Capítulo 16: Slender Doll

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Laura vagava sem rumo pela floresta, tudo a sua volta estava morto, fazendo a floresta tomar um ar sombrio e uma coloração acizentada, além do ar estar estranhamente pesado, deixando o corpo de Laura completamente tenso. Ela não conseguia evitar que o medo corresse por suas veias, aquele lugar lhe causava terríveis arrepios, era assustador.

-- Olá? -- ela chamou, mas ninguém respondeu.

Ela sentia seus pés doerem de tanto andar, apenas de não parecer que ela andou tanto, mas ela não dava atenção para isso. A sensação de estar sendo observada lhe acertava como um tapa na cara, fazendo-a lembrar-se de quando Jeff a atacou, causando-lhe mais medos ainda, mas Laura preferiu tentar manter, nem que só um pouco, a calma. Ela continuou com sua caminhada até finalmente avistar algo, mas não sabia dizer se era uma coisa boa ou ruim, pois ela também não sabia o que era exatamente: uma grande cabana de madeira estava a sua frente, todas as janelas eram tampadas por barricadas, assim como na mansão, além da porta que era mantida fechada com correntes.

Um arrepio involuntário passou pelo corpo de Laura enquanto ela encarava a "casa" a sua frente, o lugar lhe trazia uma sensação ruim, mas ela não sabia explicar o porquê. Um grito de susto escapou de seus lábios quando algo bateu com força contra a porta, causando o barulho das correntes se chocando contra a madeira, mas isso não foi capaz de impedir as batidas repetitivas contra a porta. Parecia que algo estava preso lá dentro, lutando para se libertar, mas ao mesmo tempo trazia uma terrível sensação de perigo e morte. As batidas continuaram até as correntes não aguentarem mais e arrebentarem, finalmente permitindo que a porta ficasse aberta, fazendo Laura recuar dois passos com medo do que podia sair de lá, mas ficou confusa quando não viu nada passar pela porta nos minutos seguintes.

O quê está acontecendo?

O mais puro pavor tomou o controle do corpo de Laura quando sentiu uma respiração em seu ombro, a sensação de algo se enrolando em seu corpo a fez arrepiar-se. Ela estava completamente aterrorizada. Mas, como se algo estivesse controlando seu corpo, lentamente Laura virou seu rosto na direção do ser misterioso com a intenção de encará-lo, mas quando estava quase finalizando tal movimento, mandíbulas se fecharam em seu rosto causando-lhe uma terrível dor e tirando um alto grito de seus lábios.

***

Acordei ofegante e suada, rapidamente me sentando na cama e demorando alguns segundos para processar o que está acontecendo, então olhei em volta com medo, mas logo me acalmei ao identificar o meu quarto. Aos poucos voltei a processar todos os acontecimentos de ontem até hoje, eu havia voltado para casa para continuar meus estudos, eu queria ter pelo menos uma atividade normal na minha vida e a escola era a melhor opção, então implorei para Slender me deixar em casa. Me lembro dele ter ficado aqui comigo até eu dormi, como sempre custuma fazer, mas dessa vez havia sido um pouco diferente, pois nós não trocamos nenhuma única palavra, nem mesmo havíamos desejado um simples "boa noite" um para o outro.

Quando foi que isso chegou a esse nível?

-- Laura? -- minha mãe chamou enquanto batia na porta. -- Você está bem? Eu ouvi um grito.

-- Eu estou bem, não se preocupe! -- a respondi enquanto me levantava. -- Apenas tive um pesadelo.

-- Está bem. -- ela suspirou. -- Venha tomar café.

-- Já estou indo!

Fui no banheiro do meu quarto, escovi os dentes e fiz minhas higienes, descendo para a cozinha logo em seguida onde um prato com um sanduíche já me esperava, então apenas puxei uma cadeira me sentando na mesma e comecei a comer. Minha mãe já estava vestida e provavelmente estava atrasada, pois quase deixou alguma coisa queimar no fogão, tirando-me uma risada. Acho que esse foi um dos poucos momentos mais normais da minha vida, queria poder viver isso mais vezes e com mais frequência, mas é melhor eu não ser muito exigente, senão posso perder o pouco que ainda tenho.

-- Bem, eu estou indo, querida. -- ela veio até mim e me deu um beijo na testa, praticamente correndo em direção a porta logo depois. -- Tranque a casa quando for para a escola! E quando chegar e eu ainda não estiver aqui, não abra a porta para ninguém!

-- Pode deixar, mãe!

Como se isso fizesse muita diferença, pensei enquanto lembranças do ataque de Jeff vinha em minha mente, manter a casa trancada não impediu ele de entrar aqui.

Dispensei esses pensamentos e comi meu café da manhã aproveitando o silêncio, mesmo que eu não goste muito de ficar sozinha, mas não vou reclamar. Quando terminei lavei o prato e subi em direção do meu quarto para me vestir, não queria chegar atrasada na escola, mas enquanto pegava meu uniforme um barulho estranho me chamou atenção; parecia uma nuvem de moscas e vinha do meu banheiro. Não sei se ando muito corajosa ou apenas não tenho medo de morrer, mas me aproximei em passos longos até a porta do banheiro, abrindo a mesma sem hesitar, mas não vi nada demais além de algumas moscas voando perto do chuveiro, então tirei a cortina transparente e me assustei levemente com o que vi: era um gato morto, tinha um longo corte na barriga e suas entranhas estavam saindo para fora, o sangue era fresco e ainda se espalhava lentamente pelo piso branco, seus pêlos dourados estavam bagunçados e seus olhos estavam completamente brancos.

O nojo foi maior que o meu medo, o pequeno corpo exalava um terrível fedor de podre, rapidamente saí do banheiro e fechei a porta atrás de mim. Por alguns minutos achei que ia vomitar, mas pelo menos tive a minha resposta; eu ando mais corajosa/doida que o normal. Ignorei completamente o cadáver em meu banheiro e me vesti, peguei minha bolsa e saí depois de trancar a casa, peguei meus fones e os coloquei, tocava uma música qualquer enquanto eu caminhava em direção da escola, mesmo sendo totalmente contra tudo que me disseram enquanto eu estava em treinamento, peguei o caminho perto da floresta para evitar as pessoas, poucas usam esse caminho por causa dos desaparecimentos e assassinatos, mas eu literalmente já morei com os assassinos, então não me sinto desconfortável. Se o Slender estivesse aqui ele provavelmente estaria me dando um sermão, dizendo que eu sou irresponsável por estar andando sozinha em um lugar perigoso, e de fato é perigoso, pois ele mesmo já confessou que escolhe algumas vítimas que tem coragem ou burrice o suficiente para andar nesse caminho, assim como outros Creepy também fazem isso.

Quando já conseguia ver o teto da quadra da escola, um arrepio involuntário percorreu pelo meu corpo, fazendo-me parar de andar e olhar em volta, eu conhecia essa sensação: alguém estava de olho em mim. Era só o que me faltava. Aparentemente todo mundo é bonzinho quando o Slender tá por perto, mas é só ele dar as costas que alguém vem atrás de mim, isso chega parecer um filme de terror ou algo do tipo. Tirei meus fones e voltei a caminhar, agora estava atenta a qualquer coisa que acontece-se perto de mim, mas se um deles realmente estiver me seguindo duvido que eu consiga fazer alguma coisa. Meu corpo paralisou quando senti uma respiração em meu pescoço, meus músculos automaticamente ficaram tensos, era uma respiração pesada e profunda, olhei para a sombra e era um ser maior que eu, mas ainda possuía a altura de uma pessoa adulta normal. Assim que reuni coragem o suficiente, me virei para trás com tudo, mas a figura havia sumido e um ponto de interrogação ficou no meu rosto.

Para onde foi?

-- Será que foi imaginação minha? -- murmurei enquanto olhava para a rua atrás de mim, dando de ombros. -- Tanto faz.

Mas a verdade foi esfregada na minha cara quando me virei para frente e dei de cara com a figura que estava procurando: ela parecia uma boneca de filme de terror, sua boca era aberta em um largo sorriso e ao mesmo tempo custurada com pele, tinha longos cabelos brancos e pele pálida, seus olhos eram negros com pontinhos brancos e vestia uma roupa que lembrava a de uma empregada. Acabei dando um pequeno pulo de susto, não estava esperando essa revelação tão direta, mas logo suspirei fundo e me acalmei aos poucos, ela pareceu surpresa com minha ação.

-- Então você é a famosa Laura! -- ela começou. -- Slender falou bastante de você! Bem, permita-me me apresentar adequadamente.

Ela se afastou dois passos para trás, segurou a borda de seu vestido com ambas as mãos e fez uma pequena reverência, jamais tirando seus olhos de mim.

-- Eu sou Slender Doll, muito prazer.

Meu Melhor Amigo (Slenderman)Onde histórias criam vida. Descubra agora