, principalmente pela manhã, quando acordamos, agradecendo a Deus por mais um dia no plano físico, acima de tudo; por mais um dia de experiências que se inicia; e pedir forças a Ele para que sejamos amparados pelos Espíritos protetores durante todo o dia. Devemos também pedir que tenhamos forças para nos empenhar em não ocasionarmos, em hipótese alguma, o mal ao nosso próximo, e, acima de tudo, que possamos praticar e viver o bem.

À noite, quando formos dormir, deveremos orar novamente, pedindo a Deus que nos conceda uma boa noite; pedindo a proteção do nosso anjo protetor e dos bons Espíritos; pedindo que Deus ilumine os irmãos enfermos que nos perseguem, e que eles possam encontrar a paz.

Devemos pedir também por todos aqueles que se encontram em jornada conosco, principalmente aqueles que nos trazem uma maior necessidade de vigilância para lidar com eles.

É importante também pedirmos por aqueles a quem, porventura, nutrirmos algum sentimento de rancor.

Devemos lembrar, sempre, que esses Espíritos que nos acompanham com o intuito de nos prejudicar necessitam da nossa ajuda, através da nossa mudança para o bem, das nossas preces e de nosso amor, mesmo que eles jamais admitam isso, já que fomos nós que os colocamos, direta ou indiretamente, nesse estado em que se encontram.

Saibamos que, aquele perseguidor de hoje, com toda a certeza, já foi alguém muito próximo de nós, e, graças a nossa invigilância, nós o prejudicamos.

Jamais deveremos pedir em nossas preces, para que sejam afastados de nós esses Espíritos que nos perseguem, muito pelo contrário, devemos sim pedir a Deus que nos dê a chance de nos reconciliarmos com eles, pois só assim, estaremos em paz com os mesmos e conosco também.

Na questão 660 de O Livro dos Espíritos, os benfeitores espirituais informaram que: "a prece torna o homem melhor porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhes envia bons Espíritos para o assistir".

No entanto, é sempre bom esclarecer que a prece não pode mudar a natureza das provas pelas quais todos nós temos que passar. Ela apenas irá fortalecer-nos para que possamos suportar essas provas.

Não basta apenas, pela prece, pedir perdão a Deus pelas faltas cometidas. Isso não irá resolver o nosso problema. Juntamente com a prece sincera, o Cristão deve se empenhar para a prática do bem. Só assim nos libertaremos de nossa inferioridade, e, conseguintemente, de todo mal que já praticamos.

Outro ponto de muita importância para o leitor é que, ao efetuarmos uma prece, pedindo alguma coisa para nós mesmos ou para outrem, a providência Divina poderá nos atender, mas, nem sempre da forma como esperamos. Deus sempre nos atende conforme aquilo que Ele julga ser o melhor para nós. o que ocorre é que, normalmente, aquilo que desejamos nem sempre é o que vai nos ajudar.

A prece deve ser curta e feita em segredo, no recôndito da consciência e em profunda meditação. Preces prolongadas ou repetidas, tornam-se cansativas, sonolentas e, muitas vezes, delas não participam o pensamento e o coração.

Algumas pessoas, desinformadas, contestam a eficácia da prece, achando que, se Deus conhece todas as necessidades humanas, não há a necessidade de se orar. No entanto, não é bem assim que as coisas funcionam. Quando oramos a Deus, com fervor, recebemos Dele a coragem, a paciência, e a resignação necessária para podermos enfrentar as dificuldades e os dissabores que estamos atravessando. Nesses casos, os Espíritos benfeitores encontram em nós, pelo grau de receptividade que acentuamos através da oração, as oportunidades de nos inspirarem naquilo que for preciso para nos auxiliar. Pensemos, para ilustrar, numa pessoa que está se afogando por não saber nadar. Alguém escuta as súplicas e estende o braço para resgatar essa pessoa de dentro da água, porém, para que ela seja salva, é necessário que também estenda seu braço para o seu salvador. Só assim ela poderá sair do afogamento. Guardando as devidas proporções, é mais ou menos assim que a prece funciona.

Jesus foi muito claro quando nos disse: "ajuda-te e o céu te ajudará".

A prece é uma ferramenta de muitíssima valia para todos nós, e feliz daquele que já conseguiu apreender o poder que ela possui para curar os nossos males, sejam eles quais forem, pois, parafraseando ainda Jesus, "Buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; orai e vigiai para não cairdes em tentação;".

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Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora