Capítulo 25: Nojento

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-- O que você acha de sairmos hoje? -- mamãe perguntou, chamando minha atenção.

Estávamos almoçando juntas, uma coisa que ainda não tinha me acostumado muito, mas não estou reclamando; depois daquele momento triste e peculiar com Splendorman, ele me trouxe de volta para casa e sumiu, confesso que me preocupei, mas Slender disse que ele apenas estava passando um tempo em seu domínio para pensar. Espero que ele esteja bem e volte logo.

-- Sair? Tipo, um passeio?

-- Exatamente! O que você acha? Faz um tempo que não fazemos isso.

Na verdade, já faz um tempo que não fazemos coisas juntas.

-- Bem, onde vamos? -- perguntei, curiosa.

-- No shopping, no parque, onde quiser! Mas eu não acho uma boa ideia ficarmos presas nessa casa, daqui a pouco vamos começar a mofar. -- sorri com seu comentário, minha mãe não era a melhor com piadas, mas ela tenta. -- Então, você aceita?

-- Claro! Mas posso me arrumar primeiro? Eu tô sentindo as minhas roupas coladas no meu corpo...

-- Vai logo tomar um banho, caçambeira!

-- Mãe! -- reclamei, fazendo-a rir.

Deixei meu prato na pia e corri para o meu quarto, estava mesmo precisando de um banho, fechei minha janela com a cortina e peguei a toalha, mas antes de passar pela porta do banheiro, um detalhe na cômoda do lado da minha cama despertou minha atenção: era uma rosa vermelha, três de suas pétalas já haviam caído sobre a cômoda, ela parecia uma flor normal, mas algo me dizia que isso estava longe de ser verdade. Inconscientemente apertei meu colar, como se pudesse pedir ajuda através dele, mas logo ignorei e fui tomar banho, relaxando meu corpo tenso aos poucos enquanto a água morna escorria pelo meu corpo, as lembranças dos últimos acontecimentos nublando minha mente, como um filme, com Slenderman sempre sendo o destaque nelas; não faz nem um ano que ele está na minha vida e já mudou muita coisa, ele me mudou, fez a minha vida melhorar de uma forma tão drástica que mal sei como reagir, mas eu não podia simplesmente ignorar os riscos e consequências que a nossa amizade causou, como pôr um alvo na cabeça da minha mãe e na minha própria cabeça, apesar de a morte não ser o único destino que pretendem comigo, mas, em compensação a isso, conheci a Sally e os outros, mesmo estando longe de serem o melhor tipo de companhia, eles ainda fazem parte da minha vida agora e não existe nada que pode mudar isso.

Terminei o banho e me sequei, vesti um short jeans preto que chegava até meus joelhos, uma blusa sem manga azul-marinho e calcei meu chinelo mesmo; deixei meu cabelo solto depois de pentear, encarando-me por alguns segundos no espelho, o que era um pouco estranho e inquietante, demorei anos para voltar a me ver no espelho. Respirei fundo e, enquanto ia até a porta, olhei mais uma vez para a rosa, que permanecia no mesmo lugar e posição, mas era possível ver que mais uma de suas pétalas estava caindo, mostrando que a bela flor estava morrendo. Não sei porque, mas não conseguia desviar o olhar, um terrível pressentimento rodeando a minha cabeça enquanto ainda encarava a planta, algo me dizia que isso era um mal presságio, nem sequer percebi quando comecei a tremer.

-- Laura! -- a voz da minha mãe ecoou pela casa, despertando-me. -- Você está bem?

-- Já tô indo! -- respondi, dando um último olhar para a rosa. -- Acho melhor conversar com o Slender sobre isso depois.

Mamãe me esperava pacientemente parada na porta, não havia trocado de roupa, pois sempre toma banho quando acorda; estava vestindo uma peculiar blusa de gato preto, calça moletom e sapatilha bege, uma combinação um tanto estranha, mas não estou reclamando. Nossa primeira parada foi em uma sorvetaria, onde diminuimos o calor do dia, minha mãe comendo o clássico sorvete enquanto preferi ficar com o picolé; passamos um tempo no parque, brincando no balanço e observando as crianças menores brincando no parquinho, aproveitamos para conversar com algumas pessoas aleatórias que se aproximavam e ficávamos informadas; por último, mas não menos importante, fomos para o shopping da cidade, que não era muito grande, mas não deixava de ser bonito e bem feito. Não consigo me lembrar da última vez que tive um passeio desses, mas tenho certeza de que já faz muito tempo, por isso estou aproveitando cada momento.

Meu Melhor Amigo (Slenderman)Onde histórias criam vida. Descubra agora