Capítulo 22: Mãe e Filha

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-- Você tem pais?

Laura estava na floresta, de frente para a mansão, acompanhada de Sally, Lazari e Lulú, que invadiram o quarto uma hora depois de Laura e Sally dormirem, usando a justificativa de que estavam entediadas e queriam brincar com as duas; Lulú causava arrepios em Laura enquanto Lazari a fazia se lembrar de si mesmo antes de tudo, causando sentimentos bons e ruins na garota, mas Slender ainda estava por perto e evitava que Laura pensa-se muito nos lados negativos de sua vida.

-- É claro que ela tem pais, Lazari. -- Lulú disse, fazendo tranças nos cabelos da mais nova.

-- Nunca conheci meu pai e a minha mãe.. bem, ela é um pouco ocupada demais, mas sempre esteve lá quando precisei e é isso que importa. -- Laura respondeu, um pouco desconfortável com a pergunta.

-- Também nunca conheci meu pai e, a última vez que vi minha mãe, ela estava pendurada numa árvore por uma corda no pescoço. -- a calmaria daquelas palavras assustava Laura. -- Ela não me respondia. Foi nesse dia que eu conheci o tio Slender! Ele me trouxe para cá e eu conheci a Lulú!

Quantos anos ela tem?, Laura se questionou, assustada com o tom calmo e inocente que Lazari usava para contar, brevemente, sua história. Seus pensamentos foram interrompidos por Sally, que colocou uma flor amarela em sua orelha, ajeitando de forma desengonçada seus fios negros, rindo um pouco com o resultado.

-- Você parece uma boneca as vezes, Lau! -- a ruiva comentou, sentando-se ao lado da mesma.

Isso seria um elogio ou uma observação?, a morena se perguntou.

O momento de amizade foi interrompido pela entidade de terno, que surgiu de forma repentina no meio delas, agaichado na frente de sua protegida.

-- Sua mãe está indo para casa. -- ele informou. -- Você me disse que queria falar com ela quando a mesma deixasse o serviço, então vamos. Vou te fazer companhia enquanto sua mãe não chegar.

-- A Lau precisa mesmo ir, tio Slender? -- Sally perguntou, não queria que a mais velha fosse embora.

-- Não se preocupe, Sally. Eu vou voltar. -- Laura garantiu, abraçando a ruiva para confortá-la.

-- Promete?

-- Prometo.

-- Que tal a gente brincar de pega-pega? -- Lulú perguntou de repente, conseguindo a atenção das mais novas.

-- Vamos! -- Lazari e Sally gritaram ao mesmo tempo, apesar da ruiva ainda estar um pouco desanimada.

Foram as últimas palavras que Laura ouviu antes de surgir na sala de sua casa, o silêncio do local era assustador, fazendo a garota desejar a companhia das crianças Creepypastas de volta, mas a vontade de ver sua mãe e chorar nos braços da mesma era maior.

-- Você realmente não quer que eu vá atrás dele?

-- Não acredito que ele viria aqui, então, por enquanto, não quero que se incomode com os meus problemas. Você já fez mais que o suficiente por mim, Slender.

-- Ajudar você nunca será um incômodo, Laura. -- ele iria bagunçar o cabelo dela, mas mudou para um calmo carinho. -- Só para te avisar, acho que consegui lidar temporariamente com o Offenderman, então não acho que ele volte a te incomodar tão cedo, mas se alguma coisa estranha acontecer, me conte imediatamente. Está bem?

-- Está bem. -- aproveitando que a entidade estava agaichada, ela o abraçou, deixando mais algumas lágrimas escorrerem por seu rosto. -- Obrigada por tudo, Slender. Para mim, você sempre será o meu guardião e a minha luz.

O ser de terno demorou alguns segundos para reagir, retribuindo o abraço, forçando-se a não ler os pensamentos da menor por pedido da mesma, mas logo se afastou quando sentiu a presença da mãe de Laura se aproximando, bem na entrada da casa, então fez um último carinho nos cabelos de Laura antes de desaparecer em um piscar de olhos, permanecendo por perto no caso de algo acontecer, mas acreditava que precisava dar um pouco de privacidade para a garota e sua mãe. Ao ouvir a porta ser aberta, Laura sentiu-se estranhamente nervosa e tensa, seu coração estava batendo tão forte que achou que o mesmo pularia para fora, além de sua vontade de chorar ter voltado, se lembrando do motivo de querer tanto o carinho e amor de sua mãe, ela era seu principal porto seguro, apesar de terem se distanciado nos últimos meses, desde que se mudaram para essa cidade assombrada pelas Creepypastas. Thereza ouviu um soluço alto, imaginando ser sua filha, e a preocupação inundou sua mente, perguntando-se o que poderia ter acontecido, então não pensou duas vezes para ir na direção do som, encontrando Laura sentada no sofá, completamente encolhida, como se alguém estivesse ameaçando ela, isso aflingiu mais ainda a mais velha que se aproximou rapidamente da filha.

-- O que aconteceu, minha filha? -- ela perguntou, deixando óbvio sua preocupação. -- Por quê você tá chorando?

-- Ele tá aqui, mãe. -- Laura sussurrou, perdendo força em sua voz a cada palavra dita. -- Ele tá aqui.

-- Ele? -- Thereza repetiu, confusa, mas ao perceber o desespero de Laura não demorou muito para entender, ficando mais ainda preocupada. -- Você viu ele? Onde? Quando?

-- Quando eu tava voltando da escola com.. com um amigo. -- a mais nova pensou brevemente em sua crise de pânico. -- Eu tô com medo, mãe!

-- Ah, minha querida. -- ela pegou a filha nos braços, deixando-a chorar em seus ombros enquanto fazia carinho em suas costas. -- Vai ficar tudo bem, Laura. Ele não vai mais tocar em você. Nunca mais.

-- A senhora não pode me garantir isso!

-- Eu posso e vou! Você é minha filha, Laura, e é meu dever te proteger de qualquer coisa. -- ela respondeu determinada e firme. -- Ele nunca mais vai te machucar.

Tudo que podia ser ouvido na sala era o choro baixo de Laura, que pensava profundamente nas palavras de sua mãe enquanto também pensava no que iria acontecer daqui para frente, temendo que sua mãe fizesse alguma loucura para garantir suas palavras, tornando o temor que havia revelado para Slender se tornar realidade, e sem a interferência da entidade, mas logo balançou levemente a cabeça querendo dispensar esses pensamentos. A última coisa que queria era perder sua mãe ou vê-la se machucar para protegê-la.

-- Você ficou o dia todo em casa esperando eu voltar? -- Thereza perguntou, realmente ansiosa e preocupada com a resposta, principalmente depois de ter sentido o corpo da filha ficar tenso por alguns momentos.

-- Sim. -- a mais nova sussurrou, cansada. -- Foi... foi agoniante esperar a mãe voltar.

-- Eu sinto muito, Laura. -- então uma ideia passou pela cabeça da matriarca. -- Quer saber? Talvez eu consiga alguns dias de folga, para passarmos mais tempo juntas, mas se eu não conseguir, posso apenas pedir as contas e ir trabalhar em um lugar que exija menos do meu tempo.

-- Não precisa abandonar o seu emprego por minha causa. -- Laura falou, afastando-se da mãe para encará-la nos olhos, estava surpresa com a revelação, apesar de também ter gostado. -- Você sempre gostou da ideia de ser médica...

-- Eu sei, mas você é mais importante. Afinal, é a minha filha, e sobre aquele.... aquele filho da p**a!

Laura ficou surpresa com o palavrão, não era custume da sua mãe xingar.

-- Eu vou na polícia mostrar o seu caso e exigir uma ordem de distanciamento, além de também saber onde ele está morando, para ter certeza de que ele está bem longe daqui.

-- Você é a melhor mãe do mundo!

-- Eu sei que sou. -- Thereza se gabou. -- E você é a melhor filha que uma mãe poderia ter!

Meu Melhor Amigo (Slenderman)Onde histórias criam vida. Descubra agora