Fuga

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– Sabe? Eu cheguei primeiro e acho completamente injusto o primeiro a provar do teu corpo ser Vegas – comenta Kim.

Porchay tinha as mãos em sinal de rendição, apenas chorava sem parar olhando assustado para o homem que mantinha a arma apontada para a sua cabeça.

– Eu me arrependo de ter ido àquele evento – sussurra Porchay.

– Ssshhhh calado! Abre a boca! – fala Kim com tranquilidade, mantendo a arma encostada na testa de Chay, enquanto o menor obedecia – Sabe, eu realmente ia te perdoar por ter dado bola para o inútil se Vegas, mas como você continua sendo um cabeça dura, acho melhor te punir mesmo.

O homem mais velho se levanta de cima de Porchay e se afasta devagar, a arma ainda levantada em direção ao mais novo.

– Tire a roupa! – ordena Kim – Vamos, ou prefere fazer tudo isso enquanto sangra? Porque se eu te der um tiro, a tua punição não vai acabar mais rápido.

Com as mãos trêmulas, Porchay segura a barra da própria camisa, enquanto está levantando, encarando os olhos de Kim que mantém uma expressão ansiosa, os dois escutam tiros do lado de fora. Gritos e tiros dos homens do lado de fora, Kim sorri de forma macabra.

– Entra no armário ali embaixo, se esconde e não faça barulho – manda Kim.

O garoto obedece sem problemas, escuta os tiros e os passos de pessoas se aproximando, vários tiros tiros são trocados, gritos são ouvidos, Kim entra em uma briga corporal com os guardas da segunda família que invadiram o local.

– O chefe de vocês não veio pessoalmente buscar o namorado? Que estranho – Porchay escuta a voz de Kim. Essa frase parece querer atingir mais a Chay do que os guardas, os passos se afastam.

Alguns minutos dos sons de tiros abafados, Porchay abre um pouco a porta do armário onde está e fecha novamente quando vê uma sombra se aproximar pela entrada do local e escuta os passos. Ficou em silêncio, tenso no lugar, queria muito chorar, essa merda nunca ia acabar?

– Porchay? – o coração de Porchay acelera ao ouvir aquela voz, nem fazia tanto tempo que estavam sem se ver, mas parecia uma eternidade para ele.

Lembrando da promessa que fez para o irmão, ele decide abrir a porta do armário onde está escondido, vê Vegas em pé, machucado segurando uma arma abaixada demonstrando que não é uma ameaça para o mais novo. Se levanta e corre em direção ao homem que conquistou o seu coração em tão pouco tempo, mesmo machucado e sangrando Vegas o recebe em seus braços.

– Oi, meu amor, me desculpa pela demora, você está bem? – Vegas parece tão tranquilo com a situação que é estranho que ignorem os tiros a briga do lado de fora.

– Sim – assente Porchay enquanto lágrimas descem pelo seu rosto.

– Então vamos – os dois saem juntos do bar, já dentro do carro vêem como Kim sai do bar, Porchay com ódio por toda aquela situação pega a arma que Vegas abandonou e dá um tiro no ombro de Kim, justamente o braço que segura a arma.

– Tu realmente tá bem? Ele te fez alguma coisa? – questiona Vegas, estranhando o comportamento violento do mais novo.

– Isso não importa, agora eu preciso de explicações, o que está acontecendo? – pergunta Porchay.

– Estamos fugindo – suspira Vegas.

– Fugindo? Pra onde? Sozinhos? Porsche? Macau? – Chay olha para a janela, se sente ansioso por ver a cidade passando tão rápido.

– Estamos abandonando a vida na máfia, vamos sair do país com novas identidades sendo novas pessoas e recomeçar nossas vidas, abandonei o meu pai e estamos levando dinheiro o suficiente para eu encontrar um novo trabalho, estamos indo agora encontrar o Macau e Porsche concordou com tudo, mas ficará com o Kinn – explica Vegas – Ele te ama demais, confiou nas tuas escolhas para que deixasse eu cuidar de você.

...

Depois de um conflito armado, as consequências são pilhas de corpos, Kinn e Porsche como líderes da máfia decidiram realizar o velório de todos, todos os seus homens sendo da primeira ou da segunda família, cremados. Todos os homens restantes encaravam os jarros de cinzas, Kinn e Porsche como líderes da primeira e da segunda família respectivamente, mantinham a postura. Tankhun estava ajoelhado no chão chorando, Kim deixava lágrimas descerem por seu rosto enquanto mantinha o maxilar tenso tentando conter o choro.

Havia quatro jarros centrais, dos que eram a família, estava Kan, Macau, Vegas e Porchay, eram os jarros que separavam os jarros da primeira e da segunda família. Todos choram em algum momento, Macau e Porchay eram os mais inocentes naquilo tudo, tinham a mesma idade e acabaram morrendo em uma fuga. Kinn aperta e acaricia a mão de Porsche, o peso no coração dos dois é grande, Porsche levanta a cabeça, olha para o céu, suspira com pesar e volta a olhar para a foto e nome do irmão em frente ao jarro.

– Me desculpa, maninho, eu não pude te proteger de tudo como eu queria, deveria ter me esforçado mais, você merecia coisas melhores na sua vida – diz Porsche.

– Filho da puta do Vegas, nem pra dirigir direito na porra de uma fuga – Tankhun reclama – Matou o meu pequeno neném, não merece flores nenhuma.

Tankhun puxa as flores que estavam em frente ao jarro de Vegas, com a foto e nome do homem. O carro onde Vegas, Porchay e Macau haviam fugido foi encontrado destroçado no meio da estrada fora da cidade. Era terrível passar pela dor da perda de tantos, mas a perda deles era pior, a segunda família ficou sem herdeiros, dois garotos inocentes no início de suas vidas adultas e um sonho de viver longe da máfia, longe da dor e violência. Os guardas que conviveram com os dois olhavam com pesar, até mesmo o grande Korn, que atirou no próprio irmão parecia abatido ao observar as fotos dos seus sobrinhos.

– Eu sinto muito, Porsche, por toda a merda que eu fiz Porchay passar, eu sinto muito por não ter aceitado o fim e por não o deixar ser feliz com Vegas – declara Kim, não esperando o perdão do mais velho.

– Tudo bem – suspira Porsche – Com certeza te odiar não vai trazer o meu irmão de volta, não vai apagar o que aconteceu e eu terei que conviver contigo eu querendo ou não, só tornaremos a nossa convivência tranquila, por favor.

– Feito.

Fim?

Sequestro e Obsessão (VegasChay)Onde histórias criam vida. Descubra agora